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Lancha vira em Salvador e Brasil tem segundo naufrágio com mortes em dois dias

Ao menos 23 pessoas morreram na travessia da Baía de Todos-os-Santos, 35 horas após tragédia no Xingu

Bombeiro resgata uma criança após naufrágio na Baía de Todos os Santos
Bombeiro resgata uma criança após naufrágio na Baía de Todos os SantosXando Pereira/A Tarde (EFE)
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Pelo menos 18 pessoas morreram em um naufrágio que aconteceu na manhã desta quinta-feira, 24 de agosto, na Baía de Todos-os-Santos, em Salvador (BA). Uma lancha que transportava passageiros virou durante a travessia entre Mar Grande, na Ilha de Itaparica, e a capital baiana. De acordo com a Associação de Expedidores Marítimos da Bahia, 133 pessoas (129 passageiros e 4 tripulantes) estavam a bordo no momento do acidente. Os mortos chegaram à cifra de 23 pela manhã, mas as autoridades baianas revisaram o número para baixo à tarde, chegando a 18.

Trata-se do segundo naufrágio de grandes proporções no Brasil em 35 horas. Na noite de terça-feira, uma embarcação que levava 48 passageiros afundou no rio Xingu, no Pará, deixando pelo menos 21 mortos. No caso paraense, há ainda um número não precisado de desaparecidos. A tragédia do Xingu acabou sendo, segundo a sobrevivente do desastre em Salvador, Meire Reis, um presságio que ajudou a salvá-la: "Vi a reportagem (sobre o Pará) e perguntei ao meu marido: 'Se acontecer isso aqui, o que eu devo fazer?'. Ele me ensinou tudo", disse em entrevista ao jornal Correio da Bahia. A administradora de condomínios de 53 anos, que trabalha em Salvador e mora em Itaparica, conta que a embarcação Cavalo Marinho I, que fazia a travessia, era a em pior estado de conservação.

Sobre o naufrágio desta quinta-feira, o Comando do 2º Distrito Naval, sediado em Salvador, afirmou em nota que serão instaurados dois inquéritos, um para apurar o que aconteceu e outro, administrativo, para investigar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente. O diretor adjunto do Departamento de Polícia Metropolitana, Giovanni Iran, afirmou que a Polícia Civil também abriu inquérito para apurar as causas do naufrágio.

Autoridades resgatam o corpo de uma das vítimas da tragédia em Salvador.
Autoridades resgatam o corpo de uma das vítimas da tragédia em Salvador.LUCIO TAVORA (AFP)

De acordo da Associação de Transportadores Marítimos da Bahia, a embarcação Cavalo Marinho I tinha capacidade para transportar 160 pessoas e havia saído do terminal de Mar Grande, na Ilha de Itaparica, com destino a Salvador.

Sobrevivente conta como escapou de naufrágio

"Eu vi a reportagem [do naufrágio] de Belém e perguntei a meu marido: 'Se acontecer isso aqui, o que eu devo fazer?'. Ele me ensinou tudo, como me salvar, como respirar, a me afastar das pessoas. Eu tô viva e salva agradeço a ele", conta sobrevivente de naufrágio de lancha em Mar Grande. Relato emocionante à repórter Amanda Palma. Veja relato https://glo.bo/2w1rMDJ

Gepostet von Jornal Correio am Donnerstag, 24. August 2017

Em nota, a Presidência da República lamentou as mortes nas duas tragédias: "O presidente Michel Temer manifesta, neste momento de dor, sua solidariedade às famílias das vítimas e coloca a estrutura do governo federal para ajudar nas buscas e no apoio aos sobreviventes. As providências para apurar as causas dos acidentes e punir os responsáveis estão sendo tomadas, em todas as três esferas de governo", diz o texto.

Acidentes no Brasil

Entre 2000 e 2015, 1.327 pessoas morreram no Brasil em acidentes com embarcações, segundo dados tabulados pelo EL PAÍS no Datasus, sistema de informações do Sistema Único de Saúde brasileiro. Do total, 222 tinham até nove anos, sendo 25 bebês que não tinham completado o primeiro ano de vida.

Os dados de 2015 são os últimos disponibilizados pelo órgão e consideram as categorias "acidente com embarcação causando afogamento" ou "submersão e acidente com embarcação causando outro tipo de traumatismo".

No Pará, onde um barco naufragou na noite da última terça-feira, morreram 219 pessoas no período referido, colocando o Estado na segunda posição em números de mortos em acidentes do tipo, atrás do Amazonas (410). Juntos, os dois Estados amazônicos contabilizam 47% dos óbitos causados por acidentes com barcos neste período. A Bahia, onde morreram 23 pessoas nesta quinta-feira, havia registrado 41 óbitos entre 2000 e 2015.

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