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Morre Winnie Mandela, ativista contra o apartheid, aos 81 anos

Até o momento não foi divulgado detalhes sobre as causas da morte da ex-esposa de Nelson Mandela

Winnie Mandela em Johannesburgo, em 20 de dezembro.
Winnie Mandela em Johannesburgo, em 20 de dezembro.GULSHAN KHAN (AFP)
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Winnie Madikizela Mandela, ex-mulher do ex-presidente da África do Sul e um dos pilares da luta contra o apartheid, morreu nesta segunda-feira (2) aos 81 anos, como relatado por sua assistente pessoal, Zodwa Zwane, ao jornal local Times. Madikizela Mandela permaneceu ativa na clandestinidade durante os 27 anos em que seu então marido Nelson Mandela esteve preso. Em 1994, após as primeiras eleições democráticas, foi nomeada vice-ministra de Artes e Cultura. Desde então, ela foi deputada, apesar das poucas aparições públicas nos últimos anos. A renomada ativista, nascida em Bizana em 1936-2018, sofreu uma infecção nos rins e chegou a ser hospitalizada em 20 de janeiro.

"É com grande tristeza que informamos ao público que Winnie Madikizela Mandela morreu no Hospital Milkpark, em Joanesburgo, na segunda-feira, 2 de abril", disse o porta-voz Victor Dlamini em um comunicado. "Ela sucumbiu pacificamente nas primeiras horas da tarde de segunda-feira, cercada por sua família e entes queridos", acrescenta a nota. A família em breve detalhará os detalhes do funeral e os atos de recordação.

Aclamada como a "mãe da nova África do Sul", Madikizela Mandela foi torturada e passou dificuldades, como perder o emprego com o qual mantinha suas duas filhas jovens, ser desalojada, e ficar em prisão domicilar mesmo sem julgamento.

Winnie e Nelson Mandela se conheceram em 1957 e se casaram em 1958. Eles se separaram em 1992, dois anos após a saída de Madiba (apelido de Mandela) da prisão, após 27 anos de cárcere e dois anos antes de se tornar o primeiro presidente negro da África do Sul. O divórcio foi efetivado em 1996.

O período mais longo que ela passou na prisão foi entre maio de 1969 e setembro de 1970. Winnie Mandela foi condenada à prisão perpétua na histórica prisão Robben Island, quando, aplicando o Ato Terrorista, a polícia a prendeu em sua casa em Soweto, na presença de duas filhas e a confinou em uma Prisão de Pretória.

Com o passar do tempo, a reputação da ex-mulher de Mandela foi marcada por várias acusações de incitação de violência. A ativista manteve uma base de apoio popular, embora tenha recebido inúmeras críticas por seu apoio a táticas violentas para acabar com o apartheid, mesmo em momentos em que seu marido defendia a reconciliação. Entre os casos mais notórios incluem a sua condenação do sequestro e assassinato do ativista Stompie Seipei, que foi decapitado depois de ter sido acusado de ser um informante.

Após o processo de apelação, ela foi condenada a pagar uma multa. A Comissão da Verdade e Reconciliação disse em seu relatório final em 1998 que Madikizela-Mandela foi "politicamente e moralmente responsável por graves violações dos direitos humanos" por um grupo conhecido como Soweto Mandela United Football Club.

Mais recentemente, continuava a ser uma figura de referência dentro do Congresso Nacional Africano (ANC), que governa a África do Sul desde as primeiras eleições democráticas, após o fim do apartheid.

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