_
_
_
_

Poucos escapam da Justiça: o perfil dos principais candidatos à presidência da Câmara

Além de pendências com a Justiça, maioria é aliada ao ex-presidente Eduardo Cunha

Marina Rossi

Dezessete deputados oficializaram sua candidatura à presidência da Câmara. Mas três desistiram de última hora, restando 14 para concorrer às eleições que ocorrem na tarde desta quarta-feira, um número bastante alto considerando as mais recentes disputas. O pleito ocorre depois que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou ao cargo, na semana passada, e é um teste importante para a superbase do Governo interino de Michel Temer. O mandato-tampão dura até fevereiro do ano que vem, quando novas eleições ocorrerão.

Vista da Câmara dos Deputados durante uma sessão.
Vista da Câmara dos Deputados durante uma sessão.EFE

Os inscritos têm até uma hora antes do início das eleições - mudada duas vezes, a última delas para as 17h30 - para retirar a candidatura. A deputada petista Maria do Rosário, Beto Mansur, do PRB, e Fausto Pinato, do PP, já anunciaram a desistência. Restam na disputa: Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), Evair de Melo (PV-ES), Fausto Pinato (PP-SP), Fábio Ramalho (PMDB-MG), Marcelo Castro (PMDB-PI), Francisco Giacobo (PR-PR), Luiza Erunina (PSOL-SP), Miro Teixeira (Rede-RJ), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Rogério Rosso (PSD-DF), Gilberto Nascimento (PSC-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP).

Com tantos concorrentes, é difícil prever o resultado. Mas há cinco nomes fortes na disputa, que fazem parte tanto da bancada governista, quanto da oposição. Em comum, a maioria tem pendências com a Justiça e são conservadores, alinhados com o Governo Temer, com exceção de Erundina. Lançada nos últimos dias, a candidatura de Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma Rousseff e do partido do presidente interino, embaralha a disputa e põe mais pressão sobre o Planalto. Confira (em ordem alfabética):

Fernando Giacobo (PR-PR)

Deputado Fernando Giacobo.
Deputado Fernando Giacobo.Luis Macedo (Câmara dos Deputados)

Deputado desde: 2003, pelo PPS e PL antes de ir para o PR. Giacobo seria o próximo na linha sucessória se o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, não tivesse assumido no lugar de Cunha.

É aliado de Eduardo Cunha? Sim. É um dos candidatos do chamado centrão.

Posição em relação ao impeachment: Votou a favor

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 250.000 reais da JBS.

Tem alguma pendência com a Justiça? Neste momento, não. Mas já foi réu no Supremo Tribunal Federal em três ações: Em 2006, foi acusado por falsidade ideológica e formação de quadrilha, crime que prescreveu em 2011, e, em seguida, ele foi inocentado. Em 2011, foi acusado de lavagem de dinheiro. Em 2008, o Supremo suspendeu o julgamento de Giacobo pelo crime de sequestro e cárcere privado, uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal.

As três ações já prescreveram, por isso, neste momento, Giacobo não responde por nenhum crime no STF.

Deputada Luiza Erundina.
Deputada Luiza Erundina.Luis Macedo (Câmara dos Deputados)

Luiza Erundina (PSOL-SP)

Deputado desde: 1999, pelo PSB, antes de ir para o PSOL neste ano

É aliado de Eduardo Cunha? Não. É a única candidatura de aberta oposição a Temer e de esquerda, considerada uma postulação-protesto da pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.

Posição em relação ao impeachment: Votou contra.

Deputado Marcelo Castro.
Deputado Marcelo Castro.Luis Macedo (Câmara dos Deputados)

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não

Tem alguma pendência com a Justiça? No momento, não. Foi condenada a ressarcir a prefeitura de São Paulo por ter usado recursos do Governo para pagar anúncio em jornais em apoio a uma greve nacional. A decisão foi mantida pelo Supremo.

Marcelo Castro (PMDB-PI)

Deputado desde: 1998, passando pelo PMDB, PSDB, PPR e retornando ao PMDB

É aliado de Eduardo Cunha? Não. Embora seja do PMDB, Castro não é aliado de Cunha. Fez parte do Governo Dilma Rousseff entre 2015 e 2016, ocupando o cargo de ministro da Saúde. Os partidos de oposição (PT e PCdoB) discutem, inclusive, votar nele para enfraquecer a base aliada de Temer na Câmara.

Posição em relação ao impeachment: Votou contra.

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não

Deputado Rodrigo Maia.
Deputado Rodrigo Maia.Zeca Ribeiro (Câmara dos Deputados)

Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. É alvo de representação por captação ilícita de votos. Segundo a acusação, o deputado distribuiu dinheiro e pagou transporte de eleitores durante sua campanha para o cargo de deputado federal em 2014.

Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Deputado desde: 1999, pelo PFL, PTB, PFL novamente e em seguida pelo DEM.

É aliado de Eduardo Cunha? Sim. Foi indicado por Cunha para relatorias importantes durante seu mandato, como a da reforma política. Nesta eleição, no entanto, não é o preferido do deputado carioca. Representa os partidos da antiga posição à Dilma Rousseff - além do seu DEM, o PSDB, e sua candidatura quer medir forças com o centrão.

Posição em relação ao impeachment: Votou a favor

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 100.000 da JBS

Deputado Rogério Rosso.
Deputado Rogério Rosso.Antonio Araújo (Câmara dos Deputados)

Tem alguma pendência com a Justiça? Não

Rogerio Rosso (PSD-DF)

Deputado desde: 2006, quando foi eleito pelo PMDB

Mais informações
Rogério Rosso: “Impeachment de Collor era quase um consenso no país. Hoje há os prós e contras”
Cunha renuncia à presidência da Câmara para tentar seguir como deputado
E agora, Cunha? 7 respostas sobre a manobra para tentar salvar mandato
Todos pela cadeira de Cunha: renúncia embaralha disputa na Câmara

É aliado de Eduardo Cunha? Sim. Ele é apontado como o candidato do presidente interino Michel Temer e de Eduardo Cunha, mas nega.

Posição em relação ao impeachment: Votou a favor, “em homenagem ao povo do Distrito federal que recebe a todos de braços abertos, inclusive a minha família”. Presidiu a Comissão Especial do Impeachment.

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não.

Deputado Beto Mansur.
Deputado Beto Mansur.Luis Macedo (Câmara dos Deputados)

Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. Neste ano, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal o condenou pela extinção e criação de cargos com aumento de remuneração sem autorização legal na Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA) durante seu governo no DF (2010). A Justiça anulou os decretos que reestruturaram a ADASA e determinou aos réus o ressarcimento aos cofres públicos pelo prejuízo causado. Houve recurso no primeiro grau, mas sentença foi mantida.

Em 2010, foi indiciado por peculato e corrupção eleitoral. Durante seu mandato de governador em 2010, Rosso teria empregado funcionários públicos na campanha da ex-deputada Jaqueline Roriz, filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, ao cargo de deputada federal nas eleições daquele ano. O caso está no Supremo à espera de julgamento.

Beto Mansur (PRB-SP)

(O deputado, considerado um dos candidatos mais fortes, retirou a candidatura no início da tarde desta quarta)

Deputado desde: 2007, primeiro pelo PP.

É aliado de Eduardo Cunha? Sim. No ano passado, como primeiro-secretário, arquivou o processo de investigação aberto na Corregedoria contra Cunha.

Posição em relação ao impeachment: Votou a favor.

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 200.000 reais da construtora Odebrecht, 80.290 reais da construtora Queiroz Galvão e 6.500 reais da JBS.

Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. É réu em três processos no Supremo por crimes contra a administração pública, crimes de responsabilidade fiscal e trabalho escravo. Também é alvo em uma ação civil pública por crime ambiental.

Atualizado às 16h17

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_