_
_
_
_

Assassinato de duas adolescentes holandesas reaviva debate sobre redes sociais

Ambas mantinham contato pela Internet com os supostos autores do crime

Isabel Ferrer
Estudantes deixam homenagens a Savannah Dekker, uma das duas meninas assassinadas.
Estudantes deixam homenagens a Savannah Dekker, uma das duas meninas assassinadas.EFE

Ao final do período escolar, as bandeiras nacionais costumam tremular na Holanda em sacadas e janelas ao lado das mochilas dos estudantes aprovados no ensino secundário. A combinação faz parte da paisagem urbana e provoca sorrisos nos pedestres, que lembram o esforço escolar de sua própria adolescência. Na localidade de Bunschoten, município da província de Utrecht, de apenas 20.000 habitantes, foram colocadas a meio mastro em memória de Savannah Dekker, uma menina de 14 anos cujo cadáver apareceu no domingo em uma valeta de um terreno industrial da região. Foi estuprada e a polícia deteve um garoto de 16 anos por sua possível relação com os fatos. Somente dois dias antes, na sexta-feira, um transeunte havia encontrado o corpo sem vida de Romy Nieuwburg, também de 14 anos, e também violentada. Estava no campo, em uma reserva natural de Amersfoort, a cerca de 20 quilômetros de Bunschoten. Um garoto de 14 anos confessou o estupro.

Mais informações
Harvard cancela a admissão de futuros alunos por compartilharem memes ofensivos no Facebook
Namorado atraiu vítima de estupro coletivo à casa onde ela foi violentada
Estupro coletivo exposto nas redes: Justiça do Rio condena dois a 15 anos de prisão

Ambos os crimes causaram horror e grande alarme. Não só pela juventude das vítimas e seus supostos agressores, mas porque “todos mantinham contato através das redes sociais”, segundo os investigadores.

A princípio, dada a proximidade e semelhança, a polícia pensou que poderia tratar-se de um desequilibrado ou até mesmo um assassino em série. Depois viram que os casos não estavam relacionados e nem as meninas nem suas famílias se conheciam. Nesta quinta-feira, cerca de 6.000 vizinhos de Savannah percorreram a cidade em uma marcha silenciosa carregando flores de muitas cores, as favoritas dela. Visivelmente abalado, o prefeito Melis van de Groep afirmou “que toda Bunschoten chora e nossa união é como um manto quente de carinho”. A caminhada se encerrou diante das portas da escola da menina, o Oostwende College, onde uma faixa resumia o sentimento geral. Dizia: “Sentiremos sua falta, Savannah; você estará sempre em nossos corações”. Nesta sexta-feira a procuradoria qualificou o caso como “complicado” e não descarta a possibilidade de “novas prisões porque achamos que pode haver mais gente envolvida”.

Por ora, sabe-se que o adolescente detido é de Den Bosch, vive com a mãe em um apartamento alugado e fazia semanas que não comparecia ao centro de formação profissional onde estudava. A cidade fica a cerca de 80 quilômetros de Bunschoten, a residência de Savannah, e ele não constava nos arquivos policiais nem no histórico dos serviços sociais, segundo porta-vozes de ambas as instâncias. Em meio à dor, pais e educadores se perguntam se é possível regular ou controlar, os contatos dos menores em redes sociais cada vez mais amplas e sofisticadas.

Em princípio, o caso de Romy, encontrada morta pouco depois de sair da aula, ao meio-dia, é menos complexo. O adolescente que confessou o crime foi detido pelos agentes na fazenda de seus país, situada a 27 quilômetros de Amersfoort. A polícia interrogou vários estudantes do centro de educação especial no qual ela estava inscrita. A escola comunica sua dor em uma nota postada em seu site. “A procuradoria nos disse que ambos se conheceram aqui. Ele também era um de nossos alunos. A notícia acrescenta ainda mais dor ao golpe recebido pela morte de Romy”, afirma.

No caso de menores delinquentes entre 16 e 17 anos, as leis holandesas impõem um máximo de dois anos de reclusão em uma instituição especializada. O juiz pode aumentar a pena em casos excepcionais. Para os de 14, a detenção é de um ano.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_