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Catalunha desafia Governo espanhol e dá início à campanha separatista

Apesar de decisão judicial contra referendo, apoiadores do 'sim' fazem primeiro comício nesta quinta

Àngels Piñol
Carles Puigdemont e Oriol Junqueras no momento em que chegaram à Praça de Touros
Carles Puigdemont e Oriol Junqueras no momento em que chegaram à Praça de TourosALBERT GARCÍA
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Editorial | Pela Catalunha
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O Governo da Catalunha e as lideranças independentistas ignoraram as advertências do órgão máximo da Justiça espanhola, o Tribunal Constitucional, sobre a suspensão do referendo para a separação da Catalunha, previsto para acontecer no dia 1º de outubro, e deram início à campanha eleitoral pelo 'sim' na tarde desta quinta-feira (noite, no horário local). O comício na Praça de Touros da cidade de Tarragona reúne cerca de 7.500 pessoas - 6.000 nas arquibancadas e 1.500 na arena - incluindo o presidente da Generalidade da Catalunha, Carles Puigdemont.

Com gritos de "independência, vamos votar!", "Não temos medo!" e "fora Ballesteros!" (o prefeito socialista que se recusa a ceder espaços para a campanha), os independentistas deram uma nova demonstração de força diante do governo de Mariano Rajoy. Este comício é o primeiro de três eventos importantes que o grupo está organizando para a campanha, que começou hoje e vai até o dia 29.  

Rajoy decidiu não agir contra o ato. No entanto, o Governo avisou ao responsável pelo local onde acontece o evento que a sua realização pode ser considerada crime e, portanto, pode envolver consequências penais.

A Catalunha, uma das regiões mas ricas da Espanha, representa 19% do PIB do país e tem 7,5 milhões de habitantes, 12% da população total. Os independentistas têm maioria no Parlamento regional e há três anos promovem um processo para se separar da Espanha. O Governo de Madri sempre recusou a convocatória de um referendo pedido pelos nacionalistas catalães. As autoridades da Catalunha decidiram então fazer essa consulta popular sem reconhecer a legalidade espanhola.

O começo da campanha eleitoral esquentou ainda mais o confronto entre as duas partes. O Governo da Espanha transmitiu aos responsáveis pelos locais onde estão previstos os eventos eleitorais a ordem do Tribunal Constitucional que suspendeu a lei do referendo aprovada pelo Parlamento da Catalunha para que estejam cientes de que não estão cobertos pela lei.

O conselheiro (secretário) de Interior do Governo regional da Catalunha, Joaquim Forn, manifestou nesta manhã sua esperança de que a Justiça espanhola não obrigue os Mossos d’Esquadra (polícia regional) a impedirem a realização do comício independentista. Da mesma maneira, Forn espera que os Mossos “sejam poupados” da ordem de deter prefeitos catalães que deponham como investigados por colaborarem com a realização do referendo. “Buscaremos uma maneira tranquila” de cumprir as ordens judiciais, acrescentou o conseller.

Em declarações à rádio RAC1, Forn fez o seguinte comentário sobre os prefeitos da CUP (Candidatura da Unidade Popular, um partido separatista de esquerda) que anunciaram sua intenção de desobedecer à ordem da Procuradoria Geral espanhola de não colaborar com o referendo. “Acho que seremos poupados de uma situação em que os Mossos tenham de deter os prefeitos. A maioria disse que irá depor, e os que não fizerem isso nós os buscaremos de maneira tranquila”, afirmou. Ele disse não entender o interesse “em colocar os Mossos no ponto de mira”. “Tem gente”, acrescentou, “que não gostou do papel de protagonista, dos méritos e das felicitações que os Mossos receberam pela gestão dos atentados [de islamistas radicais o 17 de agosto passado em Barcelona e Cambrils]”.

“A prioridade dos Mossos é perseguir os terroristas, e para isso devemos ter recursos humanos e materiais”, observou Forn, acrescentando que “é verdade que há mais presença da Guarda Civil e da Polícia Nacional [duas corporações subordinadas a Madri]. Estão se movimentando por todo o território. Devem estar procurando urnas.”

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