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G20: Em primeiro face a face, Trump pressiona Putin sobre interferência russa nas eleições dos EUA

Presidentes dos EUA e da Rússia se reuniram durante o encontro do G20, em Hamburgo Os dois líderes fecharam um acordo de cessar-fogo parcial na Síria

Ana Carbajosa

Era a foto mais esperada. O primeiro encontro face-a-face entre Donald Trump e Vladimir Putin, dois homens que compartilham tendências ideológicas e atitudes fortes, mas que presidem duas potências mundiais separadas por um abismo repleto de desencontros: Síria, anexação da Crimeia, sanções, e, sobretudo, as acusações de interferência de Moscou nas eleições dos EUA, a chamada trama russa.

“É uma honra”, disse Trump ao comentar o encontro com seu colega russo paralelamente à reunião do G20, em Hamburgo (Alemanha). “Putin e eu conversamos sobre várias coisas, e acredito que foi muito bom”, disse Trump, sobre seu primeiro encontro com o presidente russo. A reunião entre os dois líderes do G20 acabou durando 2 horas e 15 minutos.

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No encontro, Trump pressionou Putin sobre a suposta interferência da Rússia durante o processo eleitoral dos Estados Unidos em 2016, segundo informações do secretário de Estado americano, Rex Tillerson. Putin negou, no entanto, qualquer tipo de envolvimento no pleito. Segundo o chanceler russo Serguei Lavrov, que esteve presente na reunião, o presidente americano aceitou a palavra do colega russo de que não ele não tentou interferir nas eleições americanas.

Os Estados Unidos, a Rússia e vários países da região também chegaram a um acordo de cessar-fogo na Síria, segundo afirmaram à agência Reuters fontes norte-americanas.

“Tivemos conversas muito produtivas. Creio que muitas coisas boas irão acontecer para a Rússia, os Estados Unidos e para todos os envolvidos. É uma honra”, declarou Trump aos jornalistas em Hamburgo ao comentar o encontro. Putin, por sua vez, disse que ambos já haviam conversado antes por telefone, mas que uma conversa assim nunca é suficiente. “É um prazer conhecê-lo pessoalmente”, disse o presidente russo.

Putin, um político calejado por mil batalhas, sentou-se diante de um homem de negócios que a cada dia parece estrear em suas funções como presidente. Este é o primeiro G20 de Trump e, nele, as divergências entre os EUA e os demais participantes criam o risco de evidenciar um isolamento inédito dos EUA. O presidente da America First aterrissou em Hamburgo trazendo na bagagem um forte discurso protecionista e aparentemente disposto a dilapidar o poder e a influência acumulados nos últimos 70 anos pelas sucessivas Administrações norte-americanas.

A reunião ocorreu pouco depois da quatro da tarde (hora local), na última parte da sessão em que os líderes dos 20 países mais industrializados do planeta e dos países emergentes, além da União Europeia, discutiram a questão da mudança climática, como um dos problemas globais mais urgentes e em relação ao qual a comunidade internacional decidiu reunir forças com o Acordo de Paris. Trump se afastou, porém, desse consenso internacional, por considerar que o pacto coloca em risco os postos de trabalho em seu país.

A guerra na Síria e a luta contra o terrorismo são questões que provavelmente prevaleceram no encontro. Diferentemente do que ocorreu com Barack Obama, os EUA de Trump não hesitou em apertar o botão que lançou mísseis sobre a Síria em resposta a um ataque com armas químicas realizado supostamente pelo regime de Bashar al-Assad. Moscou, aliado bastante próximo de Damasco, rejeita claramente qualquer intervenção contra as forças do regime sírio. O terrorismo internacional e a luta contra o Estado Islâmico compõem, porém, o grande ponto de convergência entre os dois.

O risco político envolvido no encontro é muito grande para Trump, forçado a realizar um delicado exercício de equilibrismo. Sua chegada à Casa Branca prometia a efetivação de uma cumplicidade jamais vista com a Rússia. Mas às acusações feitas pela inteligência norte-americana de interferência russa na campanha eleitoral dos EUA em 2016 e de uma ação conjunta por parte de membros da Administração com Moscou, seguiram-se os esforços do Congresso norte-americano para restringir a aproximação do presidente com Moscou. Um acolhimento excessivamente caloroso entre os dois líderes provocaria muitos temores na classe política e na opinião pública dos EUA, ao mesmo tempo em que um enfrentamento seria motivo de profunda preocupação. A reunião, porém, permite afirmar que a conta da anexação da Crimeia e da interferência nas eleições norte-americanas não tenha saído cara demais para Putin.

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