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Eduardo Cunha pode evitar cassação, mas saída da presidência da Câmara é dada como certa

Troca no Conselho de Ética é novo subterfúgio a favor do presidente da Câmara Votação do impeachment, no domingo, deve retirar sua blindagem no Congresso

R. B.
Eduardo Cunha preside sessão nesta quarta-feira.
Eduardo Cunha preside sessão nesta quarta-feira.Luis Macedo (Câmara dos Deputados)
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Se o clima em Brasília é de incerteza quanto ao futuro político do país, o roteiro no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados segue o mesmo e não surpreende mais ninguém. Mais uma reunião sobre o processo que pode levar à cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi realizada nesta quinta-feira, e mais uma investida inesperada surgiu para beneficiar o investigado, que pode ver-se livre da cassação de seu mandato. Isso porque o deputado Fausto Pinato (PP-SP), que foi primeiro relator do processo em que Cunha é acusado de mentir sobre contas no exterior em depoimento à CPI da Petrobras, deixou seu posto no Conselho nesta semana após trocar de partido.

Pinato era um dos 11 membros do conselho que votou a favor da continuidade do processo de cassação de Cunha, enquanto outros 10 integrantes votaram pelo fim do processo. Com a saída do deputado,  o PRB, partido deixado por Pinato, indicou a deputada Tia Eron (PRB-BA), mais alinhada com Cunha, o que aponta para uma mudança de voto e de resultado final. “Não é à toa que ela veio", insinuou o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PR-BA). "O jogo está desenhado. Não podemos ficar à mercê da boa vontade de Eduardo Cunha, que quer mandar em tudo”, completou.

A notícia é incômoda para pelo menos 77% dos brasileiros, que torcem pelo fim da carreira de deputado de Cunha, segundo aponta a pesquisa Datafolha divulgada no último final de semana. Talvez por isso começa a desenhar-se também um prazo de validade para o posto de presidente da Casa. Já é dado como certo entre integrantes próximos ao vice Michel Temer que Cunha pode se afastar do cargo após a votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff no domingo.

Como responsável por acolher o processo de impeachment contra DIlma, em dezembro passado, Cunha estaria contando nos últimos meses com a complacência daqueles que defendem o impedimento na Câmara. O desgaste de defender um deputado que já virou réu no STF por conta da Operação Lava Jato passaria a ser desnecessário, contudo, após o fim do processo de impeachment na Câmara. Ciente disso, ele estaria disposto a deixar o comando da Casa para tentar manter seu mandato.

Além de servir como tábua de salvação para Cunha, que não perderia seu foro privilegiado e permaneceria sendo julgado pelos crimes da Lava Jato no Supremo Tribunal, longe do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o acordo evitaria constrangimentos para um possível Governo Michel Temer. O vice-presidente da República tem sido atacado antes mesmo de assumir o Palácio do Planalto, entre outras coisas, pela hipótese de o presidente da Câmara vir a se tornar o primeiro na hierarquia quando Temer precisar se ausentar do país, por exemplo,

O acordo com as forças políticas do Congresso Nacional pode não ser o bastante, entretanto, para Cunha manter seu mandato. A Procuradoria Geral da República pediu em dezembro ao STF que afaste o peemedebista do cargo. Sem a proteção necessária para enfrentar a série de acusações de que é alvo e o desgaste ao qual deve seguir sendo submetido, o grande antagonista de Dilma vai ter de se esforçar ainda mais para permanecer deputado ao longo dos próximos meses.

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