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Hillary Clinton poderá ser investigada por um promotor especial

Secretário de Justiça dos EUA ordena que dois investigadores revisem a conduta da rival de Trump

Jan Martínez Ahrens
Hillary Clinton
Hillary ClintonMary Altaffer (AP)
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Olho por olho, dente por dente. A investigação sobre a intervenção da Rússia nas eleições dos Estados Unidos está a ponto de encontrar o seu contrapeso. Em um movimento que prenuncia dias tempestuosos em Washington, o belicoso secretário de Justiça do Governo Trump, Jeff Sessions, revelou que está disposto a designar um promotor especial para investigar Hillary Clinton. Como passo preliminar, determinou que dois promotores federais revisem a conduta da ex-candidata presidencial na época em que foi secretária de Estado. Entre os alvos desse escrutínio estão o caso do uso de e-mails privados para tratar de assuntos públicos, as gestões da Fundação Clinton e o espinhoso acordo de 2013 que permitiu ao monopólio russo Rosatom assumir o controle da empresa Uranium One, cujo proprietário havia doado 2,35 milhões de dólares à instituição da democrata. Trump, ainda em viagem pela Ásia, guardou silêncio.

A explosiva medida ocorre apenas dez dias depois de Trump manifestar publicamente sua “frustração” com o fato de todos os olhares estarem voltados para ele, enquanto ninguém submetia sua ex-adversária eleitoral a qualquer escrutínio. Sessions – de quem Trump já deu vários sinais de estar farto – reagiu ordenando que dois membros do Ministério Público analisem a gestão de Clinton como secretária (2009-2013) e lhe informem sobre os resultados. Como ele mesmo já explicou por carta ao Congresso, esses questionamentos são parte das diligências prévias que determinarão a necessidade de mais recursos para investigar a democrata ou mesmo a nomeação de um promotor especial, uma figura dotada de poderes extraordinários e que pode convocar um júri de instrução e apresentar acusações formais.

A manobra teve a participação do presidente do Comitê de Justiça da Câmara de Representantes (deputados), o republicano Robert Goodlate, que recebeu a carta e já havia demonstrado em várias ocasiões seu apoio à nomeação de um promotor especial que coloque a conduta de Clinton sob a lupa. Esse cerco é completado pela ação de duas comissões do Congresso, sob controle republicano, que decidiram investigar o papel do FBI e de seu ex-diretor James Comey no arquivamento do caso dos e-mails privados.

Para Trump, que se considera vítima de uma “caça às bruxas", a nova frente teria como efeito diminuir ou pelo menos compensar a pressão exercida sobre a Casa Branca pelo promotor especial Robert Mueller, encarregado de investigar a suposta influência do Governo russo nas eleições presidenciais de 2016. Até o momento, o presidente foi poupado na apuração, mas três pessoas de seu entorno já foram formalmente acusadas. Entre elas estão seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, e seu sócio Rick Gates, imputados por fraude e delitos fiscais, assim como um obscuro assessor que mentiu sobre suas conexões com a Rússia. As diligências, contudo, ainda mal começaram, e se espera que personagens como o primeiro e efêmero assessor de Segurança Nacional do Governo Trump, o general Flynn, sejam apanhados em breve.

Mueller, longe de seu alvo inicial, agora não busca só determinar se houve coordenação entre a equipe de campanha de Trump e o Kremlin na operação de intoxicação contra Clinton. Ele também vem revisando diretamente as contas do entorno do presidente. Trata-se de um passo de gigante em que qualquer descoberta é possível, o que deixou a Casa Branca na defensiva.

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