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Eleições no México testam Peña Nieto e os partidos de oposição

Os pleitos intermédios porão à prova presidente e seus maiores antagonistas

J. M. A.
Uma parede pintada no Estado de Guerrero.
Uma parede pintada no Estado de Guerrero.Pedro Pardo (AFP)

O México passa por uma prova neste domingo. As eleições intermédias servirão de termômetro do descontentamento social. Não é só o presidente, Enrique Peña Nieto, que terá de passar pela revalidação mais dura de seu mandato. Também os partidos de oposição e os candidatos independentes testarão sua verdadeira força. As pesquisas apontam para uma vitória moderada do PRI, com maioria simples, e uma volta do PAN (direita) à liderança da oposição. À esquerda, o PRD deve ficar à frente de seu novo rival, Morena, a legenda criada por Andrés Manuel López Obrador, ex-candidato à presidência. Nas eleições serão escolhidos nove governadores e os ocupantes da Câmara dos Deputados, das 16 Câmaras estaduais e 1.009 prefeituras. As principais chaves são:

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A maioria. É a grande prova. Dela depende que Peña Nieto supere ou não a revalidação. Mas não é fácil consegui-la. Nenhuma pesquisa dá ao PRI (agora com 212 cadeiras) a maioria absoluta na Câmara dos Deputados (500 cadeiras). Com uma percentagem de voto prevista em torno de 30%, só pode alcançá-la, como nesta legislatura, com o apoio de seus aliados, o Partido Verde e Nova Aliança. A legenda ecologista, impulsionada por uma campanha polêmica em que rompeu todas as normas eleitorais possíveis, aspira a superar seu resultado de 2012 (29 deputados). Ainda assim, a chave ficaria nas mãos do minúsculo Nova Aliança, uma legenda de origem corporativa, vinculada ao todo-poderoso sindicato de professores. Em 2012 obteve 10 cadeiras com 2,3% dos votos. A reforma eleitoral elevou para 3% a porcentagem necessária para ter representação parlamentar. Se ficasse por debaixo, a maioria absoluta em torno do PRI não seria possível. O Congresso se abriria ao jogo de pactos. Uma especialidade de Peña Nieto.

A esquerda. Neste campo se trava a batalha mais acirrada. O PRD, a força hegemônica da esquerda, concorre com um rival que nunca enfrentou nas urnas. É o Movimento de Regeneração Nacional (Morena), fundado por Andrés Manuel López Obrador, duas vezes candidato à presidência pelo PRD. Embora ele não concorra diretamente, seu carisma representa um adversário temível. As pesquisas dão a vitória ao PRD, com 12% a 14% dos votos. E Morena, em sua estreia, ficaria na quarta ou quinta posição, em função do resultado dos Verdes. A ruptura, prejudicial para ambas as legendas, deixou em segundo plano um avanço que os especialistas destacam. A soma de todas as forças da esquerda, incluídos os pequenos Partido dos Trabalhadores e Movimento Cidadão, pode impulsionar um fortalecimento deste setor eleitoral (em torno de 30%). Um resultado que seria decisivo para chegar com bom fôlego às presidenciais, contanto que tenham um candidato comum.

A direita. Os estrategistas do PAN perseguem um único objetivo em território federal: superar os humilhantes 25% obtidos nas presidenciais de 2012 e que o fizeram ficar como terceira força do México. Não há consenso nas pesquisas quanto a esse ponto. Mas a legenda tem um prêmio assegurado. A divisão da esquerda dá ao partido o segundo lugar em todas as pesquisas. Essa ascensão será usada para legitimar a gestão de seu atual presidente, Gustavo Madero, sobrinho neto do mítico revolucionário.

Os independentes. São a principal novidade. A reforma eleitoral abriu as portas para candidatos livres das engrenagens dos grandes partidos. Em poucos meses, o panorama se povoou de um variado elenco de personalidades. Entre elas se destaca Jaime Rodríguez Calderón, El Bronco. Ex-militante do PRI, sobrevivente de dois atentados do narcotráfico, seu discurso populista e seu faro para as redes sociais permitiram a ele disparar na corrida ao governo de Nuevo León, o segundo Estado mais rico do México. Algumas pesquisas o apontam como vencedor frente à candidata do PRI, outras o colocam em segundo lugar. Em qualquer caso, El Bronco já abriu a brecha. Os partidos tradicionais sabem, graças a ele, que as candidaturas independentes podem ser o futuro.

A abstenção. É o refúgio dos descontentes. Um espaço que aglutina no âmbito federal entre 45% e 50% do eleitorado, e para onde irá grande parte da raiva despertada pela tragédia de Iguala e pelos escândalos governamentais. Representa um terreno pouco explorado e que, apesar de sua magnitude, não conseguiu capitalizar nenhuma força.

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