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Vaticano prende diplomata de alto escalão acusado de distribuir pornografia infantil

Monsenhor era funcionário da nunciatura de Washington. Mas ele cometeu os supostos crimes durante uma estadia no Canadá

Daniel Verdú
Vista da praça de São Pedro no Vaticano, durante uma missa em 2012.
Vista da praça de São Pedro no Vaticano, durante uma missa em 2012.Stefano Rellandini (REUTERS)
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A Santa Sé prendeu um diplomata de alto escalão e ex-funcionário na nunciatura de Washington acusado de possuir e distribuir pornografia infantil. O monsenhor Carlo Alberto Capella foi acusado pelo Canadá de ter descarregado tais conteúdos durante uma estadia no país em dezembro de 2016. O monsenhor, diplomata de alto escalão, ex-oficial da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, estava no Vaticano, no Colégio dos Penitentes, em restrição e esperando o julgamento. Agora, entretanto, está em uma cela do quartel da Polícia do Vaticano à disposição judicial. O que indicaria que foram reunidas mais provas contra ele.

A nota do Vaticano, como sempre, é sucinta. “O procedimento foi realizado por membros da Polícia do Vaticano. O acusado está preso em uma cela do quartel do corpo da Polícia, à disposição da autoridade judicial”, diz. O comunicado também informa que a prisão ocorreu após uma investigação realizada pelo promotor de justiça e que “o juiz de instrução tomou a decisão baseado nos parágrafos 3 e 5 do artigo 10, da lei VIII de 2013”.

O parágrafo 3 desse artigo, como explicou a agência Efe em uma nota, estabelece que a pessoa que “distribuir, divulgar, transmitir, importar, exportar, oferecer, vender ou guardar” material com conteúdo “de pornografia infantil”, e “distribuir ou divulgar notícias e informação com finalidade de exploração sexual de menores” será punida “com prisão de um a cinco anos” e uma multa de 2.500 a 50.000 euros (10.345 a 206.885 reais). Por sua vez, o ponto 5 diz que a pena pode ser superior se o material “for em grande quantidade”.

O caso chega em um momento em que ficam mais fortes as críticas ao Vaticano por não levar a eficácia à luta contra a pedofilia aos padrões de “tolerância zero” que o papa Francisco prometeu em sua chegada, há cinco anos. Especialmente depois da tempestade desatada após as supostas negligências no tratamento dos casos de abusos a menores no Chile e a proteção jurídica que, várias vezes, os religiosos acusados receberam.

Os EUA, de acordo com a AP, pediram para que o religioso perca sua imunidade diplomática para que possa ser processado, mas a Santa Sé (que não tem tratados de extradição com nenhum país), segundo a mesma fonte, preferiu trazê-lo de volta para julgá-lo. As autoridades canadenses, de acordo com o Vaticano, não emitiram uma ordem de prisão para Capella. De maneira que, como aconteceu outras vezes, e tendo imunidade diplomática, o funcionário será julgado na Santa Sé apesar de ter cometido seu crime em solo estrangeiro.

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