Por que depois da vitória de Trump este artigo dos anos 30 sobre Hitler viralizou
“Os nazistas serão mais moderados no poder”, afirmava-se nas páginas do ‘The New York Times’ em 1932
"Entre os centristas alemães está se estendendo a sensação de que os nazistas deveriam ser incluídos no Governo antes que sua força cresça ainda mais. Argumentam que uma vez que os nazistas participem do Governo se moderarão e, ao mesmo tempo, será contida sua ascensão política porque conforme são as coisas, verão que é impossível manter muitas das promessas que fizeram durante sua recente campanha eleitoral. Se Herr Hitler se tornar o fator dominante numa coalizão de Governo na Prússia, marcará um ponto alto no movimento fascista, que passou de uma piada para se converter no principal poder político do Reich."
"Caso se permita que os nazistas governem, serão mais moderados, porque lhes será impossível manter suas promessas de campanha", assegurava um artigo publicado no jornal The New York Times, com crédito para a agência de notícias Associated Press, no ano de 1932. O escritor Adam Khan recuperou há alguns dias este texto da hemeroteca, simultaneamente a algumas das reações provocadas pela vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos. Há quem opine que o republicano moderará o que prometeu durante a campanha.
As polêmicas do empresário relacionadas aos imigrantes, à religião muçulmana e aos direitos das mulheres marcaram os meses anteriores à eleição, mas não impediram que chegasse à Casa Branca. Trump modificou várias vezes suas opiniões políticas ao longo dos anos. A essa tendência à contradição do presidente eleito se aferram aqueles que querem pensar que é um político de ideologia menos extrema do que aparenta ser. Ou que a partir de agora se verá obrigado a suavizar seu programa.
"Donald Trump é um exemplo de manual de ideologia moderada", era o título de um artigo do jornal The Washington Post publicado em dezembro de 2015. "Reconsidere: Donald Trump é um moderado", dizia a BBC seis meses depois.
Esta velha postagem no Twitter, que acumula 8.600 curtidas e foi compartilhada mais de 11.000 vezes, serve como argumento de Khan para tentar fazer que vejamos que todas essas teorias estão equivocadas.
Não foi só isso que o autor compartilhou na rede social para reforçar sua ideia. "Os nazistas podem parecer selvagens, mas é provável que sejam mais práticos quando governarem", conjecturava outro jornal norte-americano em 1931, meses antes que o partido de Adolf Hitler chegasse ao poder.
A comparação entre Hitler e Trump estabelecida por esses tuítes não se concentra tanto nas ações e ideias de ambos quanto em sua técnica política. "Várias fontes confiáveis confirmam que o antissemitismo de Hitler não é tão autêntico nem violento como soa. Usando esse tipo de propaganda, conseguiu atrair massas de seguidores e mantê-los estimulados", opinava o The New York Times em novembro de 1922, em outro artigo compartilhado por Adam Kahn.
"Não se pode esperar que as massas compreendam ou percebam seus objetivos reais. É preciso alimentar as massas com bocados e ideias mais cruas, como o antissemitismo. Seria totalmente errôneo do ponto de vista político contar-lhes a verdade sobre o lugar para o qual as está dirigindo", citava esse mesmo artigo nas palavras de "um político sofisticado", cujo nome não divulgava.
Políticos cumprem o que prometem?
No lado oposto da balança política, o democrata Barack Obama também recebeu críticas durante seus oito anos como presidente dos Estados Unidos por ter sido menos renovador do que inicialmente parecia.
Somente 4 % dos norte-americanos acreditam que os políticos cumpram suas promessas, indicava pesquisa realizada em 2014 pela Rasmussen Reports. Apesar da percepção geral, um estudo da Universidade de Ciências Políticas de Laval (Estados Unidos) mostra que os presidentes norte-americanos cumprem a maior parte delas.
A publicação digital PolitiFact acompanhou nada menos que 500 das promessas de Barack Obama e confirma que 70% se tornaram realidade. Trata-se de número muito parecido com o da Universidade de Laval, que também destaca que os políticos britânicos são mais cumpridores que os norte-americanos: 82% de promessas realizadas, em média, contra 68% dos norte-americanos.
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