Jeb Bush desiste de campanha após mau resultado na Carolina do Sul
O candidato republicano, antigo favorito, ficou em quarto lugar nas primárias
O estado da Carolina do Sul podia ser a salvação ou a tumba das aspirações à presidência do republicano Jeb Bush, e acabou enterrando, de vez, seu sonho de chegar à Casa Branca. Após ficar em quarto lugar nas eleições primárias de sábado, o irmão e filho dos ex-presidentes George W. Bush e George H. W. Bush, respectivamente, anunciou o cancelamento de sua campanha. Donald Trump, o pesadelo de Bush, se impôs e ganhou, mais uma vez, na Carolina do Sul.
“Esta noite, suspendo a minha campanha”, disse o ex-governador da Flórida diante de cerca de uma centena de seus simpatizantes, a maioria jovens, reunidos em um hotel em Columbia, capital da Carolina do Sul. “Não!”, exclamou o público diante do anúncio. Depois de alguns segundos de tensão e silêncio, alguém disse: “Amamos você”. A declaração foi seguida de uma salva de palmas, e entre seus eleitores havia gente chorando e com cara de preocupação.
Bush discursou de forma bastante segura enquanto comunicava o fim de seu sonho presidencial. Em uma crítica velada a Trump, pediu que o futuro ocupante da Casa Branca servisse aos Estados Unidos com “honra e decência”. Estava dotado de um tom de resignação, e já era consciente de que a desistência era uma possibilidade após seus maus resultados nas primárias em Iowa e em Nova Hampshire, os dois primeiros estados a votar. Seus doadores, que financiaram sua campanha e o promoveram como o candidato do establishment, o pressionaram para que ele tomasse uma decisão.
O favorito há sete meses
Há sete meses, o cenário se desenhava de uma maneira muito mais favorável para o ex-governador da Flórida. Bush era o favorito à nomeação entre os republicanos. Tudo indicava a possibilidade de uma disputa dinástica pela presidência entre Bush e Hillary Clinton, caso a esposa do ex-presidente Bill Clinton ganhasse as primárias do partido democrata.
No entanto, o lançamento da candidatura de Trump, em junho de 2015, alterou a equação. Em julho, o showman televisivo começou a liderar as pesquisas de intenção de votos entre os republicanos. O establishment político defendido pelo magnata do setor imobiliário se contrapôs à retórica populista de Bush, e o deixou desconcertado e em meio a uma incômoda disputa para ver quem dizia a frase mais ostentosa e provocativa.
Com o tempo, Bush resolver fazer frente a Trump: respondeu a todas as suas provocações e foi o responsável por evidenciá-lo. Também se apresentou como um gestor eficiente e como a melhor alternativa para lidar com a imprevisibilidade e a falta de experiência política do empresário nova-iorquino. Além disso, passou a atacar o senador Marco Rubio, seu antigo aliado político na Flórida.
Não adiantou. Nem sequer o fato de ser o candidato com mais dinheiro oriundo de grupos externos dispostos a financiar a sua campanha foi capaz de melhorar seu desempenho. A tentativa, já desesperada, de recorrer ao seu sobrenome para conseguir mais eleitores durante essa semana também não funcionou. Jeb tinha tentado fugir do nome de sua família durante o início de sua candidatura, mas, resolveu contar com a ajuda de seu irmão, o ex-presidente George W. Bush, que participou de um comício ao seu lado. Bárbara Bush, de 90 anos, também participou de atos eleitorais apesar de que, em 2013, tinha declarado: “Já tivemos Bushs suficientes”, em relação às aspirações presidenciais de seu filho.
Depois, ela retirou o que disse, mas sua profecia acabou se cumprindo.
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