FMI exige que a Grécia corte ainda mais as pensões de aposentados
Angela Merkel, chanceler alemã, acredita que ainda é possível um acordo Deixa toda a responsabilidade em mãos de Alexis Tsipras
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, advertiu nesta quinta-feira que não há "período de carência" para a Grécia no pagamento que o país deve fazer à instituição em 30 de junho e pediu à Atenas para reformar o seu sistema de pensões, sem reduzir os benefícios com valores mais baixos. Lagarde fez as declarações durante sua chegada em Luxemburgo para participar da reunião do Eurogrupo —que reúne os ministros de Finanças e outras autoridades da zona do euro— que discutirá a situação crise da Grécia.
"30 de junho é quando vencem os pagamentos ao FMI e não há um período de carência de dois meses de atraso como tenho ouvido dizer; a partir de 1 de julho, se [o país] não desembolsar o dinheiro [1,6 bilhão de euros, ou 5,5 bilhões de reais, valor que corresponde a todos pagamentos de junho] pode estar em default com o FMI, mas espero que não seja o caso", disse Lagarde.
"As autoridades gregas sabem que as pensões devem ser reformadas", insistiu Lagarde, já que Atenas destina "mais de 16% do PIB para pagar o sistema de pensões, muito mais do que a média dos outros parceiros europeus". A oposição do Governo de Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, em reduzir novamente as pensões é uma das razões do confronto com os credores.
Enquanto isso, a chanceler Angela Merkel apelou ao Governo grego para fechar um acordo que parece cada vez mais difícil. "Continuo convencida de que, quando há vontade, é possível encontrar um caminho", disse a primeira-ministra do Governo alemão na manhã desta quinta-feira, uma frase que nos últimos dias tem sido usada como sinal de boa vontade.
Merkel contribui assim com uma gota de otimismo em relação aos que acham difícil que os ministros de Finanças, que se reúnem nesta quinta-feira em Luxemburgo, alcancem um acordo. Entre os céticos está o próprio presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem. Mas a chanceler coloca toda a responsabilidade nas mãos dos gregos. "Se as autoridades gregas tiverem essa vontade, um acordo ainda é possível", acrescentou em seu discurso ao plenário do Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento alemão).
O debate parlamentar em Berlim acontece em um momento tenso, não só para a Grécia, mas também para a própria liderança de Merkel em seu partido, a União Democrata Cristã (CDU). Cada vez mais deputados do partido mostram cansaço diante da interminável crise grega e questionam seu apoio a um hipotético novo plano de ajuda para Atenas. Entre os que defendem não ceder nem um milímetro frente às propostas do Governo de Tsipras está o poderoso ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, que se aproximou da chanceler antes de iniciar seu discurso e com a qual esteve conversando diante das câmeras dos fotógrafos, logo após deixar a tribuna dos oradores. A pressão não vem apenas dos membros do partido de Merkel. Pesquisas recentes mostram que uma ligeira maioria dos alemães prefere que a Grécia saia da zona do euro.
Horas antes da decisiva reunião do Eurogrupo, Merkel mostrou firmeza ao lembrar que Atenas tem recebido, nos últimos anos, "um volume de ajuda sem precedentes por parte dos parceiros europeus" e se comprometeu a devolver o dinheiro emprestado. A líder da CDU destacou o modelo dos países que fizeram as reformas adequadas —como Espanha, Irlanda e Portugal— em relação a uma Grécia que, segundo lembrou, tem agora de implementar as reformas prometidas. "Na união econômica e monetária, a solidariedade e a responsabilidade andam de mãos dadas", acrescentou.
Merkel também lembrou que a união monetária agora é muito mais robusta do que quando a crise começou, um argumento que tem sido usado nos últimos meses pelos falcões democrata-cristãos para sugerir que a zona euro estaria pronta para assumir sem grandes traumas uma saída da Grécia do bloco.
Enquanto a chanceler elogiava o plano de ajuda elaborado nos últimos anos, um membro do partido de oposição A Esquerda (Die Linke) o classificava de "assassinato político e financeiro em massa". Mais tarde, o porta-voz do Die Linke, Gregor Gysi, quando perguntado se concordava com o termo, respondeu que prefere definir o resgate europeu como "uma catástrofe". "Você coloca a zona do euro em perigo e, portanto, todo o processo de integração europeia", disse Gysi, em uma crítica à chanceler.
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