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Exército sírio expulsa o Estado Islâmico de seu último grande bastião

Deir Ezzor, capital de uma província rica em petróleo, é a porta de entrada da fronteira iraquiana

Juan Carlos Sanz
Uma coluna de fumaça se eleva sobre a cidade de Deir Ezzor durante uma operação do regime contra posições do EI.
Uma coluna de fumaça se eleva sobre a cidade de Deir Ezzor durante uma operação do regime contra posições do EI.AFP
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As milícias do Estado Islâmico ficaram encurraladas em um reduto na fronteira entre Síria e Iraque do vale do Eufrates. O exército governamental sírio concluiu na sexta-feira, dia 3 de novembro, a reconquista de Deir Ezzor, capital de uma província rica em jazidas de petróleo e que é a porta de entrada da fronteira iraquiana águas abaixo do maior rio do país. A agência estatal de notícias SANA confirmou a expulsão das milícias do EI da cidade, que tinha sido antecipada de madrugada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG com observadores na região.

As tropas leais ao presidente Bashar al-Assad, apoiadas por forças xiitas do Líbano, Irã e Iraque, derrubaram a frente do noroeste em setembro passado ao romper o cerco que os jihadistas mantinham há três anos sobre vários distritos de Deir Ezzor, que continuavam nas mãos do regime. Um colaborador da France Presse que conseguiu ter acesso ao último bastião do EI no local descrevia um cenário de destruição completa depois de dois meses de bombardeios aéreos russos e de ataques da artilharia síria. Unidades de sapadores e artilheiros tentavam desativar entre os escombros as bombas armadilha que os jihadistas deixam sempre depois de abandonar um de seus feudos.

O Estado Islâmico acumula cinco meses de derrotas consecutivas depois da perda de Mosul, no norte do Iraque, onde seu líder, Abubaker al Bagdadi, proclamou o califado em junho de 2014. A simbólica queda de Raqa, que foi sua capital no noroeste da Síria, marcou há duas semanas a agonia do final do califado.

O EI mantém apenas uma presença residual no Iraque, onde as tropas de Bagdá lançaram no dia 3 uma ofensiva geral contra Al Qasim, sua única base forte restante na fronteira do vale do Eufrates, segundo informa a agência EFE. Em um avanço rápido dominaram a principal rodovia para o país vizinho para cortar a linha de abastecimento das milícias jihadistas.

Na Síria, o EI controlava em maio passado 40% da superfície do país. Agora viu reduzida sua presença ao reduto fronteiriço do deserto atravessado pelo rio. Seus combatentes se reagruparam em torno de Abu Kamal, no que já parece ser o último feudo do jihadismo no país árabe.

A operação do Exército sírio, apoiado pela Rússia, contra Deir Ezzor coincidiu com o avanço na mesma província das Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de oposição dirigida pelas milícias curdas da Síria e sustentada pela coalizão antijihadista encabeçada pelos Estados Unidos que se apoderou de Raqa em 17 de outubro passado. A manobra, que aparentemente não era coordenada com as FDS, forçou a debandada do EI águas abaixo do Eufrates. Na corrida para ver quem expulsa primeiro os jihadistas da Síria está em jogo o controle da estratégica via de comunicações do vale em direção ao Iraque, onde as tropas de Bagdá já estão fechando as fronteiras.

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