Fiéis se revoltam com condenação de guru por estupro e protestos provocam 32 mortes na Índia
Cantor e ator, Rahim Singh já foi acusado de assassinato e de castrar homens para "chegarem a Deus"
Pelo menos 32 pessoas morreram na Índia, nesta sexta-feira, durante violentos confrontos ocorridos após a condenação por estupro do polêmico guru Gurmeet Ram Rahim Singh Ji Insan, chefe da organização espiritual Dera Sacha Sauda (DSS, ou Lugar da Verdade Real em hindi). O Governo declarou estado de sítio em várias zonas do país e mobilizou 15.000 soldados para conter as manifestações a favor do líder, que também é ator, cantor, showman e pregador na TV. A viagem que ele fez de seu ashram (templo) de Sirsa até o tribunal de Panchkula congregou milhares de pessoas pelo trajeto. Mais de 100.000 fiéis se aglomeraram na cidade para aguardar o veredito. O próprio acusado afirma que tem 50 milhões de seguidores no país.
O tribunal de Panchkula decretou que o guru é culpado, mas a sentença só será divulgada na próxima segunda-feira. “O tribunal declarou [Gurmeet] Ram Rahim Singh culpado pela acusação de estupro”, confirmou por telefone à AFP o promotor Harinder Pal Singh Verma, após uma audiência a portas fechadas.
A decisão da Justiça desencadeou violentos incidentes nas imediações do tribunal, onde havia milhares de pessoas reunidas. “Há quatro mortos... e feridos. Tentamos retomar o controle da situação”, declarou uma autoridade policial logo após os confrontos. Poucas horas depois, outro porta-voz elevou o número de mortos para 14, segundo a Reuters. No último comunicado oficial, a cifra de mortes subiu para 32, a maioria por disparos, de acordo com um funcionário estatal. Pelo menos outras 180 pessoas ficaram feridas de diversas formas.
Segundo um jornalista da France Presse que está no local, os policiais lançaram gás lacrimogêneo e utilizaram jatos de água contra uma multidão de manifestantes, que jogavam pedras e haviam atacado dois caminhões de TV, derrubando um deles.
Antes disso, o guru havia percorrido, sob forte custódia policial, os 250 quilômetros entre Sirsa (onde fica a sede de sua organização espiritual) e Panchkula, uma localidade nos arredores de Chandigarh, capital compartilhada pelos estados de Punjab e Haryana, de acordo com a agência EFE.
O caso contra Rahim Singh, que tem quatro filhos, remonta a 2002, quando uma de suas supostas seguidoras enviou uma carta anônima ao então primeiro-ministro indiano, Atal Bihari Vajpayee, acusando o guru de ter estuprado tanto ela como outras devotas.
O Escritório Central de Investigações (CBI) da Índia apresentou na época uma denúncia contra o líder espiritual. O julgamento só começou em 2008, depois que as seguidoras de Rahim Singh aceitaram depor contra ele na acusação por estupro.
Num país onde há centenas de gurus com grande popularidade, influência política e – em alguns casos – muito dinheiro, Singh é o último líder espiritual a ser levado aos tribunais. E não é a primeira vez. Ele também já foi acusado de estupro, assassinato e de castrar 400 homens sob a promessa de “chegar a Deus”.
O guru diz contar com 50 milhões de seguidores na Índia, congregando-os em quase 50 ashrams em todo o país. Segundo sua biografia, Singh “desceu do céu” em 1967 numa cidade do estado de Rajastão (noroeste do país). Quando criança, entrou em contato com a DSS através de seu pai. Aos 23 anos, foi nomeado líder da organização espiritual.
O polivalente guru também é roqueiro, capaz de vender três milhões de cópias em três dias, em 2014, de seu disco Highway Love Charger, além de ser protagonista de um filme psicodélico inspirado em sua vida, que lotou as salas de cinema indiana há dois anos. No total, tem cinco longas e nove discos.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.