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Uma Thurman acusa Harvey Weinstein de assédio sexual

Atriz afirma em uma entrevista que o produtor se excedeu com ela em um hotel de Londres

Pablo de Llano Neira
Robert Rodríguez e Quentin Tarantino, Uma Thurman e Harvey Weinstein em Los Angeles em 2004
Robert Rodríguez e Quentin Tarantino, Uma Thurman e Harvey Weinstein em Los Angeles em 2004AFP
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Uma Thurman tomou a decisão de contar sua nefasta experiência com Harvey Weinstein, o poderoso produtor de Hollywood sobre quem se sucedem as denúncias de assédio e abuso sexual. Em uma entrevista ao The New York Times, a estrela do cinema afirma que Weinstein, com quem chegou ao topo com os filmes do diretor Quentin Tarantino Pulp Fiction: Tempo de Violência e Kill Bill: Volumes 1 e 2, passou dos limites com ela em um hotel de Londres. De acordo com Thurman, o produtor a empurrou e tentou lançar-se sobre ela. “Tentou tirar minha roupa. Fez inúmeras coisas desagradáveis”, diz, e acrescenta que ele não chegou a tentar forçá-la.

A atriz não especifica o ano em que aconteceu, mas diz que foi após o sucesso de Pulp Fiction (1994), que protagonizou com John Travolta. Aquele estrondoso sucesso estreitou a relação profissional entre a atriz e o produtor da Miramax. Thurman lembra que costumavam conversar horas sobre seu trabalho e que Weinstein não deixava de parabenizá-la, além de ajudá-la dando orientações sobre sua fulgurante carreira. “Controlava o tipo de atores e diretores adequados para mim”, explica.

Tudo começou a mudar, segundo seu relato, em um hotel de Paris quando Weinstein, em um encontro para discutir um roteiro, lhe pediu que o acompanhasse e acabou levando-a a uma sauna. Lá, Thurman, vestida com roupas de couro e sufocada de calor, lhe disse: “Isso é ridículo, o que você está fazendo?”, e ele reagiu ficando nervoso e aborrecido, saindo da sauna abruptamente.

O episódio seguinte foi o de Londres, na suíte de Weinstein no hotel Savoy. Thurman diz que conseguiu “escapulir” do assédio do produtor “como um lagarto”. Um dia depois recebeu um buquê de rosas amarelas com uma nota que dizia: “Você tem muito instinto”.

A atriz afirma que voltou ao hotel e “jurou” a Weinstein que “se ele fizesse a mais alguém o que havia feito a ela perderia sua carreira, sua reputação e sua família”. De acordo com o testemunho de uma amiga de Thurman, o produtor reagiu ameaçando-a de usar seu poder para dinamitar sua carreira em Hollywood. Weinstein, que está em um centro de reabilitação do Arizona realizando uma terapia para o vício ao sexo, comunicou ao jornal nova-iorquino que à época desculpou-se com Thurman pelo ocorrido e afirma que “interpretou erroneamente os sinais”. O produtor foi denunciado nos últimos meses por dezenas de mulheres que o acusam de assédio e estupro.

Thurman, de 47 anos, há vários meses pensava em fazer essas revelações. Em novembro publicou uma mensagem em uma rede social em que deixava entrever o que estava preparando. “Acho que é importante levar o tempo que for preciso, ser justa, ser exata, de modo que... feliz Ação de Graças para todos! (menos para você, Harvey, e a todos os seus sórdidos conspiradores. Fico feliz de que esteja acontecendo lentamente, você não merece nem uma bala)”. O texto veio junto com uma foto sua como Beatrix Kiddo, a assassina profissional que em Kill Bill: Volume 2 busca vingar-se de Bill, o homem que quis matá-la.

Na entrevista, a atriz lamenta ter feito parte do universo de glória de Weinstein, com ela no meio simbolizando com seu papel em Kill Bill o “empoderamento feminino” enquanto lidava com o ocorrido. “Eu sou uma das razões pelas quais uma garota teria entrado sozinha em seu quarto, como eu fiz”, diz. “E todos esses cordeiros caminharam em direção ao matadouro convencidos de que ninguém que tivesse alcançado tal posição poderia fazer-lhes algo ilegal; mas ele podia”. Após os episódios de assédio, Thurman considerou Weinstein seu “inimigo”, mas continuou trabalhando com ele.

Thurman também acusa o diretor Quentin Tarantino do acidente que sofreu durante a filmagem no México de uma cena de Kill Bill: Volume 2 em que ela dirige velozmente por uma estrada tropical em um carro esporte antigo. A atriz não confiava no veículo e pediu que sua dublê a fizesse, mas segundo ela Tarantino a pressionou e a convenceu. Para provar isso, Thurman entregou ao The New York Times uma cópia da gravação do acidente, em que a atriz é vista de costas dirigindo até que perde o controle e bate violentamente contra algumas palmeiras. Tarantino aparece poucos segundos depois correndo em sua ajuda. A gravação não tem som.

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