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FIFA ameaça tirar Espanha da Copa

Ingerência do Governo na federação de futebol espanhola pode levar à exclusão do país de todas as competições. No Brasil, presidente da CBF é banido por Comitê de Ética

Ángel María Villar, em uma foto de arquivo.
Ángel María Villar, em uma foto de arquivo.GETTY IMAGES
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A participação da seleção espanhola na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, está seriamente ameaçada. A Federação Espanhola de Futebol (FEF) recebeu uma carta em que a FIFA adverte com severidade que as ingerências do Governo espanhol podem levar à sua suspensão como membro associado e, consequentemente, à exclusão de todas as competições das quais participa – incluindo a Copa do Mundo. 

A reprimenda da FIFA se refere à proposta do Conselho Superior de Desportes (CSD) para que fosse repetida a eleição de maio que definiu a nova cúpula da FEF. Recentemente, o Tribunal Administrativo do Esporte (TAD) acatou um recurso de revisão apresentado pelo CSD e, com base nas escutas da chamada Operação Soule, também emitiu uma resolução favorável à repetição de todo o processo eleitoral. A decisão foi então remetida ao Conselho de Estado, o órgão que deve decidir em última instância se haverá não uma nova votação. Anteriormente, o TAD havia rejeitado a impugnação apresentada por Jorge Pérez, ex-secretário-geral da Federação Espanhola de Futebol.

Para a FIFA, a posição do CSD representa uma intromissão governamental que coloca em risco a autonomia da Federação, numa grave violação de seus próprios estatutos, o que daria lugar à suspensão. “Cada membro deve administrar seus assuntos de forma independente e assegurar-se de que não se produza nenhuma ingerência por parte de terceiros em seus assuntos”, diz o estatuto da FIFA em seu artigo 13.

A Federação, atualmente presidida por Juan Luis Larrea depois da suspensão cautelar de Ángel María Villar, informou à FIFA sobre a manobra empreendida pelo CSD e também sobre a resolução do TAD. Entre os cartolas regionais também havia quem defendesse um recurso à FIFA depois da Operação Soule. Diego Martínez, presidente da Federação de Melilla (cidade espanhola encravada em Marrocos) e imputado no processo – mas ainda não sancionado pelo CSD, ao contrário dos outros cinco dirigentes investigados – apresentou essa sugestão durante uma reunião na Federação.

A resposta, em tom de advertência, é clara e contundente. Fontes do CSD confirmaram que Larrea pediu uma reunião com o ministro da Educação e Esportes, Íñigo Méndez de Vigo, para que busquem um acordo. A realização de novas eleições representaria a saída definitiva de Villar, que ainda conserva o cargo apesar da suspensão, e também colocaria em perigo a continuidade de Larrea até o final do atual mandato na FEF, em 2020.

A posição da FIFA representa um desafio para o Governo espanhol, que considera necessária a repetição das eleições tanto para iniciar a regeneração de uma federação muito questionada depois da Operação Soule como também para acabar definitivamente com a era Villar. Não é a primeira vez que a FIFA ameaça excluir a Espanha de competições internacionais. Em 2008, o então presidente Joseph Blatter ameaçou impedir a Espanha de participar da Eurocopa de 2008 – um torneio que a Roja acabou vencendo – caso o Executivo espanhol, então presidido pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero, não permitisse que Villar realizasse eleições fora do prazo determinado pelo ministério. Desde então, o CSD afirma não ter recebido nenhuma notificação, mas mantém sua posição de repetir todo o processo eleitoral devido às irregularidades detectadas na Operação Soule.

Em novembro, a FIFA também advertiu o Peru quanto ingerência estatal na Federação Peruana de Futebol (FPF), o que levou o Congresso do país a retirar de tramitação o projeto da Lei Geral de Esporte, para evitar possíveis sanções. A projeto teria cinco pontos que contrariariam as normativas da FIFA, segundo a ESPN. O caso da Espanha está sendo acompanhado de perto pela Itália, que ficou de fora da Copa.

Presidente da CBF é afastado do cargo

Nesta sexta-feira, o Comitê de Ética FIFA anunciou que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, foi banido de todas as atividades relacionadas ao futebol pelo período de 90 dias. A decisão é vista como reflexo do julgamento nos Estados Unidos de dirigentes indiciados por corrupção, entre eles o antecessor José Maria Marin, que acusou Del Nero de ser o mentor do esquema de propina denunciado por delatores às autoridades norte-americanas. O banimento de Del Nero, que cedeu lugar ao Coronel Nunes na presidência, pode ser estendido por mais 45 dias.

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