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Juristas e intelectuais de esquerda realizam ato contra impeachment e pró-democracia

Grupo debate excessos do Judiciário e apontam que escalada de intolerância política coloca em risco conquistas da democracia

Público acompanha transmissão de ato no Tuca pelo telão
Público acompanha transmissão de ato no Tuca pelo telãoA. Oliveira
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O encontro “Ato pela Legalidade Democrática”, que reuniu juristas e intelectuais para defender o ex-presidente Lula, já estava agendado para acontecer nesta quarta-feira, no teatro Tuca, em São Paulo. O que era para ser um ato de desagravo contra o impeachment de Dilma e os excessos da Justiça com o ex-presidente Lula, tornou-se um encontro agitado e intenso, depois da divulgação dos grampos de conversas do ex-presidente. O público, que lotou o auditório e a rua do teatro, onde foi colocado um telão, ouviu com atenção intelectuais, artistas, juristas e líderes de movimentos sociais que marcaram posição contra o impeachment. Pouquíssimas bandeiras ou camisetas de partidos, organizações sociais ou estudantis eram vistas e uma das únicas palavras de ordem gritadas de forma contundente foi: “não vai ter golpe”.

Reunindo um público de centenas de pessoas, que fecharam a rua Monte Alegre, o encontro, organizado pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, da Faculdade de Direito da PUC, e pelo Fórum 21, já estava marcado há dias. Palco de manifestações históricas durante a ditadura militar, o auditório reuniu pessoas como a filósofa Marilena Chauí, o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, a cineasta Tata Amaral e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Em comum, os participantes defenderam que há uma escalada de intolerância e ódio político, estimulado por setores da imprensa e Judiciário, que coloca em risco conquistas da democracia brasileira. Segundo eles, agora, para além de defesas partidárias, se faz necessária a defesa da democracia. “Os movimentos populares do Brasil não querem e não vão ser lembrados por ter se acovardado em um momento histórico como esse”, disse Boulos, um dos mais aplaudidos em sua fala.

Do lado de fora do teatro, o público endossava o que era transmitido ao vivo pelo telão. “Esse ato vai além da discussão PT e PSDB, o que está em jogo é a democracia e os avanços sociais dos últimos anos”, comentou Abner Mendonça, 23 anos, estudante de História da PUC. A presença de pessoas como Gilberto Maringoni, candidato ao Governo do Estado de São Paulo pelo PSOL, em 2014, confirmava o caráter suprapartidário do evento. “Tenho mil críticas ao Governo Dilma, mas agora é hora de democratas de esquerda, centro e conservadores, se unirem pela democracia”, disse Maringoni.

No momento mais intenso do ato, a filósofa Marilena Chauí, última a falar na noite, que começou às 19h e terminou por volta das 23h, lembrou que no domingo os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin também foram hostilizados. “Em um primeiro momento, a esquerda pode até comemorar isso, mas depois todo mundo fica muito assustado. Essa massa que está nas ruas está desligada de qualquer representação e sem compromisso com a política”, disse. Para ela, as manifestações pró-impeachment buscam um líder que simbolize ordem e segurança contra conquistas democráticas que são vistas como um perigo. “Não basta apenas gritarmos ‘não vai ter golpe’, temos que lutar dentro das instituições políticas e judiciais pela democracia”, finalizou Chauí.

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