Poucos escapam da Justiça: o perfil dos principais candidatos à presidência da Câmara
Além de pendências com a Justiça, maioria é aliada ao ex-presidente Eduardo Cunha

Dezessete deputados oficializaram sua candidatura à presidência da Câmara. Mas três desistiram de última hora, restando 14 para concorrer às eleições que ocorrem na tarde desta quarta-feira, um número bastante alto considerando as mais recentes disputas. O pleito ocorre depois que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou ao cargo, na semana passada, e é um teste importante para a superbase do Governo interino de Michel Temer. O mandato-tampão dura até fevereiro do ano que vem, quando novas eleições ocorrerão.

Os inscritos têm até uma hora antes do início das eleições - mudada duas vezes, a última delas para as 17h30 - para retirar a candidatura. A deputada petista Maria do Rosário, Beto Mansur, do PRB, e Fausto Pinato, do PP, já anunciaram a desistência. Restam na disputa: Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), Evair de Melo (PV-ES), Fausto Pinato (PP-SP), Fábio Ramalho (PMDB-MG), Marcelo Castro (PMDB-PI), Francisco Giacobo (PR-PR), Luiza Erunina (PSOL-SP), Miro Teixeira (Rede-RJ), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Rogério Rosso (PSD-DF), Gilberto Nascimento (PSC-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP).
Com tantos concorrentes, é difícil prever o resultado. Mas há cinco nomes fortes na disputa, que fazem parte tanto da bancada governista, quanto da oposição. Em comum, a maioria tem pendências com a Justiça e são conservadores, alinhados com o Governo Temer, com exceção de Erundina. Lançada nos últimos dias, a candidatura de Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma Rousseff e do partido do presidente interino, embaralha a disputa e põe mais pressão sobre o Planalto. Confira (em ordem alfabética):
Fernando Giacobo (PR-PR)

Deputado desde: 2003, pelo PPS e PL antes de ir para o PR. Giacobo seria o próximo na linha sucessória se o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, não tivesse assumido no lugar de Cunha.
É aliado de Eduardo Cunha? Sim. É um dos candidatos do chamado centrão.
Posição em relação ao impeachment: Votou a favor
Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 250.000 reais da JBS.
Tem alguma pendência com a Justiça? Neste momento, não. Mas já foi réu no Supremo Tribunal Federal em três ações: Em 2006, foi acusado por falsidade ideológica e formação de quadrilha, crime que prescreveu em 2011, e, em seguida, ele foi inocentado. Em 2011, foi acusado de lavagem de dinheiro. Em 2008, o Supremo suspendeu o julgamento de Giacobo pelo crime de sequestro e cárcere privado, uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal.
As três ações já prescreveram, por isso, neste momento, Giacobo não responde por nenhum crime no STF.

Luiza Erundina (PSOL-SP)
Deputado desde: 1999, pelo PSB, antes de ir para o PSOL neste ano
É aliado de Eduardo Cunha? Não. É a única candidatura de aberta oposição a Temer e de esquerda, considerada uma postulação-protesto da pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.
Posição em relação ao impeachment: Votou contra.

Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não
Tem alguma pendência com a Justiça? No momento, não. Foi condenada a ressarcir a prefeitura de São Paulo por ter usado recursos do Governo para pagar anúncio em jornais em apoio a uma greve nacional. A decisão foi mantida pelo Supremo.
Marcelo Castro (PMDB-PI)
Deputado desde: 1998, passando pelo PMDB, PSDB, PPR e retornando ao PMDB
É aliado de Eduardo Cunha? Não. Embora seja do PMDB, Castro não é aliado de Cunha. Fez parte do Governo Dilma Rousseff entre 2015 e 2016, ocupando o cargo de ministro da Saúde. Os partidos de oposição (PT e PCdoB) discutem, inclusive, votar nele para enfraquecer a base aliada de Temer na Câmara.
Posição em relação ao impeachment: Votou contra.
Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não

Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. É alvo de representação por captação ilícita de votos. Segundo a acusação, o deputado distribuiu dinheiro e pagou transporte de eleitores durante sua campanha para o cargo de deputado federal em 2014.
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Deputado desde: 1999, pelo PFL, PTB, PFL novamente e em seguida pelo DEM.
É aliado de Eduardo Cunha? Sim. Foi indicado por Cunha para relatorias importantes durante seu mandato, como a da reforma política. Nesta eleição, no entanto, não é o preferido do deputado carioca. Representa os partidos da antiga posição à Dilma Rousseff - além do seu DEM, o PSDB, e sua candidatura quer medir forças com o centrão.
Posição em relação ao impeachment: Votou a favor
Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 100.000 da JBS

Tem alguma pendência com a Justiça? Não
Rogerio Rosso (PSD-DF)
Deputado desde: 2006, quando foi eleito pelo PMDB
É aliado de Eduardo Cunha? Sim. Ele é apontado como o candidato do presidente interino Michel Temer e de Eduardo Cunha, mas nega.
Posição em relação ao impeachment: Votou a favor, “em homenagem ao povo do Distrito federal que recebe a todos de braços abertos, inclusive a minha família”. Presidiu a Comissão Especial do Impeachment.
Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Não.

Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. Neste ano, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal o condenou pela extinção e criação de cargos com aumento de remuneração sem autorização legal na Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA) durante seu governo no DF (2010). A Justiça anulou os decretos que reestruturaram a ADASA e determinou aos réus o ressarcimento aos cofres públicos pelo prejuízo causado. Houve recurso no primeiro grau, mas sentença foi mantida.
Em 2010, foi indiciado por peculato e corrupção eleitoral. Durante seu mandato de governador em 2010, Rosso teria empregado funcionários públicos na campanha da ex-deputada Jaqueline Roriz, filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, ao cargo de deputada federal nas eleições daquele ano. O caso está no Supremo à espera de julgamento.
Beto Mansur (PRB-SP)
(O deputado, considerado um dos candidatos mais fortes, retirou a candidatura no início da tarde desta quarta)
Deputado desde: 2007, primeiro pelo PP.
É aliado de Eduardo Cunha? Sim. No ano passado, como primeiro-secretário, arquivou o processo de investigação aberto na Corregedoria contra Cunha.
Posição em relação ao impeachment: Votou a favor.
Recebeu doação de campanha de alguma empresa envolvida na Lava Jato nas últimas eleições? Sim. Recebeu 200.000 reais da construtora Odebrecht, 80.290 reais da construtora Queiroz Galvão e 6.500 reais da JBS.
Tem alguma pendência com a Justiça? Sim. É réu em três processos no Supremo por crimes contra a administração pública, crimes de responsabilidade fiscal e trabalho escravo. Também é alvo em uma ação civil pública por crime ambiental.
Atualizado às 16h17
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