EUA reforçam o Leste Europeu contra a Rússia com 250 tanques
O deslocamento de material bélico será na Polônia, Romênia e nos países bálticos
Os Estados Unidos reforçarão sua presença no leste europeu diante do novo expansionismo da Rússia. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, anunciou que vai transferir armamento pesado aos sete países aliados da OTAN na região. O movimento, anunciado em Tallin, representa uma tentativa de tranquilizar os Estados membros da OTAN que se sentem ameaçados pela anexação russa da Crimeia e sua implicação no conflito militar que continua aberto na Ucrânia.
Carter confirmou que os Estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Romênia, Bulgária e Polônia se mostraram dispostos a alojar o armamento norte-americano. Parte do equipamento poderia ser colocada também na Alemanha. Um comunicado do Exército dos EUA especifica que esse armamento incluiria 250 carros de combate M1-A2, veículos de combate Bradley e peças de artilharia blindadas, suficientes para equipar até 5.000 soldados. Uma grande parte desse material já se encontra na Europa e foi utilizada em manobras militares recentes na região. Depois do início do conflito na Ucrânia se multiplicaram as manobras conjuntas da OTAN e dos EUA no Leste Europeu. Os países bálticos há meses pressionam sem êxito para conseguir bases fixas da OTAN em seu território, com uma finalidade dissuasiva.
"No total são mais de mil veículos de diferentes tipos, mas só várias centenas deles são veículos de combate blindados, e no final do ano esse conjunto estará posicionado na Europa", confirmou em entrevista à imprensa o embaixador dos EUA na OTAN, Douglas Lute, que ressalvou que "parte" dos equipamentos "já está aqui" na Europa.
"Vamos posicionar os equipamentos de uma brigada. Mas não estamos trazendo a Brigada, os soldados. Os tanques estão vazios. Os veículos de combate Bradley estão vazios e ficarão estacionados, armazenados e guardados em zonas de treinamento nos seis países mais a leste, com a finalidade de treinamento", especificou Lute.
O diplomata norte-americano explicou que o "pré-posicionamento" do armamento pesado anunciado é como "um acordo-padrão tipo aluguel de carros para equipes de treinamento" e insistiu em que se trata de uma medida "mais eficaz" do que deslocar e reposicionar os equipamentos todas as vezes para os exercícios. "Eles não vêm com os soldados, os sondados virão na base de rotação para os exercícios", observou.
"Acreditamos que esse deslocamento tem de ser visto pelo que é. É um reforço para tornar nosso treinamento mais eficaz, em lugar de precisar deslocar e reposicionar os equipamentos todas as vezes, e respeita todos os nossos compromissos internacionais, incluindo a Ata Fundacional OTAN-Rússia", explicou o embaixador norte-americano junto à ONU, rejeitando que "haja algum motivo para uma reação adversa de alguém".
Ainda não há uma reação oficial russa ao anúncio, mas a iniciativa representa um golpe nos esforços que o Kremlin tem empreendido para tentar convencer o Ocidente de que a Rússia não representa uma ameaça para a Europa. Moscou já repetiu em várias ocasiões que transferir armamento para sua fronteira representaria um gesto hostil.
O deslocamento seria a primeira vez desde o fim da Guerra Fria, há mais de duas décadas, que os EUA estacionam armamento pesado nos novos países das OTAN no Leste Europeu, que integraram a esfera de influência da União Soviética.
A iniciativa é uma admissão implícita de que o Governo Obama não prevê um fim próximo para a intervenção russa na Ucrânia, iniciada em março de 2013, depois das revoltas pró-democracia e pró-europeias nesse país. O envio do material bélico pesado seria a decisão mais contundente tomada por Washington, que impôs – como também a União Europeia – sanções econômicas à Rússia.
Com o envio de material bélico Obama busca mandar uma mensagem de firmeza a Putin, mas seu alcance é limitado. Os carros de combate, veículos de infantaria e outro material bélico pesado não seriam colocados sobre o terreno, mas estariam armazenados em bases aliadas para serem empregados em caso de necessidade ou treinamento.
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