A ‘nação Phelps’, à frente de 150 países
Com a Rio 2016, nadador dos EUA conquista mais ouros que Argentina e fica a 7 ouros do Brasil
A Olimpíada do Rio de Janeiro foi a última do maior atleta olímpico de todos os tempos. Em cinco participações, Michael Phelps conquistou mais medalhas de ouro que mais de 150 países em toda a história dos Jogos Olímpicos: se despediu do Rio com 23 ouros, apenas 7 a mais do que o Brasil conseguiu em todas suas participações. Considerando todos os esportes e as olimpíadas já disputadas, países como Argentina, México, Portugal, Áustria e Índia chegaram menos vezes do que Phelps ao lugar mais alto do pódio.
Foram 16 anos e cinco olimpíadas para o nadador norte-americano, que chegou ao Brasil com 18 ouros e deixou o país com 23 – Phelps ganhou ainda uma prata. Os números limpos não traduzem a trajetória real do nadador, com altos e baixos, desde o garoto de sete anos que sofria de TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade) até jovem pai que coroou sua reinvenção nos Jogos do Rio.
A natação foi sua primeira porta para se lidar com o transtorno de atenção. O esporte, praticado por suas irmãs mais velhas Whitney e Hillary, foi um alento: conseguia se concentrar no exercício e ainda gastava energia. A primeira oportunidade em uma olimpíada veio em 2000, em Sydney. Aos 15 anos, ele chegou às finais dos 200 m borboleta e garantiu o quinto lugar, resultado expressivo para um atleta tão novo.
Quatro anos e alguns títulos depois, em Atenas, foi sua afirmação como nadador. Se restavam dúvidas sobre seu potencial, Phelps liquidou todas elas na Grécia. Em 2004, foram duas medalhas de bronze e seis de ouro, que o qualificaram como estrela e favorito para os Jogos seguintes, em Pequim. Na China, a expectativa e o favoritismo não assustaram a super-estrela norte-americana. Ele foi além do esperado e garantiu incríveis oito medalhas de ouro, superando o nadador e compatriota Mark Spitz como o atleta que mais subiu ao pódio em uma mesma edição de jogos olímpicos.
Phelps, a 39ª nação mais vencedora da história dos Jogos
1ª: Estados Unidos – 1022 ouros
2ª: União Soviética* – 395 ouros
3ª: Grã-Bretanha – 263 ouros
4ª: China – 227 ouros
5ª: França – 212 ouros
6ª: Itállia – 206 ouros
7ª: Alemanha – 191 ouros
8ª: Hungria – 175 ouros
9ª: Alemanha Oriental* – 153 ouros
10ª: Rússia – 149 ouros
11ª: Austrália – 147 ouros
12ª: Suécia – 145ouros
13ª: Japão – 142 ouros
14ª: Finlândia – 101 ouros
15ª: Coreia do Sul – 90 ouros
16ª: Romênia – 89 ouros
17ª: Holanda – 85 ouros
18ª: Cuba – 77 ouros
19ª: Polônia – 67 ouros
20ª: Canadá – 63 ouros
21ª: Alemanha Ocidental* – 56 ouros
21ª: Noruega – 56 ouros
23ª: Bulgária – 51 ouros
24ª: Tchecoslováquia* – 49 ouros
24ª: Suíça – 49 ouros
26ª: Nova Zelândia – 46 ouros
27ª: Equipe Unificada (pós-União Soviética)* - 45 ouros
27ª: Dinamarca – 45 ouros
29ª: Espanha – 44 ouros
30ª: Bélgica – 40 ouros
31ª: Turquia – 39 ouros
32ª: Ucrânia – 35 ouros
33ª: Grécia – 33 ouros
34ª: Quênia – 31 ouros
35ª: Brasil – 30 ouros
36ª: Equipe Unida da Alemanha* - 28 ouros
37ª: Iugoslávia – 26 ouros
38ª: África do Sul – 25 ouros
39ª: Phelps – 23 ouros
39ª: Jamaica – 23 ouros
41ª: Etiópia – 22 ouros
42ª: Argentina – 21 ouros
* Equipes formadas para os Jogos ou de nações já extintas
No caminho da fama
Acreditava-se que os Jogos de Londres, em 2012, seriam o auge do atleta, mas a fama acabou se mostrando mais um obstáculo para Phelps. Um ano após a fantástica apresentação na China, uma foto do nadador usando um bong (aparelho utilizado para se fumar cannabis e outras ervas) viralizou na Internet. Ele foi suspenso por três meses e perdeu seu maior patrocinador.
Foi o estopim para uma mudança radical no comportamento do atleta. O temperamento difícil somado aos novos hábitos de celebridade resultariam em um desgaste com Bob Bowman, seu treinador desde os 11 anos de idade, considerado pelo nadador como um segundo pai. A relação seguiu ruim até a Olimpíada de 2012, mas, para disputar a competição, os dois mantiveram a crise em segredo. O momento conturbado não impediu Phelps de conquistar mais quatro ouros e duas pratas e chegar à marca de 22 medalhas, 18 de ouro: se tornou o maior medalhista da história dos Jogos Olímpicos, superando Larissa Latynina, ginasta da antiga União Soviética entre 1956 e 1964, com 18.
A consagração não era o suficiente para fazê-lo feliz nadando: o norte-americano decidiu se aposentar após Londres. Ele mesmo conta, porém, que a sensação de alegria na aposentadoria duraria pouco. Em 2013, decidiu retornar às águas e pediu a Bowman para voltar a treiná-lo. Relutante, o antigo técnico aceitou, mas uma nova recaída tornaria tornou praticamente impossível a participação de Phelps em mais uma olimpíada: foi preso em setembro de 2014 pela segunda vez por dirigir alcoolizado. Suspenso por seis meses e fora da equipe norte-americana na Copa do Mundo de Natação de 2015, ele era considerado carta fora do baralho para a Rio 2016. Na fase classificatória, ele mostraria que ainda podia surpreender: venceu os 200m borboleta, os 200m medley e os 100m borboleta na seletiva para os Jogos do Rio, e, assim, garantiu vaga para a quinta e - e ele diz última - Olimpíada.
Ser porta-bandeira dos Estados Unidos na cerimônia de abertura já seria homenagem suficiente para o maior nadador de todos os tempos, mas ele queria mais. Os resultados na Rio 2016 deram a Phelps o fim de carreira de ele sonhava. Individualmente, chegou à 13ª medalha de ouro, o que o levou a quebrar um recorde de 2160 anos, superando Leônidas de Rodes, um dos mais famosos atletas olímpicos da Antiguidade, que havia conseguido 12 ouros no atletismo, até então o recorde de vitórias individuais da história das Olimpíadas.
"Estes Jogos são a cereja que queria colocar no meu bolo", disse Phelps, que quer tempo agora para ver seu bebê, Boomer, crescer, e ficar com a família - antes do Rio, Phelps também se reaproximou do pai, Fred. O desafio do rei das piscinas é encontrar um lugar confortável para sua vida fora dela. Já falou em lutar por boas condições para nadadores pelo mundo e até ser professor de natação ou salva-vidas. "Quero que as crianças estejam mais seguras na água. Se posso ensiná-los a nadar, será um grande êxito."
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.