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Astrônomos descobrem anel em planeta anão próximo a Plutão

Brasileiros fazem parte da equipe que conseguiu detalhamento sem precedentes do planeta Haumea

Nuño Domínguez
Reconstrução de Haumea e seu anel
Reconstrução de Haumea e seu anelIAA
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Mais além de Netuno, o último planeta no Sistema Solar, se estende um cinturão com centenas – talvez milhares – de corpos feitos de rocha e gelo. Plutão, o mais conhecido deles, foi rebaixado a planeta anão em 2006 em parte porque outros corpos de tamanho similar ou inclusive maiores foram descobertos nessa mesma área. Entre eles estavam Eris, Makemake e Haumea, o mais desconhecido do grupo. De acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira, este também é o único dos planetas anões que tem um anel que lembra, em miniatura, os de Saturno.

Esses corpos são muito difíceis de estudar porque estão muito distantes, brilham pouco e são muito pequenos. Uma maneira de observá-los em detalhe é segui-los exatamente quando passam na frente de uma estrela eclipsando parte de sua luz, o que permite calcular sua composição e tamanho exatos.

De acordo com a Agência Brasil, a descoberta resultou de um trabalho conjunto liderado pelo astrônomo espanhol Jose Luis Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia (IAA-CSIC), e contou com a participação de astrônomos e alunos brasileiros do Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do Observatório do Valongo, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Tecnológica Federal do Parana (UFTPR), filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA).

Em 21 de janeiro deste ano, Haumea passou diante de uma estrela propícia. Doze telescópios de 10 observatórios europeus acompanharam o fenômeno. “Graças a essa mobilização de meios, pudemos reconstruir a forma e o tamanho do planeta anão Haumea com muita precisão, com o surpreendente resultado de que é muito maior e menos reflexivo do que se pensava”, explica Ortiz. “Também é muito menos denso do que se acreditava anteriormente e isso resolve algumas incógnitas que estavam pendentes em relação a esse objeto”, acrescenta o astrônomo em um comunicado de imprensa divulgado por sua instituição.

O Haumea leva 284 anos terrestres para completar uma órbita em torno do Sol e dá uma volta sobre seu eixo a cada quatro horas

Haumea está a cerca de 7,4 bilhões de quilômetros, 50 vezes a distância do Sol à Terra. Leva 284 anos terrestres para completar uma órbita ao redor da estrela e dá uma volta sobre seu eixo a cada quatro horas, muito mais rápido do que outros corpos de tamanho similar e até menor. Essa velocidade lhe deu sua característica forma de bola de rúgbi. Graças às observações feitas, publicadas nesta quarta-feira na revista Nature, agora se sabe que tem pelo menos 2.320 quilômetros em seu lado mais longo, como Plutão, mas sem atmosfera.

A descoberta mais importante é o anel ao redor do seu plano equatorial, onde também existe a lua Hi’iaka. Até alguns anos atrás, só se conheciam anéis nos planetas gigantes, especialmente os de Saturno. Posteriormente foram descobertos anéis em alguns Centauros, os corpos que orbitam entre Júpiter e Netuno, e é possível que Marte ganhe um quando Fobos, uma das suas luas, colidir com planeta. “Agora descobrimos que corpos ainda mais distantes do que os Centauros, maiores e com características gerais muito diferentes, também podem ter anéis”, destaca Pablo Santos-Sanz, outro membro da equipe do IAA.

O anel tem uma ressonância de 3 por 1, isto é, as partículas de gelo que o compõem dão uma volta ao redor do planeta para cada três que este completa sobre seu próprio eixo.

O anel pode ter se formado “depois de uma colisão com outro objeto ou pela liberação de parte do material de superfície devido à rápida rotação de Haumea”, diz Ortiz. Para a astrônoma Amanda Sickafoose, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), “a descoberta permite especular que os corpos com anéis nos confins do Sistema Solar não são tão raros e que outros podem ser descobertos em breve”.

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