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Dilma pede a Nelson Barbosa metas realistas e foco no crescimento econômico

No primeiro dia útil após a troca da equipe econômica, dólar supera a barreira dos quatro reais e bolsa registra seu menor nível desde abril de 2009

Dilma entre Barbosa e Levy.
Dilma entre Barbosa e Levy.EVARISTO SA (AFP)

Em um discurso bastante cauteloso, para tentar acalmar o mercado financeiro, a presidenta Dilma Rousseff afirmou na tarde desta segunda-feira, em Brasília, que a troca de seus ministros da Fazenda e do Planejamento não resultará em uma guinada brusca na política econômica do país. No primeiro dia útil após a queda de Joaquim Levy do ministério da Fazenda e a posse de Nelson Barbosa, o dólar superou a barreira dos quatro reais e a bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) fechou em seu menor nível de abril de 2009. A queda foi de 1,69% em relação à última sexta-feira.

“Três orientações imediatas eu levo aos ministros da área econômica: trabalhar com metas realistas e factíveis para construir credibilidade, atuar para estabilizar e reduzir consistentemente a dívida pública, e fazer o que for preciso para retomar o crescimento sem guinadas e sem mudanças bruscas, atuando neste ambiente de estabilidade, previsibilidade e flexibilidade”, afirmou Rousseff em seu discurso.

Mais cedo, durante a Cúpula do Mercosul, em Assunção, a presidenta tentou animar seus colegas dos países vizinhos e afirmou que a reorganização das contas públicas “logo” trará resultados positivos para o país juntamente com o fim da crise política. Rousseff defendeu o combate à inflação e a consolidação da estabilidade macroeconômica para que o país volte a crescer. Dilma também afirmou que o Governo desenvolve um novo ciclo marcado por um maior estímulo às exportações e por um forte investimento em infraestrutura e energia. “O aumento da produtividade favorecerá os investimentos e ajudará na maior geração de empregos”.

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Na reunião de presidentes do Mercosul, Dilma declarou que a recessão que o país atravessa é consequência da recuperação da crise mundial e, principalmente, da acentuada queda dos preços das commodities. No entanto, a presidenta ressaltou que a economia brasileira ainda tem fundamentos sólidos e elevadas reservas internacionais.

A estratégia de comunicação do Governo foi bem alinhada com sua equipe econômica. Desde a sexta-feira, quando foi anunciado como o substituto de Levy, Barbosa tem dito que não pretende fazer grandes mudanças na política econômica. Ele, no entanto, não deixa claro o que será feito. Valdir Simão, que substituiu Barbosa no Planejamento, seguiu a mesma linha.

Em um breve discurso após sua posse, o novo chefe da Fazenda pediu um voto de confiança do mercado financeiro. “Apesar das turbulências, os investidores nacionais e internacionais podem confiar no Brasil. Trabalharei para transformar nosso potencial em oportunidades concretas”, declarou.

Entre os espectadores dos dois discursos no Palácio do Planalto estavam representantes de importantes instituições financeiras privadas e públicas que atuam no Brasil, como Roberto Setúbal (Itaú), Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Pérsio Arida (BTG Pactual), Miriam Belchior (Caixa) e Alexandre Abreu (Banco do Brasil). Nos quase 12 minutos de discurso houve apenas um momento em que a presidenta foi aplaudida efusivamente, quando fez um veemente agradecimento a Levy, que estava na cerimônia, dizendo que ele soube agir com serenidade nos onze meses e 21 dias que ocupou a função.

Joaquim Levy, cuja competência já era conhecida, revelou grande capacidade de agir com serenidade e eficiência, mesmo sob intensa pressão. Em um momento conturbado na economia e na política, o ministro Joaquim Levy superou difíceis desafios e muito contribuiu para a estabilidade e a governabilidade”, discursou Rousseff.

A queda de Levy ocorreu após meses de fritura em que ele pouco apoio tinha do Governo. Foi substituído exatamente por aquele com quem travava a maior parte das quedas de braço. O estopim foi a aprovação do orçamento da União de 2016 com o limite de superávit (recursos para pagamento de dívida) de 0,5% do PIB. Levy queria chegar ao 0,7%, mas foi voz vencida.

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