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Governo da Colômbia inicia um processo de paz com o ELN

A negociação com a segunda guerrilha do país ocorre depois de quase dois anos de conversações

Frank Pearl e Antonio García no momento do anúncio do acordoFoto: reuters_live | Vídeo: Imágenes de Telesur
Javier Lafuente

O Governo da Colômbia e o Exército de Liberação Nacional (ELN), a segunda maior guerrilha do país, concordaram em iniciar nesta quarta-feira, dia 30, as negociações para um acordo de paz. Depois de quase dois anos de conversações exploratórias, as duas partes anunciaram as condições em que as negociações devem se desenvolver. Este processo de paz é considerado essencial para o avanço do pós-conflito na Colômbia, depois de mais de três anos de tratativas com a guerrilha das FARC.

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As negociações com a ELN, cujo início não será concretado até que a guerrilha libere todos os sequestrados, serão celebradas principalmente no Equador, ainda que haverá sedes paralelas na Venezuela, Chile, Cuba e Brasil. Os pontos da agenda de negociação são praticamente os mesmos que com as FARC, mas o Governo aceitou que uma maior participação cidadã, uma das demandas do grupo. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegurou ainda que não será criado outro tribunal especial de paz, o que significa que os guerrilheiros da ELN serão julgados da mesma forma que foi pactuada com as FARC.

Há quase dois anos Santos deflagrou, em maio de 2014, em plena campanha pela reeleição, um diálogo exploratório para tentar dar início a um processo de paz com o ELN similar ao que foi desenvolvido com as FARC. Com a principal guerrilha do país, foram necessários seis meses para assentar as bases das negociações que, depois de mais de três anos, encaminham-se a colocar um fim no conflito mais antigo da América Latina. Com o ELN foi impossível até agora.

A segunda guerrilha, que conta com cerca de 2.000 membros, nasceu com uma ideologia que mescla cristianismo, marxismo e nacionalismo radical em 1964, quase ao mesmo tempo em que as FARC. O ELN está ativo desde o início do conflito, que deixou mais de sete milhões de vítimas. A extorsão e os sequestros, que se contam aos milhares, foram sua fonte de financiamento principal, suplantada, nos últimos anos, pelos vínculos com o narcotráfico.

As consequências de que um processo de paz com o ELN não prosperasse preocupavam as autoridades colombianas. As operações contra a guerrilha em regiões compartilhadas com as FARC prejudicavam a confirmação do cessar fogo. Os principais riscos se concentrariam nas regiões onde operam as frentes mais beligerantes, o circuito conhecido como ABC (Arauca, Boyacá e Casanare), Norte de Santander, Chocó, Cauca e Nariño.

Segundo o Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (CERAC), corria-se o risco de que, em meio ao pós-conflito, o ELN “alcançasse um domínio quase completo dos espaços deixados pelas FARC”. Nessas regiões, prossegue o relatório, o ELN “tem capacidade operacional para atacar a Força Pública, a infraestrutura mineiro-energética, recrutar guerrilheiros das FARC não desmobilizados e competir pela exploração de mineração ilegal e extorsão das empresas de hidrocarbonetos”.

Enquanto os Governos de Álvaro Uribe e Juan Manuel Santos se concentravam em acabar com as FARC, o ELN, que sofreu seus maiores golpes entre 1995 e 2002, recrudesceu sua atividade nos últimos anos. Segundo um dos últimos relatórios do CERAC, intensificou seus ataques desde 2011 e os níveis “relativamente altos” que mantinham desde 2013 indicavam que tinham “tomado a decisão de manter suas ações militares”.

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