Promotoria peruana chega a um acordo com a Odebrecht
Empresa se compromete a pagar aproximadamente vinte e nove milhões de reais como adiantamento pela devolução dos ganhos obtidos ilicitamente
O Ministério Público peruano informou que após várias semanas de negociações chegou a um acordo preliminar com a construtora Odebrecht. Esta se encontra no olho do furacão desde que, em seu acordo com a justiça dos Estados Unidos, reconheceu o pagamento de 29 milhões de dólares (93 milhões de dólares) em propinas a funcionários dos governos de Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala. O acordo foi estabelecido após uma última negociação de 11 horas.
A empresa se compromete a oferecer toda a documentação que a justiça requisitar, mesmo estando fora do país. Segundo um comunicado de imprensa da Promotoria, isso permitirá diminuir os prazos das averiguações. A empresa se comprometeu a pagar 30 milhões de soles (29 milhões de reais) como adiantamento pela devolução dos ganhos obtidos ilicitamente em suas operações no Peru. A quantia final desse montante será calculada no processo penal, e será adicionada à reparação civil imposta.
O jornalista especializado em assuntos judiciais César Romero explica: “Esse acordo é consequência da delação assinada entre o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a Odebrecht. O Peru foi fundamental para a empresa, não podemos nos esquecer que suas operações no país ocorrem desde 1979, foi o primeiro lugar na América Latina onde abriu uma sucursal. Tudo parece indicar que nem todo o dinheiro para corromper funcionários ficou no país, uma parte foi enviada a outros lugares”.
Equipe investigadora
O promotor do Peru, Pablo Sánchez, deu uma entrevista coletiva na segunda-feira para explicar o andamento das investigações da Operação Lava Jato no país. Para levá-las adiante, sua instituição criou uma equipe especial de promotores que trabalham desde novembro sob o comando do promotor anticorrupção Hamilton Castro. De acordo com o comunicado do Ministério Público, a equipe manterá suas próprias pesquisas no Brasil, Suíça e outros países.
Na quarta-feira o Parlamento também criou uma comissão para o caso, que será presidida pelo parlamentar fujimorista Víctor Albrecht e terá 180 dias de prazo para investigar.
Romero explica que a investigação da Promotoria avançou bem, mas enfrenta alguns problemas: “O primeiro é a falta de orçamento. A equipe especial de Hamilton Castro não será suficiente para analisar a enorme quantidade de documentos contábeis e contratos dessa megaoperação, e para participar dos interrogatórios de todos os envolvidos”. E acrescenta: “A Promotoria fez uma solicitação orçamentária de 10 milhões de soles (9 milhões de reais), que sanariam essas deficiências. O lógico seria obter o valor do adiantamento a ser pago pela Odebrecht, mas ainda não existe o caminho legal que permitirá tal coisa”.
A outra dificuldade são as relações com a justiça brasileira. Os diretores da Odebrecht vivem no Brasil, cujos depoimentos podem esclarecer boa parte do caso. Mas os promotores brasileiros se mostram reticentes a colaborar, não por um cuidado excessivo e falta de diligência, mas pelo temor de revelar a estratégia de sua investigação. Como se soube, um diretor da Odebrecht solicitou permissão para viajar ao Peru e se apresentar à justiça, o que foi negado. O trabalho dos promotores peruanos deverá se adequar ao ritmo de seus colegas brasileiros, cuja prioridade, é óbvio, está em seu próprio país.
Com a divulgação da notícia, a filial da construtora brasileira divulgou um comunicado de imprensa notadamente conciso: “A Odebrecht Peru confirma a assinatura de um acordo preliminar com a Promotoria da Nação e reitera seu compromisso de cooperação com as investigações realizadas no país”. O Governo peruano proibiu a Odebrecht de participar de novas licitações no país.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.