Globo de Ouro 2018: atrizes prometem ir de preto contra assédio sexual
Não há consenso sobre os favoritos, e as atenções estarão voltadas para discursos e tapete vermelho
Hollywood irá para a televisão neste domingo para o Globo de Ouro, e o fará em plena terapia coletiva sobre a cultura do assédio sexual que explodiu com uma série de denúncias nos últimos três meses. Não há outro assunto. Na última sexta-feira, um diretor da categoria de Paul Haggis foi denunciado por quatro mulheres. Duas o acusam de estupro, uma delas, ante um juiz. O Globo de Ouro chega na crista de uma onda de denúncias de assédio sexual em Hollywood que tornaram inevitáveis as conversas e as mudanças, não apenas na indústria do cinema, mas em todas as partes. Neste domingo, os astros e estrelas irão se vestir, sorrir, entregar e receber prêmios e fazer agradecimentos no ambiente mais estranho e incômodo dos últimos tempos. Ah, e também há bons filmes indicados. Essas são algumas das coisas para se acompanhar com atenção:
Um elefante preto no tapete vermelho
Espera-se que as estrelas de Hollywood entrem no tapete vermelho vestidas de preto, em sua maioria. Eles, também. A cor, em teoria, será um reconhecimento às dezenas de vítimas de abuso sexual que contaram suas histórias e que em apenas três meses conquistaram um movimento que afundou com carreiras como as de Harvey Weinstein, Roy Price, Brett Ratner, Kevin Spacey, James Toback… já não se pode continuar a conta. A situação é tão difícil de administrar que um grupo de atrizes chegou a planejar boicotar os prêmios. Pode se esperar um tapete vermelho monotemático. Nos anúncios da cerimônia, o apresentador, Seth Meyers, já tem deixado claro que “temos muito o que falar”. Meyers tem um trabalho complicado. Encontrar piada em um tema que não tem nenhuma graça e, ao mesmo tempo, é inevitável. A apresentação magistral de Chris Rock no Oscar em meio às críticas pela falta de indicados negros é um bom precedente.
O ano de mulheres que brilham
Algumas das indicações mais interessantes são de mulheres. É um ano em que a categoria de melhor ator tem pouco brilho (e praticamente é dada como certa a vitória de Gary Oldman), mas há um grande duelo de atrizes entre Sally Hawkins (A Forma da Água), Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime) e Meryl Streep (The Post: A Guerra Secreta). O filme Lady Bird - A Hora de Voar e suas atrizes são favoritos nas categorias de comédia, uma história de mulheres escrita e dirigida por mulheres. E entre as séries de televisão estão concorrendo Big Little Lies e The Handmaid’s Tale, que já venceram no Emmy. É um ano de grandes trabalhos de mulheres e histórias de mulheres, e se notará no cenário.
O ano de mulheres que não estão
Ninguém pode criticar a lista de indicados a melhor diretor. Guillermo del Toro, favorito na maioria das apostas, compartilha a lista de nomeados com Steven Spielberg, Christopher Nolan, Ridley Scott e Martin McDonagh. Mas a primeira coisa que todo mundo percebeu foi que, no ano em que as mulheres de Hollywood deram um soco na mesa, não há nenhuma indicada nessa categoria. E justamente em um ano em que havia quem escolher. Um dos filmes mais aclamados do ano, Lady Bird, foi nomeado a melhor comédia, suas duas atrizes também, mas Greta Gerwing não foi indicada como diretora, apenas como roteirista. Também havia Patty Jenkins, diretora do sucesso Mulher Maravilha. O grande drama Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi, com duas indicações, também é dirigido por uma mulher, Dee Ree. É uma categoria difícil de prever, mas uma coisa é certa: o prêmio voltará a ficar com um homem. Só cinco mulheres foram indicadas como diretoras nos 75 anos dos Globos de Ouro. Só uma venceu, Barbara Streisand por Yentl. No Oscar, a estatística é ainda pior.
O ano de mulheres que falam claro
A edição do ano passado do Globo de Ouro deixou grandes momentos no YouTube, mas certamente o mais lembrado é o discurso feito por Meryl Streep ao receber o prêmio Cecil B. De Mille pelo conjunto de sua carreira. “Faltar ao respeito convida a faltar ao respeito. A violência convida à violência. Quando os poderosos usam sua posição para assediar outros, todos perdemos”. Ela falava de Donald Trump. Um ano depois há muito mais a denunciar. Quase valem as mesmas palavras. Meryl Streep está indicada (pela 31ª vez) por The Post: A Guerra Secreta. Mas neste ano a homenagem especial será entregue a Oprah Winfrey, a rainha da televisão nos Estados Unidos durante antes. Winfrey já condenou o caso Weinstein. “Ainda não encontramos as palavras para articular a magnitude da situação”, escreveu no Facebook no início de novembro. Se as tiver encontrado, esse é o momento e o lugar para dize-las.
O ano de Guillermo del Toro?
E, além disso tudo, há grandes filmes. Especialmente dois: A Forma da Água, o romance fantástico de Guillermo del Toro, e Dunkirk, o drama bélico de Christopher Nolan. No entanto, não se pode falar de favoritos. É um ano em que as opções estão inusualmente abertas. The Post: A Guerra Secreta, Me Chame pelo seu Nome e Três Anúncios para um Crime também competem na categoria de drama, e todos são favoritos na lista de alguém. Não existe o consenso de outros anos. Entre as comédias, categoria criada pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood transformada em uma gaveta em que cabe tudo, competem Corra!, Lady Bird e Eu, Tonya. Se vencer, Guillermo del Toro seria o terceiro diretor mexicanos nesta década a levar o prêmio, após seus colegas Alfonso Cuarón e Alejandro González Iñárritu. Ambos depois mantiveram o sucesso até o Oscar.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.