Aos 54 anos, Santiago Lange conquista na vela o segundo ouro para Argentina
Atleta mais veterano do Rio sobe ao pódio na classe Nacra 17 mista. Há menos de um ano, lutou contra um câncer de pulmão
Santiago Lange transformou-se numa lenda para a vela argentina. Quatro vezes campeão mundial, três na classe Snipe e uma na Tornado, duas vezes bronze olímpico, o velejador ganhou a medalha de ouro ao lado de sua companheira Cecilia Carranza Caroli na classe Nacra 17. Lange fará 55 anos em 22 de setembro, o que o torna o atleta mais velho da competição no Rio. Também em 22 de setembro, mas de 2015, Lange entrou na sala de cirurgia para a retirada de um pulmão atingido por um tumor. Desde esse momento, iniciou a contagem regressiva para coroar um sonho que ficará na memória de muitos argentinos. Lange ganhou o ouro e, com ele, uma das batalhas mais duras de sua vida.
Lange e Carranza chegaram à Medal Race, última regata da vela e de pontuação dobrada, com cinco pontos de vantagem sobre a Itália e sete sobre a Áustria. O cálculo era simples: o terceiro lugar garantia o primeiro lugar no pódio. Mas a história se complicou até mesmo antes do começo, quando a dupla teve de sair em último lugar devido a uma penalização. No entanto, logo voltou ao lugar que precisava para o ouro. A regata prosseguiu tranquila até que, na virada da segunda boia, os juízes aplicaram outra sanção à dupla ao tentar ultrapassar os austríacos. O casal teve de dar uma volta sobre o próprio eixo do barco. Tudo parecia perdido.
A dupla argentina cruzou a linha de chegada em sexto lugar, numa regata vencida por Nova Zelândia, Austrália e Áustria. A Itália, outro rival a superar, ficou em sétimo. Ainda abatidos pela penalização, Lange e Carranza terminaram a prova sem saber ao certo o resultado. Olharam ao redor e não contiveram a emoção quando um jornalista argentino a bordo de uma lancha próxima lhes informou que eram os vencedores, com 77 pontos, na frente da Austrália e da Áustria, empatadas no segundo posto. “Ouro, ouro, ouro, ganhamos o ouro!”, gritou Lange. Sua companheira ficou de pé no barco, abraçou-o e o aplaudiu, consciente de que ele era a estrela. “Tivemos medo com a penalização, não era o que tínhamos planejado”, disse Lange à TV argentina. “Quando terminamos, pensamos que tínhamos ganhado medalha de prata. Mas tenho aqui do meu lado uma eminência”, disse-lhe Carranza.
Lange não viajou sozinho ao Rio. Seus filhos Yago e Klaus competiram na categoria 49er. A doença, a idade, tudo se misturou em Lange quando ele teve de falar com a imprensa. “A verdade é que a vida é uma maravilha, sou um privilegiado, tenho filhos maravilhosos, amigos em todo o mundo. O que mais posso pedir? Isso é algo que faço com paixão, sem importar a idade”, disse Lange, corredor de mil regatas e homem de ouro da vela argentina.
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