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Governo enfraquece primeiro dia de greve geral na Venezuela

Com ameaça de sanções fiscais e advertências de paramilitares, parte de Caracas teve rotina normal

Membros da Guarda Nacional durante o protesto da oposição
Membros da Guarda Nacional durante o protesto da oposiçãoJUAN BARRETO (AFP)
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A greve geral de 48 horas convocada pela opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) contra as eleições para a Assembleia Constituinte começou nesta quarta-feira com uma adesão menor do que a realizada na quinta-feira da semana passada, que paralisou quase toda a Venezuela. Porém, foram registrados duros confrontos com a polícia no leste de Caracas, e pelo menos um morto em uma manifestação em Ejido, no Estado de Mérida (noroeste do país), segundo confirmou a procuradoria. A oposição, no entanto, deu novamente uma demonstração de força após três meses de protestos nas ruas contra o regime de Nicolás Maduro.

A capital viveu duas realidades opostas: no leste e sudeste, redutos da oposição por excelência, os moradores ficaram em suas casas, tanto em apoio ao chamado da MUD como pela impossibilidade de se mover com seus carros. Muitas ruas e a autopista Prados del Este ficaram fechadas com barricadas onde aconteceram confrontos com as forças de segurança.

No centro da cidade, onde funcionam os principais organismos do Estado, a vida continuava como sempre, com pessoas nas ruas e lojas abertas. Além disso, a greve dos transportes foi acatada parcialmente nessa parte da cidade. Mas no resto do país, segundo afirmou Erick Zuleta, presidente da Federação Nacional de Transporte, a greve de ônibus foi um sucesso.

Caracas é o espelho do país e o regime de Nicolás Maduro se esforçou para derrotar a greve na capital. Altos dirigentes encabeçaram operativos para conceder os chamados carnês da pátria, a identificação que é um censo para os beneficiários dos programas sociais do chavismo, e distribuíram sacos de comida nas paróquias do oeste da capital venezuelana.

A ameaça de sanções fiscais e as advertências dos bandos paramilitares chavistas surtiram efeito entre os comerciantes. De acordo com Zuleta, o Governo obrigou algumas linhas de transporte a tirar seus veículos sob ameaça de confiscar os ônibus. O Metrô de Caracas, que costuma fechar suas estações quando a oposição convoca manifestações, estava operando a plena capacidade.

Marcela Máspero, coordenadora da União Nacional de Trabalhadores, assegurou que houve uma forte adesão à greve no setor público, na área petroleira, nos bancos e também no transporte.

Os principais líderes da oposição mostravam em suas contas de Twitter ruas vazias nas principais cidades do país. Mas o ministro do Trabalho, Néstor Ovalles, desmentia esse suposto sucesso do dia em declarações à televisão estatal. “Foi imposta a vontade de trabalhar. As empresas do Estado abriram suas portas e a classe trabalhadora enviou um sinal de que quer o desenvolvimento e a paz na Venezuela. O chamado da MUD foi um fracasso”, afirmou.

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