Disney domina o mundo (do cinema)
Estúdio consegue os quatro maiores sucessos mundiais do ano e 25% da bilheteria nos EUA
O Rei Midas de Hollywood se chama Bob Iger. O executivo-chefe da Disney levou a empresa ao melhor ano na bilheteria global da história de qualquer estúdio, ultrapassando pela primeira vez os 7 bilhões de euros (24 bilhões de reais). Os dados falam por si: a produtora é responsável pelos quatro filmes de maior bilheteria em nível mundial de 2016. Após apenas duas semanas em cartaz, Rogue One: uma História Star Wars está a seis postos de ser a quinta.
Iger havia apostado no tudo ou nada. Em uma década gastou cerca de 15 bilhões (51,5 bilhões de reais) para reunir em seu castelo de Cinderela marcas tão infalíveis como Pixar, Marvel e Star Wars. A semeadura deu frutos. Hoje a Disney já não é a casa do Mickey, mas a de Iron Man, Luke Skywalker e os veículos de Carros. O segredo do sucesso: repetir várias vezes as fórmulas que agradam ao espectador por meio de sequências, derivados e universos compartilhados.
As cifras do gigante fundado em 1923 não deixam a concorrência respirar. Ao finalizar o ano atual a Disney terá conquistado o primeiro lugar na bilheteria dos Estados Unidos em 21 das 53 semanas do ano. Uma marca que a leva a dominar mais de 25% do mercado. Ou, o que dá na mesma, a Disney obterá um quarto de todo o valor arrecadado este ano nos EUA, segundo dados do site especializado Box Office Mojo. Seu sucesso inédito se baseia em cinco pernas: o confronto dos heróis Marvel em Capitão América: Guerra Civil; a sequela de um dos grandes êxitos da Pixar, Procurando Dory; os animais falantes de Zootrópolis; um remake de um de seus grandes clássicos, Mogli – O Menino Lobo, e o novo lançamento da saga galáctica da Lucasfilm, que continua galgando posições. Os três primeiros são os únicos filmes do ano a superar a casa do bilhão.
A meta foi alcançada, além disso, com apenas 16 estreias, a metade de seu rival mais próximo, a Warner, que, com 36 lançamentos obteve 17% da bilheteria. A partir daí as cifras dos demais grandes vão diminuindo. A Paramount, que conseguiu a primeira posição em 2011, se atém a 7,8% e o sexto lugar. A supremacia da Disney é uma má notícia para os colossos do mercado. Os lucros dos sete principais estúdios em conjunto caíram 17% nos primeiros nove meses de 2016, de acordo com um estudo de investimentos da empresa Cowen & Co.
Esses dados se chocam com o recorde de receita em bilheteria que Hollywood terá este ano nos EUA, ao superar os 10,8 bilhões (37 bilhões de reais). Na realidade, 2016 é um dos anos em que se compraram menos entradas. “A cifra é enganosa”, alertava um antigo executivo da Paramount ao jornal Los Angeles Times: “Quando se olha para os totais, parece saudável, mas só alguns projetos tem lucros”. Como na vida real, uma pequena porcentagem fica com a riqueza. Nos dois últimos anos, os 10 primeiros filmes somaram um terço da bilheteria total. Em 2011, segundo o Comscore, era 24%. A Disney, que leva os louros, abocanha a metade dos lucros da indústria.
As vendas de cinema por TV a cabo e satélite caíram 30% desde 2010 e cada vez é mais caro rodar campeões de bilheteria. Depois de produções com orçamento inflado, como Caça-Fantasmas e Star Trek Sem Fronteiras, talvez seja o momento de redefinir a estratégia comercial. Em 2017, a Fox baseará seus lançamentos em superproduções mais baratas dirigidas ao público adulto, como Logan, Planeta dos Macacos: A Guerra e Alien: Covenant.
Enquanto isso, a Disney pode até dar-se ao luxo de ter fracassos esmagadores, como O Bom Gigante Amigo, de Steven Spielberg, ou Alice Através do Espelho. Dois socos em um ano cheio de grandes decepções nos cinemas. A única tábua de salvação que resta é o mercado internacional e países como a China, algo que a Disney também aprendeu a dominar.
E assim a antiga casa de Mickey, que desde 2001 não ocupava o primeiro lugar, não faz mais do que crescer em seu monopólio. A empresa, que chegou a ser a sexta em 2008, quando alguns deram por enterrados os seus anos de glória na animação, apostou em uma estratégia de comprar marcas alheias para ampliar seu público, indo além do infantil. A jogada foi certeira. Hoje tem até o respaldo da crítica.
Se algo vai bem, não mude. O futuro da Disney continua no mesmo caminho: mais filmes de super-heróis Marvel (Thor: Ragnarok e Guardiães da Galáxia 2), novos remakes de seus clássicos (A Bela e a Fera), o regresso de franquias como Piratas do Caribe ou Carros e uma sequela de Star Wars por ano. Tudo isso em 2017. A Disney sabe o que o público quer e lhe dará até que se entedie.
Os dez filmes campeões de bilheteria no mundo em 2016
1_Capitão América: Guerra Civil: 1,1 bilhão (3,8 bilhões de reais).
1_Procurando Dory: 1 bilhão (3,43 bilhões de reais).
3_Zootrópolis: 990 milhões (3,38 bilhões de reais)
4_Mogli - O Menino Lobo: 925 milhões (3,15 bilhões de reais).
5_Pets: A Vida Secreta dos Bichos: 838 milhões (2,87 bilhões de reais).
6_Batman vs Superman: A Origem da Justiça: 836 milhões (2,85 bilhões de reais).
7_Deadpool: 750 milhões (2,57 bilhões de reais).
8_Esquadrão Suicida: 713 milhões (2,44 bilhões de reais).
9_Animais Fantásticos e Onde Habitam: 712 milhões (2,43 bilhões de reais).
10_Doutor Estranho: 628 milhões (2,15 bilhões de reais).
11_Rogue One: Uma História Star Wars: 531 milhões (1,82 bilhão de reais).
Dados do site Box Office Mojo.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.