Dilma esfria expectativa do PT e prega reforma da Previdência
Presidenta disse que compromisso primordial é com o ajuste fiscal e não detalhou plano de estímulos ao crescimento. Mudança na aposentadoria é atacada por petistas e movimentos sociais
Na primeira conversa do ano com jornalistas, a presidenta Dilma Rousseff (PT) não se furtou de temas complexos nem com potencial para irritar alas de seu próprio partido e movimentos sociais, que saíram às ruas em dezembro em sua defesa contra o impeachment. Disse que o país deve “encarar a reforma da Previdência”, um tema de enorme resistência entre esses setores, e desconversou quando questionada se seu Governo discutia uma "guinada à esquerda". Repetiu que sua prioridade será o ajuste fiscal, ainda que prometa lutar com "unhas e dentes" pela crescimento econômico em 2016.
“Não é possível que a idade média de aposentadoria das pessoas no país seja de 55 anos”, afirmou a mandatária. A mais recente reforma de peso no sistema público de aposentadorias foi feita em 2003, já no Governo Lula, e provocou reação da base petista, dos movimentos sociais a centrais sindicais, o que deve se repetir agora, em meio à recessão.
Dilma não falou em prazos para apresentar propostas de mudanças _que precisam de apoio amplo para passarem no Congresso_ e disse que eventuais alterações serão discutidas com trabalhadores, parlamentares e empresários. Sugeriu um período de “transição”. De acordo com ela, a mudança na Previdência pode ser feita ou se fixando a idade mínima - algo que não existe no país. “Pode ser este o caminho”, afirmou, citando também a fórmula 85/95 móvel (soma da idade com o tempo de contribuição para homens e mulheres) já aprovada no Congresso como um modelo para a eventual reforma. Segundo Dilma, uma eventual mudança na aposentadoria será feita levando em conta o aumento da expectativa de vida da população, pois caso contrário em breve não haverá como sustentar o sistema de Previdência Social. "Nossa expectativa de vida nos últimos anos aumentou talvez de forma bastante significativa, em torno de 4,6 anos. Isso implica que é muito difícil você equacionar um problema", afirmou.
Nelson Barbosa
A fala de Dilma jogou um balde de água fria nos setores do PT do que cobravam uma mudança nos rumos da condução do economia, que julgam excessivamente focado no ajuste fiscal, com a indicação de Nelson Barbosa para a Fazenda no final do ano passado. Um dia depois de receber em Brasília ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, ambos críticos públicos da política econômica, a presidenta afirmou que nunca discutiu uma “guinada à esquerda” na política econômica com a cúpula petista. “Acho muito bom que o PT tenha suas posições. Agora, o Governo não responde só ao PT, só ao PMDB e só a qualquer um dos partidos da base aliada”, disse. Questionada sobre uma nota de Falcão, divulgada em dezembro, na qual ele pedia ousadia na política econômica, Dilma respondeu afirmando que “nota a gente pode fazer, todo mundo pode soltar nota”.
A petista também reafirmou ainda o compromisso com o ajuste fiscal proposto pelo ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy – criticado pelo ex-presidente Lula, por caciques do partido e pelos movimentos sociais que apoiam o Governo. “Temos como questão principal o ajuste fiscal. Vamos garantir o superávit de 0,5% do PIB”, afirmou.
Na outra ponta, a presidenta não detalhou as medidas do plano de estímulo econômico que o Planalto pretende anunciar no final do mês. De acordo com o jornal o Estado de São Paulo, entre as iniciativas discutidas estão acenos ao setor da construção civil, um dos que mais eliminou postos de trabalho em 2015 – 500.000 demissões. Uma das ideias é voltar a investir em obras de infraestrutura e projetos como o Minha Casa Minha Vida, além de quitar débitos de iniciativas já executadas.
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