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Presidente da Sabesp considera rodízio de água “hipótese remota”

Segundo Jerson Kelman, o cenário não vai piorar se as obras emergências ficam prontas

María Martín
Montagem com conta de água saindo da torneira.
Montagem com conta de água saindo da torneira.Fernanda Carvalho (Fotos Públicas)

O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, negou de todas as maneiras que seja necessária a implementação de um rodízio de água em São Paulo, pelo menos neste ano, e o considerou uma "hipótese remota". “Na situação hídrica atual, a possibilidade de rodízio está evitada. Não vamos ter rodízio”, disse o engenheiro civil. Kelman reafirmou várias vezes durante seu depoimento na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara Municipal para apurar os contratos da Sabesp com a Prefeitura na pior crise hídrica já atravessada por São Paulo.

O presidente, no entanto, manteve as condições que são necessárias para evitar um rodízio drástico na cidade: que a população continue economizando água como até agora (cerca de 30% com relação ao ano passado) e que as obras emergenciais, previstas para aumentar o aporte de água à área originalmente servida pelo Sistema Cantareira, fiquem prontas dentro do cronograma.

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Embora a principal dessas obras, a ligação do Sistema Rio Grande para socorrer o Sistema Alto Tietê, já esteja atrasada em três meses e só deva ficar pronta em setembro, Kelman garantiu que entrará em operação em tempo. Questionado sobre a possibilidade de um segundo atraso, mesmo que de apenas mais um mês, o engenheiro respondeu irritado: “Bem, se tiver um terremoto em São Paulo, as coisas vão ficar graves. Não há nenhuma razão para achar que vai ter um terremoto e não há nenhuma razão para achar que vai haver um novo atraso e ficar preocupados com isso”.

A hipóteses do rodízio de água voltou à tona após o EL PAÍS e o Estado de S. Paulo terem divulgado na semana passada o rascunho do plano de emergência que o Governo e Sabesp preparam para lidar com um possível agravamento da crise hídrica. Nos documentos, a própria Secretária de Recursos Hídricos contempla, no pior dos cenários, um rodízio de cinco dias sem água por dois com, e fica evidente a dificuldade da Sabesp em garantir o fornecimento em todos os locais de máximo interesse social, 1.578 locais entre hospitais, pronto-socorros, grandes clínicas de hemodiálise, presídios e centros de detenção.

O governador Geraldo Alckmin negou o rodízio de água no dia seguinte, embora nesta segunda-feira, em Washington, onde conseguiu financiamento de 156 milhões de reais do Banco Mundial para aumentar a produção de água e o saneamento básico, foi mais prudente: “Nós devemos ser sempre cautelosos, trabalhar muito e prometer menos”.

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