Trump se distancia do ‘lobby’ das armas e propõe limitar vendas
O candidato republicano rompe com seu partido e respalda uma iniciativa democrata
O candidato republicano Donald Trump anunciou nesta quarta-feira que se reunirá com a Associação Nacional do Rifle para estudar novas restrições às armas. Em mais uma iniciativa que o afasta dos princípios tradicionais defendidos pelo Partido Republicano, Trump propõe que as pessoas sob investigação por suspeita de terrorismo, ou que estejam proibidas de voar, não possam comprar armas de maneira legal.
“Vou me reunir com a NRA, que já me deu seu apoio, para tratar da proibição de venda de armas a quem já é proibido de embarcar em aeronaves”, anunciou o candidato republicano à presidência em sua conta do Twitter. Sua iniciativa, apresentada quatro dias depois do massacre em Orlando, distancia-o de seu próprio partido e demonstra que pode reunir-se com a NRA, um dos lobbies mais influentes do país, apesar de defender uma regulamentação que esse grupo já rejeitou publicamente. A Associação considera essas restrições como “pouco eficazes, inconstitucionais ou as duas coisas”.
Em nota divulgada na quarta-feira, a NRA afirma que mantém a posição de que as compras por parte de pessoas investigadas pelo FBI não devem ser proibidas, mas “adiadas”, para que a agência de investigação possa verificar a ameaça que representa para a segurança dos cidadãos. A Associação é contra os terroristas terem acesso às armas, mas reitera que é necessário estabelecer novas proteções para os norte-americanos incluídos por engano na lista que proíbe o embarque em aeronaves.
Em discurso na quarta-feira em Atlanta, Trump defendeu a proibição de entrada de muçulmanos nos Estados Unidos e afirmou que ataques como o de Orlando “acontecerão outras vezes” e que “enquanto não nos respeitarem”, em referência aos países inimigos dos Estados Unidos, “as coisas vão continuar piorando”.
São argumentos que não se distanciam de suas últimas propostas, mas sua iniciativa sobre as armas se soma à lista de contradições dos últimos meses e o situa mais próximo daquilo que defende a aspirante democrata Hillary Clinton ou mesmo do Governo Obama, que dos republicanos.
Depois dos atentados de Paris em novembro do ano passado, o candidato se mostrou favorável a essa ideia, imediatamente eclipsada por sua proposta de impedir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. “Se uma pessoa está sendo vigiada e sabemos que é um inimigo do Estado, nós a manteríamos longe [das armas], sem dúvida alguma”, declarou na época em entrevista para à rede ABC.
Com o avanço das primárias, no entanto, o empresário republicano também defendeu que é a favor das armas e acusou Clinton de querer “abolir a Segunda Emenda” da Constituição, que reconhece especificamente o direito ao porte de armas.
A maioria dos legisladores republicanos é contra a aprovação de uma medida que restrinja o acesso às armas mesmo no caso de pessoas investigadas pelo FBI por possíveis vínculos com o terrorismo. Senadores e deputados republicanos, como o restante dos candidatos derrotados por Trump nas primárias, alegam que esse tipo de proibição violaria o direito constitucional de quem for incluído na lista por engano.
Trump mostrou de maneira indireta seu apoio a um projeto de lei defendido por vários senadores democratas. A iniciativa, que já foi derrotada em dezembro, é a resposta do Partido Democrata ao pior massacre nos Estados Unidos desde o 11 de Setembro e se baseia exatamente naquilo que Trump defendeu na quarta-feira: quem não pode voar, também não pode comprar armas.
“Se conseguir convencer a NRA a apoiar isso, que Deus te abençoe”, declarou na quarta-feira o deputado democrata por Nova York, Joe Crowley. “No entanto, isso só demonstra o poder da NRA, que seu candidato presidencial tenha de ajoelhar-se e implorar por sua permissão para apoiar a medida para que depois os outros legisladores possam fazer o mesmo. É uma loucura”.
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