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Seis conselhos que você daria a sua filha no trabalho

A síndrome da boa moça e outros desafios para a mulher trabalhadora

Irenka Barud
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E essa é uma boa metáfora para refletir as dificuldades que muitas mulheres enfrentam quando querem prosperar na vida profissional. Não quero dizer que a carreira dos homens seja um mar de rosas, mas, convenhamos, a incorporação da mulher ao trabalho remunerado é relativamente recente. Portanto, não é de estranhar que ainda nos deparemos com alguns desafios, e que nos cabe superá-los para progredir. E não adianta ficar culpando o mundo pelo que acontece conosco ou nos queixando de receber menos comparativamente, o que é um fato e deve ser discutido. A verdadeira mudança virá quando nós mesmas começarmos a fazer coisas diferentes. Vejamos por onde podemos começar:

Supere a síndrome da boa moça. Muitas foram educadas para ser boas moças, quer dizer, agradar todo filho de vizinho para nos sentirmos queridas e valorizadas. Isso é positivo, desenvolve-se uma empatia extraordinária, gera confiança, mas, cuidado, nisso se esquece algo fundamental: você mesma. Nossas necessidades têm o mesmo valor de qualquer outra necessidade, seja do companheiro, dos filhos, do chefe ou dos colegas. Não estou dizendo para fazer tudo o que der na telha, mas sim para ter a coragem de se perguntar honestamente: “O que é que eu realmente desejo, além de me sentir querida pelos outros?”. Só assim surge a força da determinação para tomar decisões.

Ganhe visibilidade. Existem muitos chefes que podem protegê-la. Como os pássaros que põem as crias embaixo da asa. É uma posição confortável, livre de perigos, mas também não dá para alçar voo. Muitos chefes que têm essa tendência costumam evitar dar visibilidade. Por isso, o caminho da liderança pessoal, seja numa empresa, seja numa família, requer uma dose de ousadia para buscar posições menos cômodas, mas muito mais enriquecedoras.

Aprender a “vender” nosso trabalho. Essa palavra soa mal, eu sei, mas devemos nos conscientizar de que é preciso valorizar o que fazemos. Como diz Sheryl Sandberg, a diretora financeira do Facebook, considerada uma das mulheres mais poderosas dos Estados Unidos: “Os homens são contratados pelas expectativas e as mulheres, pelos resultados”. E isso não é responsabilidade deles, mas de nós mesmas. Não esperemos que outros nos digam como somos boas, em vez disso, tomemos nós a iniciativa.

O parceiro precisa ter confiança e sentir que é importante em sua vida. Quando você se concentra demais no trabalho, pode se esquecer de dar a ele esse espaço e logo surgem os problemas

Faça do marido um companheiro de verdade. Esse ponto nem sempre é fácil. Em casa você tanto pode ter um aliado como alguém que cria obstáculos. Desenvolver uma carreira profissional é bem complicado se cada vez que você abre a porta de casa começa uma batalha campal pelo trabalho. O remédio é fácil (dizer, mas conseguir é outra história): substituir o “você” ou “eu” por “nós” para ganhar um aliado. O parceiro precisa ter confiança e sentir que é importante em sua vida. Quando você se concentra demais no trabalho, pode se esquecer de dar a ele esse espaço e logo surgem os problemas. É óbvio que esses problemas podem nascer por mil outros motivos, mas o certo é que a vida é mais fácil se a pessoa que estiver ao seu lado for um companheiro de verdade, como confirmam os dados: das 28 mulheres que se tornaram CEOs das empresas Fortune 500, 26 estão casadas, uma divorciada e uma solteira.

Tenha um mentor em sua vida. Um mentor ou mentora é uma pessoa que compartilha sua experiência de maneira generosa para te ajudar. Não precisa ser algo feito através de programas formais de empresa, você mesma pode pedir a mentoria a quem tem tempo e vontade de contribuir. Por isso, escolha alguém com quem você teve uma conversa interessante e adote-o o como mentor ou mentora para te ajudar.

Vamos tirar a capa de super-heroína que pode com o mundo, aceitar que somos o que somos e nos divertir com isso

E esqueça a culpa. O sentimento de culpa talvez seja uma de nossas especialidades. Não falamos da emoção que surge depois de cometer um delito, mas de algo mais cotidiano e sutil: por não estar à altura, por não ser melhor mãe e profissional, por não estar mais tempo com o marido… Enfim, uma infinidade de motivos que nos prejudicam. Pois bem, por trás da culpa existem duas chaves: autoexpectativas mais próximas de uma Mulher Maravilha que de outro ser humano e um perfeccionismo impossível. Assim, vamos tirar a capa de super-heroína que pode com o mundo, aceitar que somos o que somos e nos divertir com isso.

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