México mobiliza o exército e a polícia para blindar as eleições
A ameaça de boicote lançada por facções sindicais colocou o país diante de um confronto
![Jan Martínez Ahrens](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Fa8d3d51b-63fb-4044-90fa-fc3e6fdae017.jpg?auth=71cb888c68a3f94c3df73f306ba94a01247a7b5ba098ef4cc58889f1128b4244&width=100&height=100&smart=true)
![Policial em Guerrero (México) ao lado de pichação pelo boicote eleitoral.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/GPI5UIG4A5CNG6DI3ZETDURQAM.jpg?auth=e980407e8173ee6593ad653999c947cf8bd0dc0666145368b407d852f25f1b0b&width=414)
O México prende a respiração. A ameaça de um boicote às eleições deste domingo lançada por facções sindicais violentas e contrárias à reforma educacional colocou o país diante de um confronto que, se for consumado, pode ter consequências imprevisíveis. Diante desse desafio, o Governo ordenou uma mobilização maciça de Exército, Marinha e Polícia Federal. A operação, apesar de cobrir todo o território nacional, concentra suas forças em Oaxaca, um dos estados mais pobres e atrasados (seu PIB per capita é 2,8 vezes menor do que o brasileiro). É ali que a Coordenação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), uma cisão do sindicato majoritário dos professores, conta com maior força e impôs sua lei.
Em uma escalada de violência, esta central demonstrou ao longo de duas semanas radicais sua capacidade de desafiar na rua o próprio Estado. Fechou estradas, bloqueou aeroportos, tomou centrais de abastecimento de gasolina, destruiu escritórios eleitorais, queimou cédulas e ameaçou várias vezes impedir as eleições. Os ataques aconteceram em Oaxaca, Michoacán, Chiapas, Guerrero e na própria capital. O nível de violência chegou a tal ponto que até o Exército, encarregado da custódia do material eleitoral, recuou em Oaxaca para evitar um confronto. Alarmado por essa ofensiva, o Instituto Nacional Eleitoral tomou medidas extraordinárias e pediu ajuda. A Embaixada dos Estados Unidos pediu a seus cidadãos que não viagem a Oaxaca, e os partidos de oposição exigiram a intervenção imediata da própria presidência.
A resposta do Executivo demonstrou o enorme poder de coerção do sindicato. Em uma tentativa de pôr fim à violência, o Governo decidiu, no fim de maio, aceitar uma de suas mais espinhosas reivindicações: suspender a avaliação dos docentes, uma medida destinada a acabar com o clientelismo que ainda impera na docência. Mas a queda humilhante de um dos símbolos da reforma educacional não serviu para deter a espiral de tensão. A Coordenação, apoiada por organizações paralelas, continuou as mobilizações e redobrou sua chamada ao boicote. Queriam muito mais. Para dar marcha ré, exigiam a retirada completa da reforma. Com esta bandeira, passaram por cima das autoridades da Educação e abriram uma negociação direta com a Secretaria de Governo (equivalente ao Ministério do Interior).
Alarmado com essa ofensiva, o Instituto Nacional Eleitoral tomou medidas extraordinárias e pediu ajuda
As discussões, na manhã de sábado, ainda não tinham chegado ao fim, mas, diante de um possível fracasso, o Governo ordenou a ação militar e policial. Mais de 600 soldados de reforço foram enviados a Oaxaca, e outros milhares de efetivos foram distribuídos pelos pontos nevrálgicos dos estados mais ameaçados, entre eles Michoacán, Guerrero e Chiapas. “Queremos que todos os mexicanos possam ir às urnas com tranquilidade”, afirmou o secretário de Governo, Osorio Chong. O Instituto Nacional Eleitoral, temeroso de um estouro de violência no dia das eleições, para as quais 83 milhões de mexicanos estão convocados (vota-se para deputados federais, nove governadores, 16 assembleias estaduais e 1.009 municípios), pediu aos militares e policiais “o estrito cumprimento da lei e o respeito cuidadoso aos direitos humanos”. O desembarque das forças federais obrigou o sindicato a abandonar as sedes eleitorais tomadas em Oaxaca. Ainda que a tensão tenha diminuído, o grupo não recuou de sua principal reivindicação. No domingo, as espadas continuam empunhadas.
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![Uma parede pintada no Estado de Guerrero.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/SNB6HBOTKS6U6TPFXPR7Z5I4WY.jpg?auth=22fdf81a1f4e9ba0a3601dfa3b787e886aa0af7c4f1e0585324de1b804147ff0&width=414&height=311&smart=true)