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Neymar ‘versão PSG’ derrapa em sua primeira prova na seleção brasileira

Atacante volta a confundir protagonismo com individualismo. Tite atribui atuação abaixo da média à marcação do Equador

Neymar decepciona com jogo individualista contra Equador.
Neymar decepciona com jogo individualista contra Equador.Reuters

Representando pela primeira vez o PSG em uma convocação do Brasil, Neymar esteve longe de ser, na vitória por 2 a 0 sobre o Equador, o mesmo jogador que deslanchou com a camisa amarela após a chegada de Tite ao comando. Primeiro porque adotou um posicionamento diferente. Em vez de cair mais pelo lado esquerdo do campo, jogou de forma semelhante à que tem atuado em seu início de trajetória pela equipe francesa. Com liberdade total para se movimentar, ora invertia o lado ou aparecia pelo meio-campo, ora voltava para buscar a bola no setor defensivo. Por fim, o camisa 10 teve um desempenho aquém do que havia mostrado na seleção quando ainda defendia o Barcelona, pecando pelo excesso de individualismo ao escolher o drible em jogadas que pediam um último passe. Neymar não foi aquele Neymar. Uma rara ocasião em que não marcou nem participou de nenhum dos gols da equipe.

Com apenas três jogos pelo Paris Saint-Germain, ainda é cedo para dizer que a mudança de ares tenha abalado seu futebol. Mas ficou claro que a versão Neymar “livre, leve e solto” carece de obrigações táticas que o façam retomar o senso coletivo que havia aprimorado durante o início da gestão Tite. Mais individualista, ele consequentemente se viu mais caçado pelos marcadores e voltou a demonstrar um comportamento que parecia ter ficado para trás, irritando-se por lances banais. Em um deles, ainda no primeiro tempo, deu uma entrada dura e desnecessária no lateral Velasco, que lhe rendeu cartão amarelo – seu quinto nessas Eliminatórias sul-americanas. Também forçou a barra ao tentar simular faltas e até cavar um pênalti, no segundo tempo, em que foi solenemente ignorado pelo árbitro.

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Ao fim de uma partida sem brilho de sua principal estrela, Tite atribuiu o razoável desempenho ao esforço defensivo dos equatorianos – em nenhum momento, o técnico Gustavo Quinteros abriu mão de suas duas linhas de quatro jogadores na defesa. “Devido à marcação muito bem executada pelo Equador, o Neymar só conseguia receber a bola livre muito atrás. No segundo tempo, fizemos um ajuste tático e subimos os laterais. Com isso, não só o Neymar, como Willian e Gabriel Jesus, subiram de produção”, justificou o treinador brasileiro, que ainda explicou por que deu aval para que Neymar invertesse constantemente seu posicionamento. “A troca de lado entre Willian e Neymar é uma orientação nossa para que o atleta criativo tenha liberdade para jogar onde se sinta melhor em determinados momentos da partida.” Antes de deixar o estádio, o atacante reconheceu que teve dificuldades. “Foi um jogo diferente do que estávamos acostumados. O Equador marcou muito atrás. Mas o importante é que conseguimos sair com a vitória.”

Em março, quando Neymar comemorava sua boa fase tanto no Barça quanto na seleção, que naquele momento confirmou a classificação antecipada para a Copa do Mundo, garantia que havia amadurecido, se conscientizado da necessidade de um jogo mais coletivo e compreendido a importância de não cair em provocações dos adversários. Diante do Equador, o atacante do PSG parece ter se esquecido da lição. O Brasil perde força sempre que Neymar confunde protagonismo com individualismo. Ele terá a chance de provar na próxima terça-feira, contra a Colômbia, que a regressão ao modo imaturo de jogar foi apenas um lapso, e não um vício adquirido em terras parisienses.

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