Israel liberta menina palestina de 12 anos depois de dois meses na prisão
A menor foi condenada por tentar atacar israelenses com uma faca em um assentamento judeu


A menina palestina D. A. W. , de 12 anos, foi libertada da prisão neste domingo, depois de ter permanecido encarcerada por dois meses e meio em Israel, e entregue à família em um posto de controle perto de Tulkarem (norte da Cisjordânia). A menor foi julgada depois de ter sido presa, vestida com o uniforme escolar, no dia 9 de fevereiro no assentamento judaico de Karmel Tzur, perto de sua casa em Halul, na província de Hebron (sul da Cisjordânia), acusada de ter tentado atacar israelenses com uma faca.
"É a menina palestina mais jovem presa em Israel, onde a lei proíbe a prisão de menores de 14 anos", disse à France Presse o advogado Tariq Barghut. A lei militar israelense aplicada na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, sob ocupação desde 1967, permite, no entanto, incriminar crianças de até 12 anos, um caso excepcional em todo o mundo, de acordo com o Unicef.
"Ela está muito feliz, mas fala muito dos prisioneiros que deixou para trás na prisão", disse no domingo o pai da menina, que foi libertada dois meses antes do fim de sua sentença, a pedido da família e depois de uma campanha popular, que exigiu sua libertação diante da divergência entre as leis civis e militares de Israel.
Seus parentes denunciaram que a menor foi detida com presos palestinos adultos e que sua mãe só pôde visitá-la pela primeira vez em 28 de março, durante 45 minutos, e sem contato físico entre ambas. O advogado da menina, Abir Bachar, em entrevista ao jornal Haaretz, criticou o tribunal militar por ter colocado a menina atrás das grades, em vez de lhe oferecer tratamento para os supostos problemas de comportamento que um assistente social israelense destacou durante a visita.
Durante a onda de violência iniciada em outubro passado – na qual morreram 28 israelenses e 201 palestinos (em sua maioria considerados agressores) –, o número de detenções de menores por "crimes contra a segurança" disparou, segundo o Serviço Israelense de Prisões. Dos 170 jovens detidos em setembro, o número subiu para 438 em fevereiro, sendo que 54% desse total se encontra em prisão preventiva, aguardando julgamento. Apenas seis deles, envolvidos em ações terroristas conduzidas por judeus, não são palestinos.