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Maduro convoca eleições regionais enquanto protestos prosseguem na Venezuela

Maior parte das pesquisas de opinião prevê esmagadora derrota do chavismo nas urnas

Protestos ganham ruas de Caracas
Protestos ganham ruas de CaracasFederico Parra (AFP)
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Pressionado por uma semana de desordens nas ruas e de revezes no plano internacional, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu às autoridades eleitorais que se preparem para organizar em breve as eleições para a escolha dos governadores de Estados e prefeitos. “Estou ansioso para que se convoquem as eleições de governadores e prefeitos para dar uma surra nessa gente (a oposição)”, disse Maduro no domingo, em referência aos oposicionistas, na cidade de Barquisimeto, capital do Estado de Lara (centro-oeste do país). A oposição convocou nesta segunda-feira novos protestos em Caracas e outras cidades.

A convocação de eleições estaduais e municipais deveria ter ocorrido no ano passado, de acordo com os prazos determinados pela Constituição vigente. No entanto, o Governo, aproveitando seu controle sobre o órgão eleitoral, deu um jeito de adiá-las, do mesmo modo que conseguiu bloquear a iniciativa da oposição para convocar um referendo revogatório do mandato presidencial. A maioria das pesquisas de opinião preveem uma esmagadora derrota do chavismo nas urnas, no caso de haver eleições.

A rápida realização de eleições é uma das exigências dos manifestantes que tomaram as ruas de Caracas e outras cidades da Venezuela ao longo de três dias da semana passada. No momento o Governo tem o controle de 20 dos 24 governos estaduais. A previsível perda desse capital nas urnas representaria para o Governo uma evidência inegável de sua erosão em termos de apoio popular.

No entanto, a reação dos setores da oposição foi de ceticismo ante o gesto de Maduro. Seus líderes temem que se trate de uma maçã envenenada que busca somente um efeito imediato, o de esfriar os protestos populares.

“Para acreditar em Maduro não pode haver nem políticos inabilitados nem presos políticos”, disse nesta segunda-feira de manhã Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional e dirigente do partido Primeira Justiça (PJ). Borges deu as declarações enquanto os partidários da oposição se concentravam na praça Brión de Chacaíto, centro geográfico de Caracas e limite entre o Leste, de classe média, e o oeste, operário e popular.

A oposição convocou seus seguidores a sair em passeata nesta segunda-feira a partir dessa praça, como parte da agenda de ações de protesto esquematizada para enfrentar o “golpe de Estado contínuo” que, segundo argumentam, tem lugar na Venezuela desde que em 29 de março uma resolução do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelos governistas, destituiu a Assembleia Nacional de seus poderes e autorizou o presidente Maduro a legislar. Embora depois o próprio Supremo tenha revertido os aspectos mais controversos da decisão, a oposição pede punição para seus autores.

Parte da marcha se dirigiu até a estrada Francisco Fajardo, de Caracas, com a intenção de alcançar a sede da Defensoria do Povo. Nessa artéria, a principal da capital, que a atravessa de nordeste a sudoeste, houve enfrentamentos entre manifestantes e bloqueios da Polícia Nacional Bolivariana (PNB).

A aliança oposicionista, Mesa de Unidade Democrática (MUD), espera realizar na quarta-feira, 19 de abril, o que definiu como “a mãe de todas as mobilizações”. Para conseguir isso, é crucial para a MUD manter viva durante as folgas da Semana Santa a motivação dos protestos dos últimos dias.

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