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Estado Islâmico reage ao cerco de Mossul, no Iraque, com ataque a cidade petrolífera

Manobra pretende também desviar a atenção das autoridades enquanto tropas avançam

JUAN DIEGO QUESADA (ENVIADO ESPECIAL)
Forças ‘peshmergas’ curdas abrigadas atrás de pedras nesta sexta-feira em Kirkuk (Iraque).
Forças ‘peshmergas’ curdas abrigadas atrás de pedras nesta sexta-feira em Kirkuk (Iraque).AKO RASHEED (REUTERS)

O Estado Islâmico luta para sobreviver no Iraque, a terra que lhe deu a luz. Os jihadistas que formaram o califado no caos da ocupação norte-americana e o frágil Estado que daí surgiu decidiram contra-atacar para conter a ofensiva de iraquianos e curdos que os tem obrigado a recuar até Mossul, seu bastião. Com seu leque habitual de suicidas, semearam o terror neste sábado em Kirkuk, uma cidade petrolífera cujo controle vale ouro.

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O ataque foi realizado de madrugada por células silenciosas, invisíveis e infiltradas em território inimigo. Ele se deu longe de onde está sendo livrada a batalha principal, a mais de 150 quilômetros das frentes abertas nas cidades existentes em torno de Mossul. Parece ser, em princípio, uma tática visando a fazer com que aqueles que tinham os olhos voltados apenas para um confronto sejam obrigados a se virar também e ver que o perigo pode pegá-los pelas costas. Os combatentes do EI conseguiram ocupar de surpresa, por algumas horas, um hotel, uma mesquita e vários postos de polícia. No ataque morreram 39 pessoas, dentre elas nove suicidas.

O EI assumiu a autoria da ofensiva na internet e deixou claro que não irá se entregar facilmente.

O governador de Kirkut, Nachmeldín Karin, decretou toque de recolher e afirmou que a situação está sob controle, apesar de os enfrentamentos entre os terroristas e as forças de segurança continuarem noite adentro nos bairros do sul daquela localidade.

A cidade agora disputada pelo EI e pelas forças curdas está parcialmente sob controle destas últimas desde que as tropas iraquianas bateram em retirada diante do avanço do Estado Islâmico. No verão de 2014, o grupo jihadista avançou com uma facilidade surpreendente até tomar várias cidades iraquianas. Vendo-se em situação de inferioridade, os soldados iraquianos largavam as suas armas e fugiam apavorados.

No assalto à cidade morreram também pelo menos oito milicianos, seja por terem acionado os explosivos que levavam no corpo, seja devido aos enfrentamentos com as forças de segurança, segundo os meios de comunicação locais. Alguns jihadistas sobreviventes interromperam a estrada que liga a cidade à central elétrica, localizada 30 quilômetros ao norte.

O chefe da polícia distrital, general Sarhad Qadir, explicou em pronunciamento público que os combatentes do EI atacaram três edifícios da polícia e a sede de um partido político. “Todos os milicianos que atacaram o prédio de pronto atendimento da Polícia e a antiga sede da direção de Polícia de Kirkuk foram abatidos, mas ainda há um certo número de milicianos no distrito de Dumez”, detalhou ele.

O avanço das forças iraquianas sobre Mossul se consolidou com o quinto dia de ofensiva em Bartella, oito quilômetros a leste da cidade, segundo informou à agência Efe o coronel Fadel Barwari. As tropas governamentais controlam 80% dessa estratégica localidade, depois de terem ocupado o seu centro urbano na quinta-feira.

As Nações Unidas alertaram para o fato de que 550 famílias foram sequestradas nas áreas próximas de Mossul por milicianos do EI, para serem usadas como escudos humanos. Uma representante da organização internacional, Ravina Shamdasani, informou também que foi aberta uma investigação para esclarecer a possível execução de 40 civis em uma das aldeias retomadas recentemente do EI durante a ofensiva de Mossul.

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