Israel lança ataque de retaliação em larga escala contra alvos iranianos na Síria
Operação é reposta ao lançamento de 20 foguetes contra posições do exército nas Colinas de Golã
A força aérea israelense disparou mísseis contra dezenas de alvos militares iranianos na Síria na madrugada desta quinta-feira, dia 10 de maio, segundo informou um porta-voz das Forças Armadas. A maciça operação de retaliação, uma das maiores nos últimos tempos, veio em resposta ao lançamento de 20 foguetes do tipo Grad e Fajr contra posições do exército nas Colinas de Golã, o planalto sírio ocupado por Israel desde 1967. A escalada bélica entre Israel e as forças iranianas baseadas na Síria não tem precedentes desde o início da guerra civil no país árabe. Segundo o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, Israel destruiu “quase toda a infra-estrutura militar do Irã” na Síria para impedir a consolidação de uma frente inimiga em suas fronteiras. “Não estamos procurando um confronto aberto, mas nos defenderemos”, alertou.
Os alvos do ataque israelense foram os lançadores de foguetes e os radares da Força Al Quds, corpo expedicionário da Guarda Revolucionária iraniana na Síria. Aproximadamente 50 posições foram atacadas, de acordo com as informações militares divulgadas. Entre elas, centros e instalações dos serviços de inteligência iranianos e seus aliados, e bases logísticas, como a de Al Kiswah, ao sul da capital síria. Também foi atacado um quartel localizado ao norte de Damasco e depósitos de munições da força Al Quds (Jerusalém em árabe) situados no aeroporto de Damasco, assim como postos de observação na zona desmilitarizada de Quneitra, ao pé das Colinas de Golã.
As incursões israelenses mataram pelo menos 23 combatentes nas fileiras do regime de Damasco, incluindo 18 iranianos ou membros de milícias xiitas (do Líbano, Iraque e Afeganistão) e cinco sírios, incluindo um oficial, de acordo com uma contagem do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
O ataque acontece um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirar seu país do acordo nuclear assinado em 2015 pelas grandes potências com o Irã. Poucas horas antes, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou a Moscou para conversar com o presidente Vladimir Putin sobre o destacamento iraniano na Síria. “A força Al Quds pagou um preço alto (pelo bombardeio sobre Golã), vai demorar para os iranianos se recuperarem”, declarou o general Ronen Manelis, chefe da agência de inteligência militar israelense.
Várias baterias antiaéreas sírias que tentaram interceptar os caças também foram neutralizadas. Eram sistemas de interceptação SA-5, SA-2, SA-22 e SA-17 de fabricação russa. Todos os combatentes israelenses que participaram da operação retornaram ilesos às suas bases. A força aérea russa estacionada na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad foi alertada por Israel da operação de retaliação, a fim de evitar confrontos acidentais.
Israel utilizou 28 aviões de combate F-15 e F-16 na operação e disparou cerca de 60 mísseis ar-terra, de acordo com dados coletados pelo ministério da Defesa russo, que acrescentou mais 10 mísseis terra-terra disparado do território sob controle israelense. Metade dos projéteis foi interceptada.
Um porta-voz militar informou à meia-noite de quarta-feira sobre o bombardeio nas colinas de Golã. “Israel vê este ataque iraniano de maneira muito séria”, disse o porta-voz militar. O ataque foi lançado dos arredores de Damasco, a cerca de 30 ou 40 quilômetros dos limites de Golã. “A agressão iraniana mostra as intenções do fortalecimento das forças do regime de Teerã na Síria e a ameaça que isso representa para Israel e para a estabilidade regional”, acrescentou a mesma fonte em um comunicado nesta madrugada. O general Qasem Soleimani, chefe da força Al Quds, estaria por trás do ataque com foguetes realizado pelas forças iranianas na Síria contra as comunidades israelenses nas Colinas de Golã, de acordo com as mesmas fontes.
Quatro dos mísseis iranianos foram interceptados pelo escudo antimísseis Cúpula de Ferro e o restante atingiu áreas situadas fora do controle israelense sem causar baixas. Na quarta-feira, as autoridades decidiram manter as atividades cotidianas em escolas e centros de trabalho agrícola nas Colinas de Golã, mas pediram que os civis permaneçam atentos às ordens para procurar abrigos antiaéreos e que não façam concentrações numerosas.
A agência de notícias estatal síria SANA informou um ataque com mísseis israelenses contra depósitos de armas e estações de radar, sem especificar mais detalhes. Fontes militares sírias afirmaram que a maioria dos projéteis foi interceptada pelos sistemas de defesa antiaérea.
A ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que tem informantes no local, indicou que foram atacadas uma base situada a oeste de Homs, no centro do país, controlada pela milícia xiita libanesa Hezbollah, e outra em Maadamiyat al Sham, a oeste de Damasco e com a presença de forças iranianas.
As sirenes antiaéreas soaram pela primeira vez em Golã à 0h10 de quinta-feira (18h10 de quarta-feira em Brasília). O exército israelense identificou na quarta-feira “atividades irregulares” de forças iranianas e xiitas associadas ao regime do presidente Bashar al-Assad. O Governo ordenou a abertura de abrigos antiaéreos aos civis nas colinas de Golã, enquanto mobilizava unidades de reservistas para reforçar a defesa das fronteiras.
A agência SANA havia informado, na madrugada de quarta-feira, um ataque com mísseis atribuído a Israel contra uma base militar ao sul de Damasco, onde a Guarda Revolucionária supostamente armazenava foguetes. Mais tarde afirmou que também atingiram um radar militar. Pelo menos 15 combatentes leais a Assad foram mortos no atentado, incluindo nove iranianos e milicianos xiitas.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.