_
_
_
_
_

Chefe militar do Hezbollah na Síria morre em ataque perto de Damasco

Mustafa Badreddine esteve envolvido no assassinato do ex-premiê libanês Hariri

Mustafa Amine Badreddine. REUTERSFoto: reuters_live
Juan Carlos Sanz
Mais informações
As feridas de Palmira (legendas em espanhol)
Guerra síria também cura as feridas no hospital inimigo
Urnas para construir casas de palestinos demolidas por Israel

O partido-milícia xiita libanês Hezbollah anunciou nesta sexta-feira a morte na Síria de Mustafa Badreddine, de 55 anos, um dos seus principais chefes militares, vitimado por “uma grande explosão” nos arredores de Damasco. A TV libanesa Al Mayadin informou que o comandante do Partido de Deus (significado de Hezbollah em árabe) foi alvo de um bombardeio israelense contra uma base próxima ao aeroporto da capital síria, na terça-feira. “Estamos investigando se a explosão foi causada por um bombardeio aéreo, um míssil ou por disparos de artilharia”, observou o grupo em nota, sem atribuir a autoria dos fatos. O texto também destacava que “o grande líder jihadista” Badreddine participou da maior parte das “operações da resistência islâmica desde 1982”.

Israel costuma guardar silêncio quando a imprensa árabe lhe atribui ações militares no Oriente Médio, e um porta-voz das forças de segurança do Estado judaico recusou-se a fazer comentários nesta sexta-feira. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reconheceu no mês passado, entretanto, que suas Forças Armadas realizaram “dezenas de operações na Síria” durante os cinco anos de guerra civil nesse país, tendo como alvos arsenais e comboios de transporte de armas do Hezbollah. Segundo o jornal israelense Haaretz, os indícios colhidos até agora contrariam a tese de uma ação militar de Israel. A imprensa síria e libanesa, ao repercutir o comunicado do Hezbollah, também parecia descartar essa versão. O Hezbollah é aliado do regime de Bashar al Assad, e na região do aeroporto de Damasco há uma grande presença de forças rebeldes inimigas do presidente sírio.

O Tribunal Especial para Líbano, criado em 2007 por decisão do Conselho de Segurança da ONU, processou à revelia Badreddine e outros membros do Hezbollah como autores intelectuais e executores do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik al Hariri, num atentado com um carro-bomba em Beirute em 2005. Para escapar da Justiça internacional, o chefe militar xiita se refugiou na Síria, onde a partir de 2011 participou ativamente na guerra civil como aliado de Assad.

Esse comandante do Hezbollah chegou a ser apontado como um dos mentores de um atentado contra um quartel do Corpo de Marines dos EUA em Beirute, que matou 241 pessoas em 1983. Badreddine foi condenado à morte como autor de vários ataques a bomba em 1983 no Kuwait, de onde fugiu enquanto aguardava a execução, depois da invasão do país pelo regime iraquiano de Saddam Hussein, em 1990.

Badreddine assumiu o comando da força na Síria depois da morte de seu cunhado Imad Mugniyah, outro comandante do Hezbollah, morto em 2008 em Damasco numa ação também atribuída a Israel, assim como a operação que causou a morte do filho deste último, Jihad, no ano passado. O chefe militar do Hezbollah esteve à frente da ofensiva de Al Qusair, que em fevereiro de 2013 contribuiu para aliviar a pressão das forças rebeldes sobre o regime do Assad. Os Estados Unidos consideram que nos últimos tempos Badreddine dirigia operações militares do Hezbollah na Síria, segundo a Reuters. Como chefe militar, ele chegou a acompanhar o líder da organização, Hassan Nasrallah, em encontros de alto nível com o presidente sírio.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_