Atentado contra a polícia deixa 11 mortos na Turquia
Ataque com carro-bomba aconteceu em Cizre e foi atribuído pelo Governo ao grupo curdo PKK
A explosão de um carro-bomba junto à sede da Direção Provincial de Segurança da província de Cizre, no sudeste da Turquia, deixou pelo menos 11 mortos e mais de 70 feridos. As autoridades turcas atribuíram o ataque ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), muito ativo na região. O conflito entre as forças de segurança turcas e os insurgentes curdos ressurgiu com especial virulência depois do rompimento do processo de paz no ano passado, e 2.000 pessoas morreram em combates e atentados nos últimos 13 meses.
O ataque ocorreu por volta de 7h (1h pelo horário de Brasília), quando supostos militantes do PKK abriram fogo contra um posto de controle policial próximo à Direção Provincial de Segurança e do quartel da tropa de choque da polícia. O combate que se seguiu impediu os agressores de avançarem com o veículo cheio de explosivos, mas eles o detonaram assim mesmo, causando um grande estrago apesar de estar a 50 metros dos edifícios. Emissoras de TV turcas mostraram imagens em que era possível ver muita fumaça e poeira erguendo-se sobre a cidade de Cizre. A agência de notícias turca DHA disse que a explosão “foi ensurdecedora e teve a potência de um terremoto”. A fachada do quartel da polícia ficou completamente destruída, e parte da ala lateral, que serve de alojamento, desmoronou. Um depósito pegou fogo.
Vários carros de bombeiros foram mobilizados para apagar as chamas, com a ajuda dos jatos d’água dos caminhões da tropa de choque – usados habitualmente para reprimir manifestações, e não para o combate a incêndios. Dois helicópteros e 12 ambulâncias também foram enviados a Cizre para retirar os feridos. Segundo o Ministério da Saúde, 4 dos 70 feridos estão em estado crítico. A polícia, que habitualmente vigia os acessos a esta localidade curda perto das fronteiras com Síria e o Iraque, isolou a idade para impedir a entrada ou saída de suspeitos.
No último ano, Cizre foi um dos lugares mais afetados pela violência do conflito entre o Governo e rebeldes curdos. No final de 2015, simpatizantes do PKK se fortaleceram em vários bairros, onde cavaram trincheiras e ergueram barricadas para impedir a passagem das forças de segurança. Durante quatro meses, o Governo impôs um toque de recolher e o Exército cercou a cidade, chegando a bombardeá-la com tanques a partir das colinas que a cercam. A maioria de seus habitantes fugiu, mas dezenas de pessoas ficaram retidas e foram massacradas pelo fogo de artilharia. Nos últimos meses, a cidade vinha pouco a pouco recuperando a calma, e muitos dos edifícios arrasados pelos combates estavam sendo reconstruídos. O Exército se retirou, mas, quando este jornalista visitou Cizre no mês passado, continuava havendo uma forte presença policial, com constantes patrulhas de veículos blindados nas ruas.
O ataque desta sexta-feira ocorre um dia depois de um atentado contra a comitiva do líder oposicionista Kemal Kiliçdaroglu na província de Artvin (norte). Kiliçdaroglu, dirigente do partido social-democrata CHP, saiu ileso, mas um militar morreu e outros dois ficaram feridos. O ministro de Interior, Efkan Ala, também acusou o PKK por esse atentado.
Ataque turco às milícias curdas da Síria
Também na quinta-feira, a artilharia turca atacou unidades das milícias curdo-sírias YPG, depois de um tiroteio entre estas e combatentes do Exército Sírio Livre (ESL), apoiado por Ancara. Segundo a agência curda de notícias ANHA, o incidente ocorreu a meio caminho entre as localidades do Jarablus e Manbij, de onde militantes do Estado Islâmico (EI) foram expulsos em meados de agosto por forças curdo-árabes lideradas pelas YPG. Nesta semana, tanques turcos e milicianos do ESL tomaram Jarablus do grupo jihadista. Uma vez concluída a operação em Manbij, os Estados Unidos – principal protetor das tropas curdo-sírias – e a Turquia exigiram às YPG que recuassem suas posições para a margem leste do rio Eufrates. Entretanto, segundo a agência oficial turca de notícias, a AA, algumas unidades se negaram a se retirar, levando aos disparos de artilharia do Exército turco durante a noite. Ancara teme a formação de um “cinturão curdo” ao longo da fronteira turco-síria, ainda mais porque as YPG são uma organização irmã do PKK, grupo considerado terrorista pela Turquia, a União Europeia e os EUA.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.