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Ginasta Simone Biles diz ter sofrido abuso sexual de ex-médico da equipe olímpica dos EUA

Médico Larry Nassar cumpre pena de prisão de 60 anos por causa de pornografia infantil

Simone Biles durante os Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Simone Biles durante os Jogos Olímpicos do Rio 2016.DMITRI LOVETSKY (ap)
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Mais um caso vem a público. Larry Nassar, ex-médico da equipe de ginástica olímpica dos EUA, condenado a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil e acusado de abusar sexualmente de mais de 140 mulheres, também assediou Simone Biles, a superestrela da ginástica mundial. Em nota divulgada nas redes sociais, a jovem norte-americana, de 20 anos, admitiu ontem ter sido mais uma das vítimas de Nassar.

“A maioria de vocês me conhece como uma menina feliz, graciosa e cheia de energia. Mas ultimamente tenho me sentido arrasada e quanto mais eu tento abafar essa vozinha dentro de minha cabeça, mais alto ela grita. Não tenho mais medo de contar a minha história. Eu também sou uma das sobreviventes que sofreu abusos sexuais por parte de Larry Nassar”, escreveu Biles no Twitter.

“Durante muitos anos eu me perguntei: ‘Fui muito ingênua? Foi culpa minha?’. Hoje eu tenho a resposta a essas perguntas. Não. Não foi culpa minha. Depois de ouvir os corajosos relatos de minhas amigas e de outras sobreviventes, sei que essa experiência terrível não é o que me define”, prossegue a ginasta, que, aos 19 anos, bateu vários recordes e conquistou quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

Biles afirma que Nassar se aproveitou de sua confiança para tratá-la de maneira supostamente “especial”. O médico, de 54 anos, utilizou essa técnica para abusar de outras atletas, que também denunciaram-no ao longo dos últimos meses. “É um comportamento completamente inaceitável, asqueroso e abusivo; especialmente vindo de alguém de quem me disseram para confiar. Não deixarei que um senhor, e quem lhe permitiu agir, roube meu amor e felicidade (pela ginástica)”, diz a ginasta em seu texto.

Até 140 vítimas

Em outubro, McKayla Maroney, outra ginasta da equipe norte-americana, denunciou ter sofrido abusos do doutor Nassar desde os 13 anos. Aly Raisman e Gabby Douglas declararam que foram assediadas por quem até 2015 fez parte do conjunto da ginástica norte-americana. Em um julgamento realizado no começo de dezembro, Nassar foi condenado a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil. “Ficou claro que nunca mais deverá chegar perto de meninas”, afirmou a juíza à época.

Nassar saberá nesse mês o teor de outra sentença por um caso de abuso sexual, após admitir que penetrou com os dedos os genitais de sete garotas, três delas menores, durante treinamentos da confederação norte-americana entre 1998 e 2015, quando foi destituído após os rumores sobre seu comportamento com as ginastas.

A queda em desgraça do até então reconhecido médico se agravou em agosto. Apesar de há meses uma investigação sobre abusos do jornal Indianapolis Star lançar suspeitas sobre Nassar, as primeiras acusações explícitas só surgiram no começo do segundo semestre de 2017. Foi denunciado à polícia por uma mulher por abusar dela durante uma consulta médica quando tinha 15 anos. Seu depoimento ao jornal causou uma enxurrada de denúncias parecidas. A lista chegou a ter 140 vítimas ao longo de seus quase 30 anos na Confederação de Ginástica. Diante das inegáveis denúncias, a Universidade Estadual de Michigan, onde trabalhava como médico, o destituiu em setembro.

Além da atuação de Nassar, muitas das denunciantes lançaram suas críticas contra a Confederação de Ginástica, frisando que os casos demonstram um padrão que os responsáveis esportivos permitiram e que não agiram apesar da sucessão de queixas.

Uma pena que pode aumentar por outros casos

Larry Nassar foi condenado em dezembro a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil. O FBI encontrou em seu poder dezenas de milhares de arquivos mostrando menores em atos sexuais, muitos deles na casa de Nassar. O ex-médico da Confederação de Ginástica dos EUA ainda possui vários casos em aberto que podem elevar a pena, entre eles as denúncias das atletas. Três das ginastas que ganharam a medalha de ouro por equipes em Londres 2012 (Aly Raisman, McKayla Maroney e Gabby Douglas) já acusaram Nassar. Maroney reconheceu que teve coragem de falar após as denúncias em Hollywood contra o produtor Harvey Weinstein. “Durante anos nos manipularam para que ficássemos quietas e, honestamente, algumas coisas foram muito dolorosas”, disse Maroney, que afirmou que chegou a temer por sua

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