Presidente da Sabesp considera rodízio de água “hipótese remota”
Segundo Jerson Kelman, o cenário não vai piorar se as obras emergências ficam prontas
O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, negou de todas as maneiras que seja necessária a implementação de um rodízio de água em São Paulo, pelo menos neste ano, e o considerou uma "hipótese remota". “Na situação hídrica atual, a possibilidade de rodízio está evitada. Não vamos ter rodízio”, disse o engenheiro civil. Kelman reafirmou várias vezes durante seu depoimento na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara Municipal para apurar os contratos da Sabesp com a Prefeitura na pior crise hídrica já atravessada por São Paulo.
O presidente, no entanto, manteve as condições que são necessárias para evitar um rodízio drástico na cidade: que a população continue economizando água como até agora (cerca de 30% com relação ao ano passado) e que as obras emergenciais, previstas para aumentar o aporte de água à área originalmente servida pelo Sistema Cantareira, fiquem prontas dentro do cronograma.
Embora a principal dessas obras, a ligação do Sistema Rio Grande para socorrer o Sistema Alto Tietê, já esteja atrasada em três meses e só deva ficar pronta em setembro, Kelman garantiu que entrará em operação em tempo. Questionado sobre a possibilidade de um segundo atraso, mesmo que de apenas mais um mês, o engenheiro respondeu irritado: “Bem, se tiver um terremoto em São Paulo, as coisas vão ficar graves. Não há nenhuma razão para achar que vai ter um terremoto e não há nenhuma razão para achar que vai haver um novo atraso e ficar preocupados com isso”.
A hipóteses do rodízio de água voltou à tona após o EL PAÍS e o Estado de S. Paulo terem divulgado na semana passada o rascunho do plano de emergência que o Governo e Sabesp preparam para lidar com um possível agravamento da crise hídrica. Nos documentos, a própria Secretária de Recursos Hídricos contempla, no pior dos cenários, um rodízio de cinco dias sem água por dois com, e fica evidente a dificuldade da Sabesp em garantir o fornecimento em todos os locais de máximo interesse social, 1.578 locais entre hospitais, pronto-socorros, grandes clínicas de hemodiálise, presídios e centros de detenção.
O governador Geraldo Alckmin negou o rodízio de água no dia seguinte, embora nesta segunda-feira, em Washington, onde conseguiu financiamento de 156 milhões de reais do Banco Mundial para aumentar a produção de água e o saneamento básico, foi mais prudente: “Nós devemos ser sempre cautelosos, trabalhar muito e prometer menos”.
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