_
_
_
_

Facebook oculta conteúdo de usuários para driblar censura da China

Rede criou ferramenta para que certas mensagens não apareçam de acordo com a localização

Facebook em um computador e um celular.
Facebook em um computador e um celular.JUSTIN TALLIS (AFP)

O Facebook parece decidido a adotar medidas que lse moldem àquilo que a China espera deles. O sistema chinês de censura combina algoritmos, trabalhadores especializados e colaboração das empresas chinesas de Internet para controlar os dissidentes e prevenir o aparecimento de palavras proibidas.

Mais informações
Facebook e Google declaram guerra aos sites de notícias falsas
Entramos nos laboratórios onde o Facebook constrói o seu futuro
Como evitar que o Facebook tenha acesso ao número de telefone usado no WhatsApp
Facebook privilegiará amigos e familiares em vez de notícias

Nos últimos meses, o Facebook vem desenvolvendo ferramentas para fazer que certas mensagens não apareçam conforme a localização do usuário. As fontes do The New York Times, veículo que revelou a adaptação, são três funcionários que trabalharam ou ainda trabalham na empresa de Zuckerberg. A estratégia é ocultar o conteúdo, em vez de apagá-lo. Considera-se muito provável que cheguem a um acordo com uma terceira empresa que conte com o aval de Pequim para que seu software sirva como freio à difusão de histórias contrárias aos interesses da China.

A exemplo do que aconteceu com muitos outros, o casamento mudou a vida de Mark Zuckerberg. Suas primeiras viagens à China, país de origem de sua esposa, Priscilla Chan, foram um primeiro contato. Embora tenha tentado um primeiro lançamento, em 2009 viu sua página entrar para a lista dos sites que não podem ser acessados dentro da Grande Muralha Digital. Desde então, as tentativas de reaproximação não cessaram. Há três anos começou a aprender mandarim e quer que sua filha também domine o idioma.

Em meados de outubro, durante a Conferência Mundial da Internet, a principal autoridade do ciberespaço na China, Ren Xianliang, estendeu a mão ao Google e ao Facebook dizendo que serão bem-vindos desde que respeitarem as leis do país. “Sempre mantivemos um espírito de abertura. As empresas de Internet estrangeiras podem operar cumprindo a lei e desde que não prejudiquem os interesses do país, nem dos consumidores. Mas são mais que bem-vindas para que compartilhemos os benefícios do desenvolvimento da Internet na China”, declarou à Bloomberg no dia 12 de outubro.

Esta não seria a primeira vez que o Facebook restringiria o conteúdo a pedido de governos. Já o fez no Paquistão, na Rússia e na Turquia.

Tim Sparapani, diretor de políticas públicas do Facebook até dois anos atrás, disse que não se tratava de “se”, mas de “quando”. No fim de outubro divulgou-se a mensagem de que Zuckerberg estava disposto a tomar medidas para entrar na China. Em outubro de 2015, em declarações à revista Wired, deixou claro: “Não se pode ter a missão de querer conectar o mundo inteiro e esquecer o maior país". A China possui mais de 700 milhões de usuários de Internet.

Em sua última viagem a Pequim, com sessão de corrida matinal incluída, Zuckerberg se encontrou com o diretor da propaganda estatal, Liu Yunshan. Os esforços diplomáticos do Facebook não pararam por aí. Em 2014 recebeu Lu Wei, ministro da Internet, na sede do Facebook. A governança da China, do presidente XI Jinping, estava em seu escritório e figurou entre os selecionados. No mesmo ano a China bloqueou o acesso ao Instagram, o serviço de imagens comprado pelo Facebook em abril de 2012 por 1 bilhão de dólares.

Com mais de 1,4 bilhão de perfis ativos, o Facebook mantém sua expansão pela África, América Latina e Ásia. Os drones com conexão e aplicativos como Internet.org servem como primeiro contato com seu serviço. Incluir a China é essencial para manter o ritmo de crescimento. A empresa não tem sucursal dentro das fronteiras chinesas, mas mantém um escritório de venda de publicidade em Hong Kong.

O Google abandonou as operações ali em 2010 e, até agora, não deu sinais de mudar sua política com relação à China. Só manifestou o interesse de abrir sua loja de aplicativos, uma forma de fazer negócios com o Android, o sistema operacional dominante em todo mundo e com especial presença na China, onde cada vez mais fabricantes locais se beneficiam desse ecossistema. O Yahoo foi a empresa tecnológica que manteve negócios com mais fluidez em território chinês. A Microsoft foi alvo de críticas por fechar blogs de ativistas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_