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EUA anunciam princípio de acordo para trégua na Síria

Kerry afirma que a trégua começará depois de um pacto entre Putin e Obama

Juan Carlos Sanz
Local da explosão de dois carros-bombas, neste domingo, em Homs.
Local da explosão de dois carros-bombas, neste domingo, em Homs.SANA (AP)
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O secretário norte-americano de Estado, John Kerry, anunciou neste domingo em Amã um acordo provisório com a Rússia sobre os termos de um cessar-fogo preliminar na Síria. Sem entrar em detalhes, o chefe da diplomacia dos EUA disse ter falado por telefone com seu homólogo russo, Serguei Lavrov. “A interrupção das hostilidades pode começar nos próximos dias. Estamos mais perto do que nunca de um cessar-fogo, mas o acordo ainda não foi selado”, disse Kerry, que está na capital jordaniana para se reunir com o rei Abdullah e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a fim de analisar a situação no Oriente Médio. “Os presidentes (Barack) Obama e (Vladimir) Putin vão conversar nos próximos dias para completar o trabalho”, observou.

A trégua deveria ter entrado em vigor na sexta-feira passada, conforme decisão tomada pelas grandes potências numa conferência de paz na semana anterior em Munique. Mas o prazo se esgotou sem que a reunião ocorrida há dois dias em Genebra, com o objetivo de estabelecer as condições do cessar-fogo, apresentasse resultados. Enquanto isso, as partes em conflito intensificaram os combates, e a Turquia inclusive começou nos últimos dias a bombardear com sua artilharia posições das tropas curdas no norte da Síria.

Em entrevista ao EL PAÍS neste sábado, o presidente sírio, Bashar al Assad, admitiu: “Estamos prontos para isso [cessar-fogo], mas a questão não depende unicamente de um anúncio. Depende do que fizermos no terreno. Agora, eu acredito que o conceito de cessar-fogo não é correto, porque o cessar-fogo tem lugar entre dois exércitos ou dois países em conflito. Seria melhor usar o conceito de cessação de operações. Depende principalmente de interromper o fogo, mas também de outros fatores complementares e que são mais importantes, tais como impedir que os terroristas aproveitem a suspensão das operações para melhorar suas posições”. Assad advertiu também que é preciso impedir outros países – “especialmente a Turquia” – de enviar mais soldados, armas ou qualquer tipo de apoio logístico. “Se não garantirmos todos esses requisitos necessários para a suspensão das operações, tudo isso terá um efeito negativo e causará mais caos na Síria e também poderá levar à divisão de fato do país”, afirma ele na entrevista.

A oposição síria, reunida sob o guarda-chuva do chamado Alto Comitê Negociador (HNC, na sigla em inglês), também se mostra favorável a uma trégua, mas desde que ela inclua o fim dos bombardeios russos, a suspensão do cerco a populações civis e a libertação de presos políticos do regime. Os rebeldes exigem ainda que o acordo de interrupção das hostilidades abranja os ataques à Frente al Nusra (filial síria da Al Qaeda), com a qual algumas milícias oposicionistas mantêm alianças táticas no terreno. A ONU excluiu a Frente Al Nusra, assim como o Estado Islâmico (EI), das negociações de Genebra por qualificá-los como grupos terroristas.

O Governo de Damasco advertiu, entretanto, que continuará combatendo não só o EI e a Al Nusra como também “outras organizações ou agrupamentos terroristas”, como o Ahrar al Sham e o Jaish al Islam (Exército do Islã), que estão incluídos no Alto Comitê Negociador reconhecido pelas Nações Unidas.

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