Três espaços novíssimos e dois clássicos para ver arte em São Paulo
Cidade expande suas opções culturais, a maior parte gratuitas, e há opções para todos os gostos
Nas últimas semanas parece que só se fala de arte no Brasil, dada a ofensiva conservadora contra algumas exposições pelo país, mas a dura realidade é que 71% da população de centros urbanos, de acordo com uma pesquisa recente, não costuma frequentar museus. Fazer parte desta estatística de ausentes em São Paulo, a cidade com a oferta mais abundante do país, soa, no mínimo, como oportunidade perdida. A proposta para o fim de semana é menos arenga pública nas redes sociais sobre arte, e mais arte in loco. Para isso, o EL PAÍS visitou cinco locais de cultura na capital paulista: três novíssimos e dois clássicos. Há exposições para todos os gostos e quatro das indicações são gratuitas.
Instituto Moreira Salles
- Onde fica? Trata-se do mais novo prédio da Avenida Paulista, inaugurado em setembro. Isso, por si só, já é um dos atrativos do Instituto Moreira Salles (IMS): o edifício, da Andrade Morettin Arquitetos, traz homenagens à cidade com as pedras portuguesas no chão do quinto andar ou o vão do térreo. Há ainda um espaço de convivência que reproduz as galerias do Centro e um restaurante ao fundo.
- O que oferece? A instalação São Paulo, três ensaios visuais, que registra com vídeo e imagens a transformação da cidade desde 1862. O curador de programação do IMS, Lorenzo Mammí, trouxe ainda para as mostras da inauguração dois suíços-americanos. O primeiro é Robert Frank com a série de fotos Os Americanos, que retrata a realidade estadunidense na década de 1950 e o segundo é Christian Marclay e sua intervenção The Clock. A obra é um filme com 24 horas de duração. Para retratar a passagem do tempo, o artista apresenta uma trabalhosa edição de cenas de diferentes filmes ou séries que apresentam para o espectador exatamente o horário que marca em seu relógio. Para sorte dos insones, na virada de sábado para domingo é possível conferir o filme na íntegra.
- Quanto? Todas as atividades oferecidas pelo IMS neste momento são gratuitas
- Até quando? A intervenção The Clock fica disponível para visitação até o dia 19 de novembro. As exposições Os Americanos e São Paulo, três ensaios visuais podem ser vistas até o dia 30 de dezembro e 29 de julho, respectivamente.
Museu de Arte de São Paulo
- Onde fica? O MASP, além de ser um dos maiores cartões-postais da cidade de São Paulo, está comemorando seus 70 anos e trazendo a discussão sobre a história da sexualidade.
- O que oferece? Para dimensionar melhor esse debate está em cartaz a exposição sobre as Guerrilla Girls. O coletivo formado por mulheres, que em suas aparições públicas sempre aparecem com máscaras de gorilas, questiona o machismo e o racismo no mundo das artes desde 1985. Confira também a exposição Erótica, com pinturas e desenhos de torsos femininos feitos em meados do século XX pelo artista pernambucano Pedro Correia de Araújo.
- Quanto? Os ingressos para visitar o MASP custam 30,00 reais (inteira) e 15,00 reais (meia-entrada)
- Até quando? A exposição brasileira Erótica está aberta até o dia 18 de novembro, enquanto a mostra com o trabalho das Guerrilla Girls pode ser visitado até o dia 14 de fevereiro.
Sesc 24 de Maio
- Onde fica? Outra novíssima opção para o paulistano. O edifício espelhado pretende proporcionar uma sensação de maior integração com a rua. As instalações do Sesc 24 de maio foram inauguradas em agosto após 15 anos das reformas projetadas pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
- O que oferece?
A nova unidade do Sesc tem dezenas de atividades acontecendo simultaneamente ao longo de seus 14 andares, contando com o teatro que ocupa o subsolo. O espaço de exposições traz a mostra São Paulo Não é Cidade, que faz através de diversas obras uma discussão sobre o acesso e pertencimento à cidade. Um dos destaques é o espaço Odiolândia, da artista Giselle Beiguelman, que compila comentários das redes sociais sobre a intervenção na Cracolândia. Para a maioria da população, o espaço mais cobiçado do Sesc - a piscina colocada na cobertura do prédio - é inacessível, pois só associados do Sesc com credencial plena podem utilizá-la. Ainda assim, ela nunca fica vazia. A compensação fica por conta do Jardim da Piscina, com um espelho d'água onde crianças fazem a festa. A unidade também oferece cursos gratuitos, biblioteca, espaço para utilizar Internet, prática de esportes e a famosa comedoria.
- Quanto? Cursos, teatro, biblioteca, exposição e práticas de esporte desta unidade têm entrada gratuita. Outras atividades, como o acesso à piscina, podem requerer a carteirinha de membro.
Até quando? A exposição São Paulo Não é Uma Cidade está em cartaz até o dia 28 de janeiro. O Sesc não funciona nas segundas-feiras.
Sesc Pompeia
- Onde fica? O Sesc Pompeia, prédio pensado por Lina Bo Bardi que recebe neste ano o 20º Videobrasil. A iniciativa que surgiu em 1983 para dar visibilidade ao trabalho de artistas que utilizavam o audiovisual como linguagem se transformou ao longo do tempo em Festival de Arte Internacional.
- O que oferece? A mostra conta com 50 artistas das mais diferentes linguagens artísticas (vídeo, dança, pintura, teatro) de 25 países, daquilo que Solange Farkas, curadora desde a primeira edição, chama de Sul Global: produções apagadas da Ásia, África e Oriente Médio. “O que fizemos foi olhar para países que como o Brasil também estavam fora daquele sistema (o circuito eurocêntrico de vídeos), o que acontece com nossos vizinhos, como a Argentina, com a África, trazer essas histórias”, afirma. Segundo, a curadora o tema da exposição é pensado apenas depois que são recebidas. Neste ano, as obras retratam as crises políticas, econômicas, migratórias e ecológicas que o planeta enfrenta.
- Quanto? O Festival Videobrasil tem entrada gratuita. Outras atividades do Sesc Pompeia podem requerer a carteirinha de membro.
Até quando? As obras expostas na Videobrasil podem ser apreciadas até o dia 14 de janeiro. O Sesc não funciona nas segundas-feiras.
Japan House São Paulo
- Onde fica? Em um modernérrimo prédio de vidro e madeira assinado pelo arquiteto Kengo Kuma - o mesmo que está fazendo o estádio olímpico de Tóquio - que abriga a Japan House.
- O que oferece? “A Japan House nasceu para apresentar o Japão contemporâneo”, afirma Angela Hirata, a presidenta da instituição. Inaugurada há apenas cinco meses, este espaço cultural já está em sua terceira exposição. O público pode conferir agora duas exposições: a primeira, uma escultura feita de espuma pelo artista Kohei Nawa. A segunda, é a exposição fotográfica Satoyama com imagens dos pratos feitos pelo chef Yoshihiro Narisawa, considerado um dos melhores da Ásia, capturadas pelo fotógrafo brasileiro Sergio Coimbra. Narisawa é um defensor da produção de alimentos respeitando a consciência ecológica, por isso a mostra foi dividida entre as estações do ano trazendo as comidas que o chef oferece em cada uma delas.
- Quanto? Todas as atividades oferecidas pela Japan House São Paulo são gratuitas.
- Até quando? As exposições Satoyama e Espuma ficam em cartaz até o dia 12 de novembro.
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