Pernilongo é um possível transmissor da zika, segundo pesquisa da Fiocruz
Estudo feito em Pernambuco detectou mosquitos da espécie infectados com o vírus
Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no nordeste do país identificou que mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus, os conhecidos pernilongos caseiros, podem ser infectados pelo zika, causador de microcefalia em fetos de grávidas contaminadas. A descoberta indica que ele é um possível transmissor do vírus para os humanos, ao lado do Aedes aegypti, e isso pode impactar a forma como o combate aos mosquitos transmissores da doença é feita no país.
O último boletim do Ministério da Saúde confirmou entre outubro do ano passado e 16 de julho deste ano 1.709 casos de microcefalia em bebês brasileiros dentre os 8.571 notificados ao órgão. Neste ano, foram registrados 165.932 casos prováveis de febre pelo zika no país, sendo 66.180 confirmados pelo ministério.
A pesquisa da Fiocruz foi feita em Pernambuco, o Estado que teve o maior número de casos confirmados de microcefalia desde o início da epidemia. Os mosquitos da espécie foram coletados na região metropolitana do Recife, onde a população de pernilongos é até 20 vezes maior do que a de Aedes aegypti. Eles foram buscados em regiões onde havia casos de pessoas que foram infectadas pelo zika.
Em três dos oitenta grupos de mosquitos coletados já havia insetos infectados naturalmente pelo vírus. Depois, no laboratório, os pesquisadores também infectaram os pernilongos com uma mistura de sangue e zika, em duas concentrações diferentes — uma delas simulando a quantidade de vírus que circula em uma pessoa infectada; outra, maior. Depois, cada mosquito foi dissecado para a extração do intestino e da glândula salivar, tecidos que podem bloquear a reprodução do vírus quando o mosquito não é o seu vetor. Se o mosquito é o vetor, o vírus se multiplica pelo corpo do inseto e chega também a esses locais. Após o terceiro dia de infecção, o zika foi detectado nas glândulas salivares. O mesmo aconteceu com os exemplares de Aedes aegypti infectados na mesma pesquisa e ambos desenvolveram a mesma carga viral.
Os pesquisadores destacam que ainda são necessários novos estudos para avaliar qual o potencial da participação do mosquito na disseminação do zika e seu papel na epidemia que o Brasil enfrenta. Mas a descoberta pode ajudar a explicar a rápida disseminação da doença no país, já que o foco do Governo é diminuir a prevalência do Aedes, que circula há décadas no Brasil e também transmite a dengue e o chikungunya -o instituto não testou se esses vírus também podem ser transmitidos para os pernilongos. O Ministério da Saúde afirmou que a política de controle do zika permanece a mesma por hora e destacou que um estudo similar, feito no Rio, não detectou o zika em pernilongos.
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