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Dilma vai recorrer ao Mercosul se impeachment for aprovado no Senado

Presidenta afirma em Nova York que pode recorrer à suspensão no Mercosul

Dilma Rousseff na ONU.
Dilma Rousseff na ONU.MIKE SEGAR (REUTERS)
Amanda Mars

A presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira em Nova York que o processo de impeachment iniciado no Congresso contra ela não constitui nada além de "um golpe" à democracia e que, se for adiante, vai lutar e poderá recorrer também ao Mercosul. Em um encontro com vários meios de comunicação depois de seu discurso em uma cerimônia da ONU sobre o clima, a presidenta salientou que seus opositores buscam retirá-la do poder sem fundamentos legais.

"Apelaria à cláusula democrática se o Senado aceitar o processo quebrando as normas democráticas", disse a repórteres na casa do Consulado do Brasil. O Mercosul tem uma cláusula democrática que pode ser ativada para suspender um país caso um Governo seja derrubado, como aconteceu no Paraguai em 2012.

Depois que a Câmara dos Deputados aprovou o processo de impeachment, é o Senado que deve ratificá-lo em uma votação prevista para o início de maio. Dilma enfatiza que não há base legal que respalde o processo de impedimento, uma vez que não é alvo de qualquer processo criminal. "Não há uma só acusação de corrupção contra mim", disse, "é incômodo destituir uma pessoa inocente".

Mas o apoio que teria no grupo de países latino-americanos que compõem o Mercosul não está claro. O Uruguai tem defendido Dilma –e é o país que ocupa a presidência rotativa da Unasul e do Mercosul–, mas não conseguiu levar em frente um texto de apoio à presidenta. O Paraguai, em especial, considera a dura crise política brasileira (paralela a uma econômica não menos grave) como um assunto interno sobre o qual o Mercosul tem pouco a dizer.

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Tanto esta possibilidade de recorrer ao Mercosul como o comparecimento ante a imprensa em Nova York fazem parte da estratégia internacional lançada pela equipe da presidenta para tentar combater o processo fora do Brasil. Em teoria, o impeachment tem como argumento o uso de táticas irregulares orçamentárias do governo, embora a votação da Câmara dos Deputados tenha deixado claro que o que ocupa a oposição é a crítica política contra Dilma. É por isso que Dilma não vê nenhuma base legal. "Essa é uma questão política, não posso ser destituída por razões políticas", afirmou.

Aceitará o resultado do que o Senado disser se optar por retirá-la do poder? Fizeram duas vezes a mesma pergunta a Dilma, para deixar claro que vai lutar. "Eu vou lutar com todas as minhas forças para assegurar que a democracia não seja rompida" no Brasil, disse, reforçando que as eleições democráticas devem ser respeitadas.

Horas antes compareceu à cerimônia de assinatura do acordo sobre o clima, alcançado na cúpula de Paris em dezembro, para garantir ante os 171 países presentes que o povo brasileiro "trabalha duro, ama a liberdade" e impedirá "qualquer retrocesso". Enquanto isso, a Presidência ficou a cargo do vice-presidente Michel Temer, a quem Dilma considera "golpista e conspirador".

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