_
_
_
_

“Fomos muito injustos com vocês. Tudo na Rio 2016 foi perfeito”

Turistas relatam ao EL PAÍS suas experiências no Rio durante a Olimpíada

Felipe Betim
Turista em Copacabana.
Turista em Copacabana.Adam Pretty (Getty Images)
Mais informações
A noitada que Ryan Lochte não queria que o mundo soubesse
As medalhas do Brasil: conheça os atletas que subiram ao pódio na Rio 2016

Uma das coisas que o Rio de Janeiro sabe fazer de melhor é ser gentil com as pessoas que recebe. Ao menos essa parece ser a opinião da maioria dos turistas que vieram acompanhar os Jogos Olímpicos neste mês de agosto. Segundo uma pesquisa do ministério do Turismo, que entrevistou 1.262 estrangeiros e 4.150 turistas brasileiros, 98,6% destacaram a hospitalidade do carioca. Além disso, 83,1% dos estrangeiros disseram que os Jogos atenderam ou superaram as expectativas e 87,7% pretendem retornar ao Brasil. Uma porcentagem similar também aprovou a organização geral do evento.

Nesta sexta-feira, o EL PAÍS foi a Copacabana e conversou com mais de uma dezena de visitantes para conhecer melhor o que opinam sobre a cidade e os Jogos. Todos coincidiram em algo: o melhor do Brasil são as pessoas. E apesar de algumas críticas pontuais, como o alto preço dos ingressos e da hospedagem, todos disseram que as expectativas foram superadas. Veja abaixo os principais relatos.

"Fomos muito injustos com vocês"

Leslie Shannan, de 51 anos, já esteve em cinco Jogos Olímpicos contando com o do Rio. Nascida na Finlândia, já morou em Sidney —"achava que era o lugar mais bonito do mundo antes de vir pro Rio"— e hoje mora na Califórnia com os dois filhos e marido. A imprensa norte-americana, para ela, foi muito negativa ao apenas falar sobre o zika vírus, a violência e a poluição. "Fomos muito injustos com vocês. Tudo foi perfeito", diz. O ponto alto da viagem foram as pessoas, segundo conta. "Todo mundo é muito acolhedor e muito gentil, e a minha impressão é que os cariocas só querem compartilhar a cidade". Umas das lembranças que guarda é a gentileza das pessoas ao ceder o assento para o seu filho Ahti, de oito anos, e ajudá-lo a ver melhor as competições. Para o menino, "nadar" na praia e "jogar futebol" foram as coisas que mais gostou. "Todos chamavam ele para jogar! Meu marido e outro filho continuam na praia jogando", conta.

Shannan opina que a organização dos jogos "perfeita", mas destaca um ponto negativo: o mais alto preço dos ingressos de todas as Olimpíadas que já esteve. "É uma pena que a maioria dos cariocas não puderam aproveitar. Isso foi visível. Não faz sentido pra mim, os Jogos deveriam ser para eles. E havia muitas cadeiras vazias, a organização podia ter barateado para atrair as pessoas. Seria melhor para elas e para os atletas", conta. Disse que se sentiu segura e aprovou o esquema de segurança, embora "não goste da ideia de ver pessoas armadas em cada esquina". Também aprovou o transporte, mas fez uma ressalva: "Se vou no metrô especial até o Parque Olímpico, vejo pessoas como eu. Mas quando vou para Deodoro no ônibus normal, vejo as pessoas normais da cidade".

"Não vim por causa dos Jogos, vim pelas pessoas"

As amigas Sooyeon Kim, de 26 anos, Jung Hee Jan, de 33, e Goeuni Chot, de 30, deixaram a Coreia do Sul para viajar por vários países de mochila. Então aproveitaram a Olimpíada para conhecerem o Rio. Na verdade, Jan já havia passado por aqui antes. "Fiquei encantada com as pessoas. Vim por elas, não por causa dos Jogos", enfatizou. Sentadas em uma lanchonete de Copacabana, as três coincidem que o mais "impressionante" do Rio é a forma como as pessoas "cumprimentam" e como "estão sempre sorrindo". "Mesmo os que não falam inglês se preocupam em ajudar", diz Kim. Ao contrário do que pensavam, sentiram-se muito seguras e ainda não compraram passagem de volta. Simplesmente não têm planos, decidiram ficar mais. A organização dos Jogos, explicam, foi "ótima", mas gostariam que houvesse "mais voluntários que falassem outras línguas além do inglês". Além disso, acharam o preço do transporte público caro se comparado com outros países. Mas o mais difícil foi encontrar hospedagem barata em um bom lugar. Com suas mochilas no chão, haviam acabado de deixar o hostel aonde estavam, em Copacabana. Abrem então um enorme mapa e perguntam ao jornalista: "Em qual bairro é legal ficar?"

"O maior choque é que aqui tudo é muito grande!"

O belga Steve Sanfilippo, de 44 anos, conta que, em um determinado momento de sua viagem ao Rio estava na areia da praia de Copacabana de olhos fechados e, quando abriu, teve a sensação de estar em casa. "A praia, os prédios... Poderia ser meu povoado. A diferença é que aqui tudo é muito grande!". Esse foi o maior choque cultural para ele. E também a cerveja. "Parece que colocaram mais água do que deveriam na Brahma!", opina. Sanfilippo diz não entender o motivo das pessoas criticarem tanto o Brasil por receber eventos esportivos. "Quem critica deveria vir aqui para ver. Funcionou tudo muito bem e vocês foram maravilhosos", diz. Outra coisa que o surpreendeu positivamente foi a hospitalidade das pessoas. "Na Europa as pessoas são mais frias, principalmente mais no norte. E aqui todos são muito gentis, muito próximos. Existe um ambiente leve, relaxado no Rio". Ele diz que gosta de fazer turismo durante eventos esportivos, mas que pretende voltar ao Rio em breve. "Quero agora conhecer a cidade sem um evento, para conhecer mais sua realidade".

"Todas as minhas expectativas foram superadas"

A jamaicana Kerryann, de 38 anos, também conta que, antes de vir para o Rio, só escutava críticas negativas. "Parecia que ia dar tudo errado. E minha experiência foi totalmente o oposto disso", diz. "As pessoas são agradáveis, são amigas, são gentis. Estão sempre tentando ajudar", conta essa moradora da Flórida, que leva uma quentinha com batatas fritas para dar a algum morador de rua. O também jamaicano James, de 37 anos, coincide com tudo isso. Uma coisa que se destacou para ele foi o centro da cidade, sobretudo a arte urbana da zona portuária, que foi completamente reformada nos últimos anos. O único ponto negativo de sua experiência foram os taxistas que, muitas vezes, "não sabiam direito como chegar aos lugares e davam muitas voltas, cobrando muito mais do que normal". Fora isso, tudo perfeito: "As pessoas, a comida, a segurança, a organização dos Jogos... Tudo".

"Foi tudo muito mais eficiente do que eu esperava"

Para o norueguês Tor Lund, de 48 anos, o evento foi "muito mais eficiente" do que esperava e superou "todas as suas expectativas". Isso porque "tudo o que se falava sobre o Rio e o Brasil era horrível. E agora não consigo pensar em nada negativo. Pode anotar, faço questão que isso esteja: foi maravilhoso".

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_