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Zico sonha ser presidente da FIFA, mas condiciona candidatura a reforma

O ex-jogador anuncia oficialmente sua intenção de concorrer ao cargo Seguirá adiante apenas caso não seja mais preciso a aprovação de cinco federações

Felipe Betim
O ex-jogador Zico, nesta quarta no Rio.
O ex-jogador Zico, nesta quarta no Rio.Antonio Lacerda (EFE)

O ex-jogador de futebol Zico, ídolo do Flamengo e da seleção brasileira, sonha ser presidente da FIFA e comandar um processo de regeneração da entidade, envolvida em um escândalo de corrupção que estourou no final do mês passado. Ele diz, no entanto, que sua candidatura ao cargo máximo do futebol mundial depende de uma mudança no processo eleitoral: "Não me candidato se for necessário o apoio de cinco federações nacionais para concorrer", assegurou na tarde desta quarta-feira no Rio de Janeiro, no Centro de Futebol Zico.

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Para o Galinho, esta exigência para eleger o dirigente da Federação "é a origem de toda a corrupção, porque envolve uma troca de favores". Mas, em sua opinião, essa regra pode mudar devido a "tudo que está acontecendo" na entidade. Perguntado sobre se está surpreso com o escândalo da FIFA, disse: "Essa palavra, surpresa, já não está no meu vocabulário quando o assunto é futebol".

Zico já vinha sendo apontando como um dos principais nomes para presidir a FIFA desde de que o atual presidente, Joseph Blatter, recém reeleito para o cargo, anunciou sua demissão e convocou novas eleições para o ano que vem. Muitos jogadores e ex-jogadores, como o senador Romário, principal crítico da CBF, já indicaram que apoiariam o Galinho em sua empreitada. Além dele, os outros possíveis candidatos são os ex-jogadores Michel Platini, presidente a UEFA e favorito para dirigir a entidade, e Luís Figo, que também já anunciou sua intenção de disputar o cargo.

Aliás, a ideia de se apresentar para as novas eleições da FIFA veio quando lhe perguntaram sobre se apoiaria Figo para o cargo. Inicialmente disse que sim, mas depois de refletir um pouco mais e de conversar com sua mulher e seus filhos, chegou a conclusão de que ele mesmo poderia dar esse passo. "Essa candidatura tem uma história: minha vida como jogador, como técnico, como representante sindical, como secretário de esporte... Minha vida dentro e fora do campo me dá uma base", explicou.

Zico já havia comentado nas redes sociais sua vontade de presidir a Federação, mas só nesta quarta, depois de chegar de uma viagem da Alemanha, anunciou oficialmente. Tratou-se de uma declaração de intenções e, principalmente, de prometer levar uma gestão ética, honesta, à entidade. "Não podemos aceitar o que está acontecendo, o futebol tem que estar acima de qualquer outro interesse. Acredito que, quando quem está no comando demonstra ser honesto, os demais também serão. E quem não for vai sendo eliminado", disse.

O ex-jogador não detalhou quais seriam suas medidas concretas para limpar a FIFA e reabilitar o futebol mundial. Argumentou que, além de fazer uma gestão ética, as regras do processo eleitoral devem mudar para acabar com a "troca de favores", e defendeu o fim da reeleição indefinida. Mas  para o Galinho, o momento é de montar uma plataforma e atrair varios jogadores e ex-jogadores para o seu projeto. "As pessoas que trabalham para o futebol, e não apenas jogadores, devem comandar o futebol", afirmou.

Em caso de que não seja retirada a exigência do apoio de no mínimo cinco federações nacionais a uma candidatura, Zico não se apresentará, segundo assegurou. Neste caso, sinalizou que poderá apoiar o também ex-jogador Platini. "Ele vem fazendo um excelente trabalho na UEFA. E tudo o que a FIFA precisa é de organização, disciplina. Hoje, por exemplo, há mais brasileiros na final da Champions League que da Copa Libertadores", argumentou. Além disso, Zico admitiu não ter o apoio nem mesmo da CBF para concorrer ao cargo.

O ex-jogador aproveitou a ocasião para fazer alguns comentários sobre a entidade nacional de futebol. Explicou que não existe condições de se candidatar à CBF porque a entidade é "muito fechada, não há espaço". Mas que, atualmente, é o senador Romário quem comanda um movimento que exige mudanças no futebol brasileiro. Afirmou não conhecer o trabalho do atual dirigente, Marco Polo Del Nero, mas acredita ser difícil que ele não soubesse de nada, "já que ele sempre trabalhou com o José María Marin". E lamentou o fato de que os clubes brasileiros quase não tenham falando sobre a corrupção na CBF. "É constrangedor, porque os clubes deveriam ter responsabilidades com o futebol brasileiro. São a base de tudo".

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