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Crescem agressões contra os refugiados gays na Holanda

Entidade denuncia 20 casos e pede a transferência dos refugiados para alojamentos seguros

Isabel Ferrer
Fiscalização para combater a entrada ilegal de migrantes.
Fiscalização para combater a entrada ilegal de migrantes.VINCENT JANNINK (AFP)
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As ameaças de morte contra refugiados homossexuais sírios e iraquianos alojados temporariamente em centros na Holanda se multiplicaram nas últimas semanas, segundo a associação holandesa COC, que defende os direitos de homossexuais, bissexuais e pessoas transgênero. A organização pediu ao Governo que transfira esses imigrantes para lugares mais seguros. A linha política oficial rejeita qualquer tipo de discriminação e proíbe separar as vítimas da homofobia dos demais refugiados, por considerar que seria uma forma de premiar os agressores. Em alguns casos, homens homossexuais e transexuais receberam ameaças anônimas em inglês, e um refugiado encontrou uma faca cravada em sua cama.

“O resultado é que os prejudicados vivem em perigo num país que se gaba de ser tolerante, e acabarão acontecendo tragédias”, disse Philip Tijsma, porta-voz do COC. O problema não se limita à Holanda. A Alemanha pretende inaugurar em março, em Berlim, um imóvel para 120 refugiados homossexuais. O Governo britânico, por sua vez, admitiu no ano passado que “os membros deste coletivo em seu sentido amplo, vindos da Síria, se encaixam na definição de refugiados vulneráveis estabelecida pelas Nações Unidas, e as autoridades locais devem realojá-los para sua segurança”.

Na Holanda, as denúncias procedem de todos os centros, e em Nimega, no sul do país, os gays não se atrevem a pernoitar nos dormitórios comuns, por temerem os outros refugiados. Na associação COC, há relatos de que pelo menos um deles passou uma semana dormindo em um bosque, por medo de ser agredido. A Prefeitura prefere não segregar ninguém e alega que isso levaria a um aumento das solicitações.

Em Amsterdã, entretanto, as autoridades municipais já estabeleceu uma casa para homossexuais e outra para transexuais que tenham sido amedrontados por outros refugiados. A decisão caiu mal nos círculos governamentais, algo que Tijsma ironiza da seguinte maneira: “É curioso. O Executivo mantém a recusa em retirá-los dos centros de refugiados, mas apresenta a capital como um possível exemplo para outros municípios. Quem então exerce a autoridade?”.

Em sua opinião, os 20 casos de intimidação já documentados são apenas a ponta do iceberg. “Pense que muitos solicitantes de asilo não falam nosso idioma, e às vezes nem mesmo o inglês. Apesar das suas dificuldades, e do medo de se assumirem dentro da sua própria comunidade, nos chegam múltiplas queixas que refletem uma situação cada vez mais tensa.”

As denúncias conhecidas pela associação falam de camas manchadas com fezes, roupas queimadas, insultos e até violência física. Tijsma salienta que os culpados precisam ser castigados, mas considera que a segurança das vítimas é prioritária. O Ministério de Cultura e Educação, que também interveio, dará orientações a todos os refugiados a respeito das normas e valores holandeses, usando material didático semelhante ao das escolas.

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