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Trump suspende permissão para importar troféus de caça

O presidente dos EUA volta atrás após receber duras críticas até de líderes de seu partido

Um elefante no delta do Okavango, em Botsuana
Um elefante no delta do Okavango, em BotsuanaThomas White (Reuters)
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Donald Trump pensou duas vezes. O presidente dos Estados Unidos usou sua conta do Twitter, na noite de sexta-feira, para anunciar que “suspende” a decisão que permitia a importação de troféus de caça da África. O fim da proibição, decidido pela agência governamental para a pesca e a vida selvagem, gerou um estrondo entre os conservacionistas e até mesmo em seu próprio partido.

O magnata republicano, que durante a campanha eleitoral defendeu a paixão de seus filhos Eric e Donald pela caça, publicou a mensagem menos de 48 horas após seu próprio Governo derrubar a medida adotada em 2014 pelo democrata Barack Obama para combater o tráfico de marfim. Agora, diz que precisa de tempo para “revisar todos os fatos” em matéria de conservação.

O fim da proibição permitiria que cabeças de elefantes e outros grandes troféus de caça fossem importados de Zâmbia e do Zimbábue. Isso embora os animais selvagens estejam na lista de espécies em perigo de extinção. A explicação da agência é que a caça esportiva pode beneficiar a conservação se for bem regulada e que a renda pode ser revertida para programas nas comunidades locais.

Trump não explica por que retifica a decisão, mas anuncia a suspensão horas depois do pedido feito por um dos líderes republicanos no Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes para que a medida fosse reconsiderada. O representante californiano Ed Royce disse que era “uma decisão errada num momento errado”, em referência também à situação política no Zimbábue.

“Os elefantes e outros grandes animais da África são uma ‘moeda de sangue’ para as organizações terroristas e estão sendo mortos num ritmo alarmante”, afirma Royce em nota, defendendo a necessidade de salvar a vida desses “majestosos animais” também por uma questão de segurança nacional. Calcula-se que haja 400.000 elefantes selvagens na África, em comparação com cinco milhões há um século.

A opinião pública e os ativistas tampouco entendiam por que foi tomada a decisão, que é vista como um aceno às grandes fortunas que podem pagar safáris de caça. Com a polêmica, voltaram a circular as imagens dos filhos de Trump ao lado de cadáveres de espécies em perigo. Numa delas, vê-se Donald Jr. segurando o rabo de um elefante cortado com uma faca e a arma apoiada no animal morto.

O presidente, contudo, recebeu aplausos da Associação Nacional do Rifle, segundo a qual a decisão de suspender o embargo significava “um passo significativo para reconhecer a caça como uma ferramenta para a gestão da vida selvagem”. O WWF e outras organizações que defendem a preservação da vida animal alertam que há mais matanças nas zonas onde a caça esportiva é permitida.

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